Educação Contemporânea
Educação
É um processo pelo qual a sociedade forma seus valores,
membros, imagem em função dos seus interesses. (GOLIAS, 1993)
Educação é toda influência que o ser humano recebe do
meio ambiente, durante a sua existência no sentido, de se adaptar as normas,
valores sociais vigentes e aceites. (CHIAVENATO)
No século XX
surgiram vários movimentos, experