terça-feira, 9 de setembro de 2014

Educação Contemporânea



Educação Contemporânea

Educação
É um processo pelo qual a sociedade forma seus valores, membros, imagem em função dos seus interesses. (GOLIAS, 1993)
Educação é toda influência que o ser humano recebe do meio ambiente, durante a sua existência no sentido, de se adaptar as normas, valores sociais vigentes e aceites. (CHIAVENATO)
No século XX surgiram vários movimentos, experiências e teorias educacionais destinadas a renovar os métodos da escola tradicional. Assim, a herança dos conhecimentos pedagógicos do século XIX permitiu que se chegasse no século XX a um conceito bem mais pragmático da educação.

A Nova Escola e a Escola Ativa
A chamada "escola nova" abarcou várias correntes pedagógicas. Reagindo contra a organização tradicional do ensino em compartimentos estanques, o médico e educador belga Ovide Decroly criou o método globalizador, que se concentrava no princípio do interesse da criança. Já o francês Célestin Freinet valorizou o ensino baseado em métodos ativos e no trabalho de equipe como meio de formação do educando, centralizando as atividades escolares em torno do uso da imprensa na escola.
A partir do princípio de que o ensino simultâneo não levava em conta as diversas aptidões e tipos de inteligência dos alunos, procurou-se estabelecer a "diferenciação pedagógica" em graus e ciclos sucessivos, da qual já se havia cogitado anteriormente. Nesse sentido, o psicólogo suíço Edouard Claparède, que deu a seu método a denominação de "educação funcional", criou o "sistema de grupos móveis". Desse sistema, a pedagogia passou à individualização do aprendizado, no que sobressaiu o trabalho da italiana Maria Montessori, baseado no princípio da auto-educação. Na América Latina, Lorenzo Luzuriaga, Lourenço Filho e Anísio Teixeira foram os grandes pedagogos da escola ativa.

Educação em Liberdade
O inglês Alexander S. Neill, em sua escola de Summerhill, pôs em prática a educação em liberdade. Aboliu a hierarquia professor-aluno e, portanto, a relação de autoridade na experiência pedagógica, encaminhando a criança à auto-educação, de acordo com seu ritmo individual de desenvolvimento.
O suíço Jean Piaget destacou-se entre os educadores que preconizaram o respeito à liberdade e à individualidade da criança, defendendo um sistema educativo menos diretivo, menos autoritário e uniforme. Piaget procurou demonstrar que a educação devia ajustar-se às leis e etapas do desenvolvimento psicológico da criança.

Educação Socialista
Só no século XX foi elaborada uma doutrina marxista para a educação. A maior figura da pedagogia marxista foi o soviético Anton Semenovitch Makarenko, que criou as "escolas da comunidade". Outros pensadores de orientação marxista, como o francês Louis Althusser, analisaram o papel da escola tradicional que, ao inculcar no educando o sistema de valores das classes sociais dominantes, seria responsável pela perpetuação das desigualdades sociais.
Na União Soviética, após a morte de Stalin, em 1953, as mudanças na política oficial afetaram diretamente a escola. A idéia central passou a ser o estreitamento dos laços entre a escola e a vida, em todos os níveis. Reviveu a idéia da educação politécnica, mas no sentido de preparar estudantes secundários para o trabalho especializado na indústria e na agricultura. Essa orientação, que vigorou no período do governo de Nikita Khrutchev, foi substituída por uma política de universalização da educação secundária, com ênfase na criação de escolas secundárias técnicas. No entanto, os ganhos quantitativos dessa política não tiveram correspondência na melhoria da qualidade de ensino.
Na China, desde a revolução comunista até à morte de Mao Zedong (Mao Tsé-tung), em 1976, a educação teve como tônica a doutrinação ideológica em todos os campos e níveis, que ocupou, por lei, dez por cento do currículo escolar. O novo governo deslocou a ênfase para a modernização, principal bandeira do regime pós-Mao. Todo o esforço educacional passou a ser dirigido no sentido das "quatro modernizações" (indústria, agricultura, defesa nacional e ciência e tecnologia).

Educação Liberadora
Para o brasileiro Paulo Freire o objetivo da educação deveria ser a liberação do oprimido, que lhe daria meios de transformar a realidade social a sua volta mediante a "conscientização" (conhecimento crítico do mundo). No período 1958-1964 no Brasil e depois de 1964 no Chile, Paulo Freire pôs em prática, com bons resultados, seu método de alfabetização de adultos. A eficácia e a validade do método estribam-se no fato de partir da realidade do alfabetizando, do seu universo, do valor pragmático das coisas e fatos de sua vida cotidiana, de suas situações existenciais. Obedece às normas metodológicas e lingüísticas, mas vai além delas, ao desafiar o homem ou a mulher que se alfabetizam a se apropriarem do código escrito com vistas a sua politização. O trabalho de Paulo Freire pode ser visto não apenas como um método de alfabetização, mas como um processo de conscientização, por levar em conta a natureza política da educação.

Ciências da Educação

Filosofia da educação
No Ocidente, graças ao advento da pesquisa filosófica como saber autônomo, independente da religião e da moral religiosa, a teoria da educação tornou-se disciplina autônoma, ligada à evolução do pensamento filosófico. A filosofia da educação investiga os fins, o significado último da educação. Trata-se de um saber especulativo, distinto das preocupações predominantemente práticas da pedagogia. Toda filosofia da educação, a rigor, opera na órbita da antropologia filosófica, da ética e da teoria dos valores.

Educação comparada
Define-se como educação comparada o estudo dos sistemas educacionais peculiares a cada cultura. A educação comparada pode contribuir para o planejamento da educação no futuro (educação prospectiva), oferecendo soluções aos problemas de cada país, obtidas como resultado das experiências realizadas em outras nações.
Realizam-se periodicamente congressos mundiais de educação comparada e existem organismos internacionais que se ocupam desse tema, como a UNESCO, o Conselho Mundial de Educação Comparada (com sede em Genebra) e o departamento de educação da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Biologia da educação
As características físicas do educando, os fatores hereditários, a importância dos hábitos alimentares no desenvolvimento e rendimento do organismo, as anormalidades anatômicas e fisiológicas etc. são aspectos de indiscutível importância para a educação. A biologia da educação estuda os fatores naturais do processo educativo, as condições físicas em que pode exercer-se a ação pedagógica e os efeitos dessa influência sobre a estrutura biológica do ser humano.

Economia da educação
Os recursos econômicos de que cada país dispõe têm influência decisiva na eficácia de seus sistemas educacionais. O estudo da economia aplicada à educação é fundamental para determinar tanto as possibilidades de realização dos programas educacionais como os procedimentos adequados para a obtenção de maior aproveitamento dos recursos disponíveis, para que seja possível estabelecer com segurança metas e prioridades educacionais.
Cabe às autoridades responsáveis pela educação experimentar novos planos de formação, de modo a obter melhores resultados nos programas educacionais; estudar a distribuição geográfica e o aproveitamento das instalações escolares; e prever as necessidades futuras do setor da educação, levando em conta o desenvolvimento socioeconômico.

Psicologia da educação
Como ciência que estuda o comportamento humano, a psicologia proporciona os conhecimentos necessários sobre o educando, o educador e o relacionamento interpessoal na educação. A psicologia da educação aborda a aprendizagem e os aspectos intelectuais, afetivos e sociais do processo educacional. O conhecimento desses aspectos é imprescindível para uma educação verdadeiramente eficaz.

Sociologia da educação
O estudo da educação como processo social, tanto em referência às atividades dos indivíduos como às das instituições, constitui o objeto da sociologia da educação. A relação entre professores e alunos e dos alunos entre si e as características das diversas comunidades que atuam na educação (família, escola, grupos juvenis etc.) são alguns dos aspectos sociais da educação. Os meios de comunicação, os partidos políticos e demais organizações da sociedade, com suas ideologias e concepções diversas acerca do progresso social, exercem igualmente importante influência na educação.

Didática
Como ciência da educação, a didática estuda os métodos de aprendizagem e experimenta novas técnicas de ensino, com base, principalmente, na biologia, sociologia e psicologia. Reúne e coordena todos os resultados da ciência pedagógica, recomendando princípios, técnicas e procedimentos mais eficientes, aplicáveis a todas as disciplinas e graus de ensino.

Educação em Roma
Quando os romanos conquistaram a Grécia, já encontraram um sistema educacional decadente. No início da república, a educação romana era ministrada na família e na vida social. O pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era publicamente censurado quando fracassava no ensino dos preceitos morais, cívicos e religiosos. Ainda não havia escolas, mas o jovem aprendia a reverenciar os deuses, a ler e a conhecer as leis do país.
Com a importação da cultura grega, a literatura helênica tornou-se o principal instrumento de educação. Surgiram as escolas de gramática, mais tarde suplementadas pelas de retórica e filosofia. Estas ofereciam meios de cultura mais elevados a quem não podia estudar em Atenas e Alexandria. No império, as escolas de retórica foram organizadas pelo sistema estatal. A concepção da cultura retórica é mostrada por Quintiliano, no ano 95 da era cristã, em sua Instituto oratória (Instituição oratória), o mais sistemático tratado de educação do mundo antigo. Para ele, o orador deveria ser a síntese do homem culto, sábio e honrado. Com o advento da autocracia, que logo descambou para a tirania do império, a retórica deixou de representar uma preparação para a vida. As condições da sociedade não admitiam mais tal tipo de educação. Os costumes se corromperam e renasceu o paganismo. Nessas circunstâncias históricas surgiu o cristianismo, que trouxe um renovado sopro de vida.
A atitude geral dos cristãos para com a educação tradicional evidenciou-se no protesto contra o édito de Juliano que os proibiu de ensinar nas escolas públicas. Estabeleceu-se um conflito: enquanto a educação pagã consistia numa ética individualista e orgulhosa, a cristã exaltava a humildade como uma das mais elevadas virtudes e considerava o orgulho um pecado mortal. Para o cristianismo, o estado supremo era o êxtase amoroso da contemplação mística de Deus. A vida monástica passou a ser vista como ideal cristão. Tais concepções, seguidas por várias gerações, reduziram o valor da cultura clássica, que já na época de são Gregório o Grande, entre 590 e 604, estava superado como meio de educação.
Durante todos esses séculos, a gradual penetração dos bárbaros no Império Romano ajudou a desintegrar a cultura, e muitas escolas públicas desapareceram. Embora os bárbaros absorvessem parcialmente a velha cultura, imperou a obscuridade intelectual. Logrou-se apenas preservar parte da herança do passado, na obra de filósofos como Boécio, Cassiodoro e Isidoro.

Educação na Grécia
Na Grécia antiga, dada a supremacia do estado, a educação visava preparar os jovens para as relações com a cidade-estado. Cada estado tinha suas características e os sistemas educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente a juventude. Daí decorrem as concepções de Platão e de Aristóteles, de uma educação uniforme, regulamentada em seus mínimos detalhes pela autoridade estatal e compulsória para todos os homens livres. Platão, na República e nas Leis, mostra a que extremo pode chegar a educação quando extrapola os aspectos essenciais da vida. O cidadão-guarda do estado ideal não tem direito à vida doméstica e aos laços familiares. Aristóteles não chega a esse exagero, mas considera a educação familiar prejudicial à criança.
O sistema educacional que mais se aproximou dessa concepção foi o adotado por Esparta, onde os jovens eram preparados sob a supervisão direta do estado, numa espécie de acampamento militar: os rapazes tornavam-se guerreiros, e as moças preparavam-se para se tornarem mães de futuros guerreiros. Em Atenas havia leis que dispunham sobre a frequência às escolas dos filhos dos cidadãos livres, e os estabelecimentos de ensino eram regulamentados por legislação especial.

Os instrumentos de educação mais em harmonia com a concepção e a cultura gregas eram a música e a cultura literária e artística nacionais, para desenvolver o espírito de lealdade à pátria; e a ginástica para o corpo. Esta era individual, e só indiretamente visava estreitar os laços sociais. À medida que a cultura ateniense avançava, os estudos de natureza intelectual assumiam maior importância e a educação física entrava em decadência. Essa tendência provocou críticas, segundo as quais os jovens efeminavam-se pelo excesso de conforto. Mas uma força desintegradora, a que inutilmente se opuseram Platão e Aristóteles, já comprometera o sistema educacional: a retórica dos sofistas.

Na cidade-estado democrática, o orador facilmente se tornava um demagogo, pois a oratória abria caminho à ambição pessoal, e induzia os jovens às escolas dos sofistas. As relações cada vez mais estreitas entre os estados gregos aproximaram os ideais cívicos e trouxeram uma concepção mais cosmopolita da educação. O processo completou-se com a perda da independência das cidades-estado, sob domínio macedônico.
A universidade de Atenas, por exemplo, foi o resultado de uma fusão das escolas filosóficas privadas com a organização estatal para a educação dos rapazes. Existiram outros centros de alta cultura, sobretudo em Alexandria, onde o contato do pensamento grego com as religiões e filosofias do Egito originou as filosofias místicas, que culminaram no neoplatonismo. Em Atenas, a educação transformou-se numa retórica vazia, até que a universidade foi fechada por Justiniano, no ano 529.

Educação na Idade Média
O currículo medieval compreendia, no aspecto secular, as sete artes liberais - o trivium (gramática, dialética e retórica) e o quadrivium (geometria, aritmética, música e astronomia) e a filosofia; e no dogmático, as doutrinas da igreja e das escrituras. A teologia ainda não fora organizada num sistema filosófico, e essa foi a grande obra da Idade Média. As artes liberais representavam um legado da velha educação romana, e seu escopo era mais amplo do que sugerem seus nomes na modernidade. A gramática incluía o estudo do conteúdo e da forma literárias; a dialética restringia-se à lógica formal; a retórica compreendia o estudo das leis e dos métodos de composição literária em prosa e verso. A geometria correspondia ao que se compreende modernamente por geografia, história natural e botânica. A aritmética consistia apenas em cálculos práticos exigidos pela vida cotidiana. A música não passava de um conjunto de regras relativas a canções sacras, teoria do som e conexões entre a harmonia e os números. No campo da filosofia, os livros mais divulgados foram o De consolatione philosophiae (Sobre a consolação da filosofia) e as Categoriae e 
De interpretatione, de Aristóteles.
No século XI, após várias guerras e invasões, a Europa teve estabilidade política e social. Surgiu nova tradução da Metafísica, de Aristóteles, e no século XIII, versões de suas principais obras, diretamente do grego. A filosofia peripatética pôs-se a serviço da teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor educacional.
As figuras mais representativas desse período foram Abelardo e santo Tomás de Aquino. Este, na Summa theologica, sistematizou toda a doutrina da igreja. O interesse humano voltou-se sobretudo para os problemas espirituais, e a autoridade eclesiástica em matéria de crença tornou-se inquestionável. O conteúdo da educação escolástica esteve em harmonia com os interesses intelectuais da época. Sua maior contribuição foi promover a fundação de universidades na Europa. A introdução de estudos derivados do grego propiciou uma crescente liberdade de ensino.

O esquema de instrução era estruturado de modo que os estudos especiais baseavam-se em ampla cultura geral. Das quatro faculdades que compunham a universidade, a de artes funcionava como preliminar às de teologia, direito e medicina. Os métodos de instrução fundamentavam-se na leitura ou comentário de textos e na emulação, pela qual os estudantes se adestravam no uso dos conhecimentos absorvidos. Essa evolução do ensino superior foi acompanhada pelo aumento do número de escolas elementares.
Além do ensino espiritual, o sistema social da época mantinha um tipo de educação própria da classe feudal, que consistia na preparação de pajens e senhores na arte da cavalaria. Tal educação não se opunha à religião, pois a cavalaria era santificada pelos clérigos. Seu objetivo era tornar os jovens da classe nobre dignos da admiração dos servos, justos, sábios e prudentes no trato das coisas do estado.
A unificação dos conhecimentos existentes e a sistematização da teologia completaram a obra dos escolásticos. As manifestações do sentimento nacional, no entanto, minaram lentamente o sistema feudal. Generalizou-se o desejo por novos estilos de vida. A educação européia, ameaçada de se transformar em retórica vazia, foi salva pelo renascimento dos estudos clássicos, iniciados ainda nas primeiras décadas do século XIV.

Educação em uma Sociedade sem Escolas
O austríaco Ivan Illich, que passou a trabalhar no México a partir de 1962, propôs a desescolarização da sociedade. Segundo ele, a maior parte dos conhecimentos úteis se aprendiam fora da escola, em contato com as realidades familiares, sociopolíticas e culturais. Abolido o "monopólio" dispendioso e irracional do ensino público, deveria ser instalado um sistema educativo capaz de assegurar simplesmente a quantos desejassem instruir-se, em qualquer assunto, o acesso aos conhecimentos adequados. De "funil" seletivo e autoritário, o sistema educacional passaria a ser uma igualitária "rede de intercâmbio" entre espíritos curiosos, libertos de toda autoridade docente. Só uma renovação total das instituições educativas, segundo Illich, propiciaria a esperada mudança social.

Educação Permanente
Em 1965 a UNESCO passou a usar o termo "educação permanente" para designar a educação contínua, planejada para cobrir todo o ciclo da existência humana. Diferencia-se do conceito tradicional de educação, dado que este sempre se compreendeu como processo de integração social e cultural a consumar-se durante parte da vida, ou seja, durante o transcurso da infância e da adolescência. A educação permanente constitui, portanto, um conceito novo, uma tendência da educação contemporânea, e não um ramo especial da educação. Figura ao lado de outros que o complementam, oferecendo-lhe meios de realização, como por exemplo, o de educação extra-escolar ou paralela. Esta engloba todas as formas assistemáticas de educação, como: educação de rua, educação familiar, educação de grupos etc. Atinge, assim, a sociedade inteira.
Os jovens podem ampliar sua formação cultural e profissional com programas especiais desenvolvidos pelos centros docentes. A formação de adultos pode variar desde a necessidade de alfabetização até os cursos de reciclagem profissional. A educação permanente de adultos tende a apoiar-se no desenvolvimento de sistemas de auto-aprendizagem e nos métodos de treinamento para a formação ou reciclagem de profissionais que devem adaptar-se às mudanças de uma sociedade submetida a constantes avanços científicos e tecnológicos.

Educação e Tecnologia
Todas as correntes citadas abordaram, sob ângulos diversos, os problemas gerados pelo desenvolvimento tecnológico no âmbito da educação. As novas situações criadas pela sociedade pós-industrial, o avanço contínuo da informática e dos meios de comunicação e a complexidade crescente dos novos conhecimentos e técnicas acentuaram o conflito entre dois tipos de orientação educacional: a educação científica e a humanista. Além disso, a desigualdade econômica entre as nações industrializadas e os países subdesenvolvidos constituiu um obstáculo a um planejamento global da educação, que sempre foi reflexo das condições socioeconômicas.
Todavia, a educação no século XX procurou assumir um caráter internacional. Em 1919, surgiu o Bureau International des Écoles Nouvelles (Escritório Internacional das Escolas Novas). Expandiram-se os centros de estudos de âmbito internacional; sucederam-se os congressos, assembléias e simpósios sobre educação; lançaram-se várias publicações especializadas na matéria.
No século XX, entre as organizações internacionais existentes, destacaram-se duas: o Bureau International d'Éducation (Escritório Internacional de Educação), em Genebra, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), fundada em 1946, voltada para educação, ciências exatas e naturais, ciências sociais, atividades culturais, assistência técnica, intercâmbio de pessoas e informação. A UNESCO procurou dar ênfase à luta contra o analfabetismo, à educação dos adultos, bem como à "educação permanente", já que as mudanças se processavam com grande rapidez, exigindo, portanto, uma constante atualização de métodos e programas educacionais.

Educação na Idade Média
O currículo medieval compreendia, no aspecto secular, as sete artes liberais - o trivium (gramática, dialética e retórica) e o quadrivium (geometria, aritmética, música e astronomia) e a filosofia; e no dogmático, as doutrinas da igreja e das escrituras. A teologia ainda não fora organizada num sistema filosófico, e essa foi a grande obra da Idade Média. As artes liberais representavam um legado da velha educação romana, e seu escopo era mais amplo do que sugerem seus nomes na modernidade. A gramática incluía o estudo do conteúdo e da forma literárias; a dialética restringia-se à lógica formal; a retórica compreendia o estudo das leis e dos métodos de composição literária em prosa e verso. A geometria correspondia ao que se compreende modernamente por geografia, história natural e botânica. A aritmética consistia apenas em cálculos práticos exigidos pela vida cotidiana. A música não passava de um conjunto de regras relativas a canções sacras, teoria do som e conexões entre a harmonia e os números. No campo da filosofia, os livros mais divulgados foram o De consolatione philosophiae (Sobre a consolação da filosofia) e as Categoriae e De interpretatione, de Aristóteles.
No século XI, após várias guerras e invasões, a Europa teve estabilidade política e social. Surgiu nova tradução da Metafísica, de Aristóteles, e no século XIII, versões de suas principais obras, diretamente do grego. A filosofia peripatética pôs-se a serviço da teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor educacional.
As figuras mais representativas desse período foram Abelardo e santo Tomás de Aquino. Este, na Summa theologica, sistematizou toda a doutrina da igreja. O interesse humano voltou-se sobretudo para os problemas espirituais, e a autoridade eclesiástica em matéria de crença tornou-se inquestionável. O conteúdo da educação escolástica esteve em harmonia com os interesses intelectuais da época. Sua maior contribuição foi promover a fundação de universidades na Europa. A introdução de estudos derivados do grego propiciou uma crescente liberdade de ensino.
O esquema de instrução era estruturado de modo que os estudos especiais baseavam-se em ampla cultura geral. Das quatro faculdades que compunham a universidade, a de artes funcionava como preliminar às de teologia, direito e medicina. Os métodos de instrução fundamentavam-se na leitura ou comentário de textos e na emulação, pela qual os estudantes se adestravam no uso dos conhecimentos absorvidos. Essa evolução do ensino superior foi acompanhada pelo aumento do número de escolas elementares.
Além do ensino espiritual, o sistema social da época mantinha um tipo de educação própria da classe feudal, que consistia na preparação de pajens e senhores na arte da cavalaria. Tal educação não se opunha à religião, pois a cavalaria era santificada pelos clérigos. Seu objetivo era tornar os jovens da classe nobre dignos da admiração dos servos, justos, sábios e prudentes no trato das coisas do estado.
A unificação dos conhecimentos existentes e a sistematização da teologia completaram a obra dos escolásticos. As manifestações do sentimento nacional, no entanto, minaram lentamente o sistema feudal. Generalizou-se o desejo por novos estilos de vida. A educação européia, ameaçada de se transformar em retórica vazia, foi salva pelo renascimento dos estudos clássicos, iniciados ainda nas primeiras décadas do século XIV.

Educação no Humanismo
Desde o século XI as cidades do norte da Itália apresentavam maior progresso material e cultural que o resto da Europa. O espírito clássico, na verdade, nunca morrera. A Divina comédia, de Dante, demonstrou que o poeta escolástico era também um estudioso dos clássicos latinos. O grande impulso para o retorno aos clássicos foi dado por Petrarca e Boccaccio. O movimento, iniciado na Universidade de Florença, logo se espalhou a outros países; mas as ricas comunas italianas permaneceram como centros de irradiação da cultura.
O serviço mais valioso prestado pelos humanistas peninsulares foi abrir caminho para a instauração de uma atmosfera intelectual mais livre. Mas o espírito do movimento reside na oposição à autoridade e na afirmação da liberdade individual, que se manifestou de várias formas. Na Itália, refletiu-se nas artes e na literatura, em que o paganismo substituiu o cunho moral ou religioso. Na Alemanha, surgiu em forma de reação contra o sistema doutrinário da igreja, e único meio de abolir os abusos eclesiásticos. Nesse sentido, a Reforma protestante de Lutero foi a manifestação do movimento renascentista alemão.

A princípio, o interesse pelo estudo da literatura clássica não deixou transparecer qualquer antagonismo com a fé católica, e muitos de seus mais calorosos partidários professavam o catolicismo. Muitas escolas realizaram versões cristianizadas de Quintiliano e Plutarco. Alguns humanistas, como Nicolau de Cusa, Alexander Hegius e Jakob Wimpheling, na Alemanha; Erasmo, na Holanda; William Grocyn, Thomas More e John Fisher, na Inglaterra, buscaram difundir o estudo clássico junto com o ensinamento religioso.

Quando a Reforma religiosa de Lutero dividiu toda a Europa em dois campos antagônicos, a maioria das escolas e muitas universidades aceitavam com certa frieza os estudos humanistas. Os efeitos imediatos da controvérsia religiosa sobre a educação foram desastrosos. Em muitos casos, a secularização da propriedade eclesiástica absorveu as dotações das escolas e provocou o desaparecimento de muitas delas. As discussões teológicas invadiram a universidade e seguiu-se um período de decadência cultural e de dissolução dos costumes. Houve tentativas de restauração, entre elas a iniciada pelo teólogo e educador alemão Philipp Melanchton, que fundou e reorganizou numerosas escolas na Alemanha.

Nos países católicos, a igreja reteve o controle da educação. A supressão dos abusos eclesiásticos pelo Concílio de Trento e a energia da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loiola, recuperaram para a igreja a maior parte do sul da Alemanha. As universidades eram dirigidas por padres, e o escolasticismo, expurgado dos exageros, foi restaurado. Os métodos de ensino da Companhia de Jesus e seu currículo clássico, elaborado com grande habilidade, ganharam fama.

Educação no Renascimento
O final do século XVII presenciou um verdadeiro renascimento da vida universitária em Cambridge, sobretudo através da obra de Isaac Newton e da crescente atenção dedicada às ciências físicas e às matemáticas, ainda que o número de estudantes continuasse bastante reduzido. Também na Alemanha inaugurou-se nova era para a educação com a fundação das universidades de Halle, em 1694, e de Göttingen, em 1737, nas quais se combateu a velha concepção de que a função da universidade era transmitir conhecimentos completos, o que proporcionou o advento de uma nova cultura, atraiu numerosos estudantes e espalhou sua influência para outras universidades alemãs.
Em Halle iniciou-se um movimento em favor da educação dos filhos dos pobres. Campanhas do mesmo estilo foram realizadas na França e na Inglaterra. Os resultados, porém, não foram compensadores: as amplas massas do povo permaneceram, em toda a Europa, afastadas da cultura.

Educação no Humanismo
Desde o século XI as cidades do norte da Itália apresentavam maior progresso material e cultural que o resto da Europa. O espírito clássico, na verdade, nunca morrera. A Divina comédia, de Dante, demonstrou que o poeta escolástico era também um estudioso dos clássicos latinos. O grande impulso para o retorno aos clássicos foi dado por Petrarca e Boccaccio. O movimento, iniciado na Universidade de Florença, logo se espalhou a outros países; mas as ricas comunas italianas permaneceram como centros de irradiação da cultura.
O serviço mais valioso prestado pelos humanistas peninsulares foi abrir caminho para a instauração de uma atmosfera intelectual mais livre. Mas o espírito do movimento reside na oposição à autoridade e na afirmação da liberdade individual, que se manifestou de várias formas. Na Itália, refletiu-se nas artes e na literatura, em que o paganismo substituiu o cunho moral ou religioso. Na Alemanha, surgiu em forma de reação contra o sistema doutrinário da igreja, e único meio de abolir os abusos eclesiásticos. Nesse sentido, a Reforma protestante de Lutero foi a manifestação do movimento renascentista alemão.
A princípio, o interesse pelo estudo da literatura clássica não deixou transparecer qualquer antagonismo com a fé católica, e muitos de seus mais calorosos partidários professavam o catolicismo. Muitas escolas realizaram versões cristianizadas de Quintiliano e Plutarco. Alguns humanistas, como Nicolau de Cusa, Alexander Hegius e Jakob Wimpheling, na Alemanha; Erasmo, na Holanda; William Grocyn, Thomas More e John Fisher, na Inglaterra, buscaram difundir o estudo clássico junto com o ensinamento religioso.

Quando a Reforma religiosa de Lutero dividiu toda a Europa em dois campos antagônicos, a maioria das escolas e muitas universidades aceitavam com certa frieza os estudos humanistas. Os efeitos imediatos da controvérsia religiosa sobre a educação foram desastrosos. Em muitos casos, a secularização da propriedade eclesiástica absorveu as dotações das escolas e provocou o desaparecimento de muitas delas. As discussões teológicas invadiram a universidade e seguiu-se um período de decadência cultural e de dissolução dos costumes. Houve tentativas de restauração, entre elas a iniciada pelo teólogo e educador alemão Philipp Melanchton, que fundou e reorganizou numerosas escolas na Alemanha.

Nos países católicos, a igreja reteve o controle da educação. A supressão dos abusos eclesiásticos pelo Concílio de Trento e a energia da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loiola, recuperaram para a igreja a maior parte do sul da Alemanha. As universidades eram dirigidas por padres, e o escolasticismo, expurgado dos exageros, foi restaurado. Os métodos de ensino da Companhia de Jesus e seu currículo clássico, elaborado com grande habilidade, ganharam fama.

Educação nos Séculos XVIII e XIX
Os movimentos intelectuais do século XVIII foram de caráter marcadamente aristocrático. Na França, Voltaire e os enciclopedistas defendiam a idéia de que a educação devia ser reservada a um grupo restrito. Tais concepções individualistas não deixaram de exercer influência sobre as classes cultas. Voltado contra o artificialismo e a superficialidade da educação clássica, Jean-Jacques Rousseau conclamou a um retorno às coisas da natureza. Suas idéias não representavam uma simples revolta transitória contra o convencionalismo reinante, mas a expressão exata de um novo estilo de vida e de uma nova educação, que influenciaram profundamente a Europa. O seu Émile representou uma verdadeira declaração de direitos da infância. 
Entretanto, sua insistência na eficácia da natureza, evidenciada na teoria de que o homem nasce bom e capaz de encontrar a felicidade, se entregue a seus próprios instintos, mostrou-se muito unilateral.
Kant insurgiu-se contra tais idéias: para ele, o elemento essencial da educação era a coerção, que pela formação dos hábitos preparava o jovem para receber como princípios de conduta as leis impostas de fora. Segundo Kant, o supremo guia da vida é a lei do dever, que sempre se opõe aos impulsos da inclinação.

A revolução francesa foi a segunda fase do movimento iniciado com a Reforma. Reafirmou a preponderância dos direitos naturais, de que derivou o direito que tem toda criança de ser adequadamente preparada para a vida. O reconhecimento desse direito teve como conseqüência a criação de um sistema nacional de educação, que é a característica fundamental da história da educação da maioria dos países no século XIX.
O educador suíço Johann H. Pestalozzi foi o primeiro a defender a generalização da instrução, e a Prússia a primeira nação a pôr tais idéias em prática. Na França e no Reino Unido, só nas duas últimas décadas do século XIX o estado demonstrou interesse pela educação das classes pobres.
O sistema de instrução pública se impôs em quase toda a Europa ocidental e nos Estados Unidos, e também estendeu-se às mulheres, que até então se achavam excluídas dos programas educacionais. Entre as causas de tais modificações destacou-se a convicção de que, com a crescente distribuição do poder político, o estado tinha o direito de exigir um mínimo de conhecimento de cada cidadão.

Educação no Brasil
Período colonial
A história da educação no Brasil iniciou-se com a chegada dos padres jesuítas em 1549. Visando à propagação da fé, lançaram as bases de um vasto sistema educacional, que se desenvolveu progressivamente com a expansão territorial da colônia. Agindo com rapidez, estabeleceram-se no litoral e daí penetraram nas aldeias indígenas, fundando conventos e colégios. Por dois séculos, foram os principais educadores do Brasil, ao lado de outras ordens religiosas que também mantiveram escolas, como a dos franciscanos.
Nas escolas elementares, base do sistema colonial de educação, que funcionavam onde quer que existisse um convento, os índios aprendiam a ler, escrever, contar e a falar o português. Nelas também eram instruídos os filhos dos colonos. A cultura dos nativos foi, pouco a pouco, substituída pelas idéias dos jesuítas. Desse ponto de vista, os missionários atuaram como elementos desintegradores das culturas não-européias.
Na família patriarcal, a única força que se opunha à ação educadora dos jesuítas era a dos senhores de engenho, cuja autoridade se exercia não somente sobre os escravos como sobre suas esposas e filhos. Esse estado de submissão facilitava o trabalho dos jesuítas, que também procuravam submetê-los à autoridade da igreja. A família patriarcal seguia, assim, as tradições portuguesas.
Humanistas por excelência, os jesuítas procuravam transmitir aos discípulos o gosto pelas atividades literárias e acadêmicas, de acordo com a concepção de "homem culto" vigente em Portugal. A falta de interesse pelas atividades técnicas e científicas marcou a educação colonial, por sua vez moldada pela da metrópole. Principiando pelas escolas de leitura e escrita, não pararam aí os jesuítas, nem mesmo no primeiro século, pois já havia, então, cursos de humanidades em seus colégios do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os colégios que exerceram maior influência foram os de Todos os Santos, na Bahia, no qual Antônio Vieira foi educado, e o de São Sebastião, no Rio de Janeiro. Ambos apresentavam o sistema educacional jesuíta em sua forma mais completa, desde o curso de humanidades até o de teologia e ciências. Eram os centros, por excelência, de formação dos líderes religiosos.
No sistema de ensino dos jesuítas, ao curso de humanidades seguia-se o de artes (filosofia e ciência). Os cursos que preparavam para as profissões liberais só existiam na Europa, e os estudantes brasileiros procuravam geralmente a Universidade de Coimbra, famosa pelos cursos de ciências jurídicas e teológicas, e que teve, por isso, grande importância na formação da elite cultural brasileira.
Educação ao tempo de D. João VI. Desde a expulsão dos jesuítas em 1759 até a transferência da corte portuguesa para o Brasil, a educação da colônia passou por um período de desagregação e decadência. A chegada do príncipe regente, D. João, modificou a política educacional que o governo luso adotava em relação ao Brasil. A fundação de várias instituições culturais deu novo impulso à educação: a Imprensa Régia, a Biblioteca Nacional e um museu, e, sobretudo, as escolas de ensino superior, a Escola Naval, a Escola Militar, cursos de medicina no Rio de Janeiro e na Bahia, e nesta última cursos de agricultura, química e desenho técnico. Essas escolas rompiam com a tradição de ensino excessivamente literário, vigente na época dos jesuítas. Ficaram, porém, circunscritas quase exclusivamente ao Rio de Janeiro e à Bahia. O resto da colônia continuava mergulhado no mesmo atraso. Esse período foi um dos mais importantes na evolução cultural do Brasil, pois nele foram lançadas as bases de notáveis instituições culturais.

Império
Com a proclamação da independência e a fundação do império em 1822, surgiram novas idéias pedagógicas. Tentou-se organizar um sistema educacional popular e gratuito: uma lei de 1827 estabelecia que se criassem escolas primárias em todas as cidades, vilas e povoados, e escolas secundárias nas cidades e nas vilas mais populosas. Essa lei, porém, não foi muito eficiente na prática, sobretudo pela falta de especialistas para planejar e executar tal sistema. Quanto à educação superior, cabe destacar, nessa época, a criação dos cursos de direito, no convento de São Francisco, em São Paulo, e no mosteiro de São Bento, em Olinda, que exerceram importante papel na vida cultural do país.
A descentralização do ensino básico (ato adicional de 1834), cuja organização passou a ser responsabilidade das assembléias provinciais, teve como conseqüência o extraordinário desenvolvimento das escolas secundárias particulares, sobretudo nas capitais das províncias. O Colégio do Caraça, fundado em Minas Gerais, pelos irmãos lazaristas, tornou-se uma das mais importantes instituições de instrução secundária.
O Colégio Pedro II, criado pelo governo federal em 1837, foi uma das mais importantes instituições de cultura geral fundadas durante o império. As primeiras escolas normais para a formação de professores foram a de Niterói, em 1835, a da Bahia (1836), a do Ceará (1845), a de São Paulo (1846) e a do Rio de Janeiro (1880).
O imperador Pedro II estimulou sob várias formas as ciências, letras e artes do país. No entanto, a política educacional de seu governo teve de acomodar-se às condições econômicas e políticas, que determinavam uma dualidade de sistemas educacionais: para a elite, composta dos filhos dos grandes proprietários rurais, dos magistrados e políticos e da nascente burguesia comercial, as escolas secundárias e a faculdade; para o povo, a escola primária, os liceus de artes e ofícios e a escola normal. A educação superior, inaugurada com os cursos jurídicos de Olinda e São Paulo, em 1827, teve como característica durante muito tempo o sistema de faculdades isoladas de tipo profissional, que formam bacharéis e doutores com o fim de conferir privilégios à elite. A evolução do sistema educativo prosseguiu lenta, ressaltando-se a ação do visconde do Rio Branco, que reorganizou a Escola Central, denominada desde então Escola Politécnica, fundando três cursos básicos, engenharia, mineralogia e artes e manufaturas. Em 1875, criou, também, a Escola de Minas, em Ouro Preto.

República Velha
Com a proclamação da república, a política educacional não se modificou, pelo menos até a primeira guerra mundial. O tipo de mentalidade formado no período colonial e no império persistiu: o mesmo gosto pela literatura e retórica, o mesmo formalismo. Excetuando-se a reforma de Benjamin Constant, influenciada por idéias positivistas, foi esse o espírito que marcou a constituição brasileira de 1891, no tocante à legislação educacional. A reforma de Benjamin Constant estabelecia a primazia dos estudos científicos sobre os de letras, com a introdução das ciências físicas e naturais já a partir das classes elementares.
Após a primeira guerra mundial, a "escola nova" penetrou no Brasil: Antônio Sampaio Dória, em São Paulo (1920), Lourenço Filho, no Ceará (1923), Anísio Teixeira (1925), na Bahia, Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais (1927), Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (1928) e Carneiro Leão, em Pernambuco (1928), tentaram reorganizar os sistemas educacionais. Surgem publicações de grande interesse, como a obra de Carneiro Leão sobre a educação no campo e a de Medeiros e Albuquerque a respeito dos testes.

Era Vargas
O movimento de reformas educacionais desse período era apenas um aspecto do processo revolucionário que se desencadeou no país a partir de 1924, eclodindo em 1930. A revolução não adotava propriamente uma política educacional definida, mas, facilitando a circulação de idéias novas, possibilitou a formação de uma consciência educacional que exigia a adoção de medidas importantes como a criação do Ministério da Educação, a reorganização do ensino secundário e da educação superior com a criação de universidades. O governo provisório criou o Ministério da Educação e Saúde, nomeando para ministro Francisco Campos, que empreendeu a reforma da educação superior, com a elaboração do estatuto das universidades.
A primeira universidade criada dentro do espírito da reforma Francisco Campos foi a de São Paulo, em 1934, contando com uma faculdade de filosofia, ciências e letras. Em sua atuação, essa universidade dispensou atendimento especial às pesquisas científicas. Em 1935, Anísio Teixeira fundou a Universidade do Distrito Federal, com cinco escolas: Faculdade de Filosofia e Letras, de Ciências, de Direito e Economia Política, de Educação, e Instituto de Artes. Essa universidade foi extinta em 1938, e sua Faculdade de Filosofia, incorporada à Universidade do Brasil, passou a constituir a Faculdade Nacional de Filosofia.
A reforma Francisco Campos intensificou os debates em torno da política educacional do país, delineando-se então duas grandes correntes: a dos reformadores, que lutavam por uma crescente democratização da escola - a chamada "escola nova" - e a da igreja, que combatia o laicismo das novas teorias pedagógicas. Essas duas facções permaneceram em oposição até 1937, ano em que o golpe de estado instituiu o regime ditatorial. A carta constitucional de 1937 adotou alguns dos principais pontos defendidos pelos reformadores, mantendo o caráter gratuito e compulsório do ensino primário e preocupando-se, sobretudo, com a instrução vocacional e pré-vocacional.

República Populista
De acordo com os dispositivos constitucionais de 1946, foi apresentado à Câmara dos Deputados, em 1948, o projeto de diretrizes e bases da educação nacional, elaborado por uma comissão de educadores de diversas tendências ideológicas, entre os quais figuravam o padre Leonel Franca, Alceu Amoroso Lima, Almeida Júnior e Lourenço Filho. O projeto concedia maior autonomia aos estados na organização de seus sistemas de ensino, dava flexibilidade aos cursos, estabelecia a articulação dos cursos de grau médio e o currículo mínimo obrigatório, além de uma conceituação objetiva da autonomia universitária. O projeto recebeu parecer contrário do deputado Gustavo Capanema e foi arquivado. Retomado em 1952, ficou em discussão na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados até 1956, quando foi encaminhado ao plenário. Depois de longos debates, foi finalmente aprovado em dezembro de 1961.
Na área de educação de adultos foram particularmente importantes no começo da década de 1960 o Movimento de Cultura Popular (MCP), que promoveu a alfabetização de adultos pelo rádio e contribuiu para recuperar tradições históricas e populares em Recife; e os Centros de Cultura Popular (CPCs), ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE), que promoveram experiências de arte popular crítica em todo o país. Somente o Movimento de Educação de Base (MEB) - um outro esforço, patrocinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - sobreviveu ao regime de 1964, que criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (o Mobral), cujas atividades se encerraram com o fim do próprio regime.

Período Autoritário (1964-1985)
O ensino no Brasil era organizado em níveis: primário, médio e superior. Pela lei 5.692, o ensino de nível primário fundiu-se ao antigo ginásio e passou a constituir e ensino de 1º grau; o ensino médio transformou-se em ensino de 2º grau. O sentido básico da reforma residiu na atribuição de capacidade habilitadora ao ensino médio no campo profissional, e não somente na preparação para o ensino superior. Considerando a realidade brasileira, a reforma de 1971 visava à formação de quadros profissionais dentro do processo de ensino geral, sem incompatibilização com a possibilidade de continuação dos estudos em níveis superiores.
Nas quatro primeiras séries do primeiro grau, as matérias de um "núcleo comum" nacional e obrigatório passaram a ser tratadas como atividades (comunicação e expressão, estudos sociais e ciências), incluindo-se ainda uma parte diversificada, variável de acordo com as condições locais. Nas quatro últimas séries do primeiro grau, as atividades do núcleo comum foram abordadas como "áreas de estudo". Nas três séries do segundo grau, o currículo se apresentou sob a forma de disciplinas, dosadas em cada caso de acordo com a profissionalização e o curso superior pretendidos.
Exigiram-se também, em ambos os graus, educação física, educação artística, educação moral e cívica, programa de saúde e ensino religioso, este obrigatório para os estabelecimentos oficiais e facultativo para os alunos. O ensino supletivo, por sua vez, tinha por finalidade suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a tivessem seguido ou concluído na idade própria. Quanto ao ensino técnico-profissional, a lei adotou uma orientação flexível, pela qual o aluno pode optar por uma escola profissionalizante que, ao mesmo tempo, o habilita a ingressar na universidade. Os principais órgãos de treinamento são o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
Em 28 de novembro de 1968 foi aprovada a lei nº 5.540, que fixou normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, além de outras providências. Em seu artigo 3º, a lei estabelece que as universidades gozarão de autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira. E o artigo 26 determina que o Conselho Federal de Educação fixa o currículo mínimo e a duração mínima dos cursos superiores correspondentes a profissões reguladas em lei e de outros necessários ao desenvolvimento nacional.

Redemocratização
A filosofia educacional foi objeto de intensos debates na Assembléia Nacional Constituinte. Os defensores da democratização do ensino tentavam garantir proteção constitucional para uma educação leiga, universal e gratuita, com forte ênfase no ensino público, admitindo o privado sem direito a verbas públicas e sujeito a controle do poder público. Os privatistas defendiam a ampla liberdade de ação para o ensino privado e opunham-se à proibição de subsidiá-lo. Os primeiros fizeram aprovar o artigo 205, segundo o qual a educação é "direito de todos e dever do estado". Os privatistas fizeram acrescentar a esse dispositivo o inciso III do artigo 206, estabelecendo a "coexistência de instituições públicas e privadas de ensino"; e o artigo 213, que permite a destinação de recursos públicos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas. O artigo 209, em seu inciso II, estabeleceu que o ensino é "livre à iniciativa privada", mas sujeito à "autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público".

Ramos da Educação
Educação artística
No começo do século XX, o poeta e pensador indiano Rabindranath Tagore concebeu um amplo e flexível sistema de educação. Nele, a atividade artística era encarada como fator indispensável ao desenvolvimento harmônico de todos os aspectos da personalidade da criança. Teve também grande importância no século XX o movimento cultural da educação pela arte, cuja meta era integrar o processo criador nas escolas de todos os níveis, tomando como ponto de vista programático a valorização da arte no processo educacional. Entre os expoentes da educação pela arte incluíram-se Herbert Read, Arno Stern, Pierre Duquet e, no Brasil, o pintor e educador Augusto Rodrigues. Este último fundou a Escolinha de Arte do Brasil em 1948, pioneira no campo da educação artística. O trabalho ali realizado com crianças foi fundamental para dar uma visão da importância da arte na formação do indivíduo.

Educação cívica
No planejamento curricular, a educação cívica passou a ser uma disciplina obrigatória. Como o conjunto de meios empregados para levar o educando a tomar consciência de seus direitos e deveres como cidadão, a educação cívica apóia-se nas tradições nacionais e tem como finalidade preparar as gerações para o exercício da atividade cívica, fundada nos princípios de obediência à lei. Correlaciona-se intimamente com a educação moral, na medida em que, como esta, se conceitua em termos de valorização do outro. A formação da consciência cívica poderá fluir das atividades escolares e extra-escolares e em toda e qualquer programação que se pretenda oferecer à comunidade, enfatizando-se uma convivência baseada na ordem social, na liberdade e na justiça, e fomentando-se sentimentos de solidariedade e responsabilidade social.

Educação física
Como parte da educação integral, a educação física é praticada nas escolas de quase todos os países. Consiste no treinamento, através de exercícios metódicos (ginástica, recreação, desportos), voltado para o desenvolvimento da capacidade e saúde físicas, para o equilíbrio da personalidade.

Educação de adultos
As formas de aprendizado a que recorrem as pessoas na idade madura variam muito, desde o estudo individual até cursos organizados por pedagogos com especialização nessa área de educação, e ministrados por professores especialmente treinados. Formam-se grupos de estudos e realizam-se seminários, laboratórios, cursos por rádio e televisão etc. Também variam muito os objetivos, que vão da alfabetização ao aperfeiçoamento pessoal sem finalidade prática e declarada. A UNESCO organiza, desde a década de 1940, campanhas de alfabetização e de extensão cultural destinadas aos adultos.
No Reino Unido, desenvolveu-se uma experiência sem paralelo no campo da educação de adultos: a Universidade Aberta, que oferece cursos em muitas áreas e praticamente em todos os níveis. São elaborados por equipes compostas de especialistas de cada área e produtores de rádio e televisão da rede BBC, que põe os programas no ar. Os alunos os acompanham em casa, mas têm a sua disposição monitores que orientam pessoalmente seus estudos em encontros de trabalho na sede da universidade e em outros locais.

Educação especial
O aparecimento da pedagogia psicanalítica, dentre as teorias pedagógicas, foi fundamental para a educação dos excepcionais. Em particular, Carl Gustav Jung procurou demonstrar que somente através de uma tipologia pode o ensino realizar seus objetivos. Esse e outros descobrimentos psicológicos permitiram criar a pedagogia dos anormais, compreendendo os anormais físicos e psíquicos. Para os anormais físicos criaram-se estabelecimentos de reeducação e readaptação profissional, e, para os psíquicos, estabelecimentos especiais onde são utilizados diversos métodos de psicoterapia. Nos países da Europa e nos Estados Unidos existem diversas instituições especializadas na educação de crianças excepcionais. A educação especial, voltada para os excepcionais, não é freqüente, porém, nos países subdesenvolvidos.
Ensino religioso. O parágrafo único do artigo 7 da Lei 5.692 estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais dos estabelecimentos oficiais de primeiro e segundo graus.

EDUCAÇÃO NOVA
O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova"1 , datado de 1932, foi escrito durante o governo de Getúlio Vargas e consolidava a visão de um segmento da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a possibilidade de interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da educação. Redigido por Fernando de Azevedo, dentre 26 intelectuais, entre os quais Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida Junior "2 , Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles. Ao ser lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. O movimento reformador foi alvo da crítica forte e continuada da Igreja Católica, que naquela conjuntura era forte concorrente do Estado na expectativa de educar a população, e tinha sob seu controle a propriedade e a orientação de parcela expressiva das escolas da rede privada.

Contexto e conteúdo
Ao longo da história educacional da Primeira República (1889 - 1930), a oportunidade de acesso e a qualidade do ensino brasileiro se configuraram como privilégio de uma pequena classe dominante em detrimento de grande parcela da população, formada apenas para trabalhar. A escola brasileira, deste período, contribuía para formação de uma casta intelectualizada.
O que se verificará, que, dissociadas sempre as reformas econômicas e educacionais, que era indispensável entrelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo sentido, todos os nossos esforços, sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda criar um sistema de organização escolar, à altura das necessidades do país. O objetivo do manifesto era de ter uma educação voltada para todos sem discriminação de classe social.
Os signatários afirmam:
"Em nosso regime político, o Estado não poderá, decerto, impedir que, graças à organização de escolas privadas de tipos diferentes, as classes mais privilegiadas assegurem a seus filhos uma educação de classe determinada; mas está no dever indeclinável de não admitir, dentro do sistema escolar do Estado, quaisquer classes ou escolas, a que só tenha acesso uma minoria, por um privilégio exclusivamente econômico. Afastada a idéia de monopólio da educação pelo Estado, num país em que o Estado, pela sua situação financeira, não está ainda em condições de assumir a sua responsabilidade exclusiva, e em que, portanto, se torna necessário estimular, sob sua vigilância, as instituições privadas idôneas, a escola única se entenderá entre nós, não como uma conscrição precoce arrolando, da escola infantil à universidade, todos os brasileiros e submetendo-os durante o maior tempo possível a uma formação idêntica, para ramificações posteriores em vista de destinos diversos, mas antes como a escola oficial, única, em que todas as crianças, de 7 a 15 anos, todas ao menos que, nessa idade, sejam confiadas pelos pais à escola pública, tenham uma educação comum, igual para todos."3
A escola integral e única proposta pelo manifesto era definida em oposição à escola existente, chamada de tradicional. Assim conceituava o manifesto a escola ou educação nova: "A educação nova, alargando sua finalidade para além dos limites das classes, assume, com uma feição mais humana, a sua verdadeira função social, preparando-se para formar a hierarquia democrática pela ‘hierarquia das capacidades’, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas oportunidades de educação. Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os meios de ação durável com o fim de dirigir o desenvolvimento natural e integral do ser humano em cada uma das etapas de seu crescimento, de acordo com uma certa concepção de mundo."4
Coerentemente com essa definição da "educação nova", os educadores propunham um programa de política educacional amplo e integrador, assim registrado no manifesto: "A seleção dos alunos nas suas aptidões naturais, a supressão de instituições criadoras de diferenças sobre base econômica, a incorporação dos estudos do magistério à universidade, a equiparação dos mestres e professores em remuneração e trabalho, a correlação e a continuidade do ensino em todos os graus e a reação contra tudo que lhe quebra a coerência interna e a unidade vital, constituem o programa de uma política educacional, fundada sobre a aplicação do princípio unificador que modifica profundamente a estrutura íntima e a organização dos elementos constitutivos do ensino e dos sistemas escolares."
Referências
  1. Ir para cima ↑ José Luís de Paiva Bello. História da Educação no Brasil - Período da Segunda República (resumo do Manifesto). Pedagogia em Foco. Página visitada em 3 de junho de 2011.
  2. Ir para cima ↑ Prof. Dr. Antônio Ferreira de Almeida Jr.
  3. Ir para cima ↑ Helena Bomeny. O Brasil de JK. Fundação Getúlio Vargas. Página visitada em 5 d~~~~e junho de 2011.
  4. Ir para cima ↑ Tatiana Barros. Principais propostas do manifesto. SHVONG. Página visitada em 4 de junho de 2011.

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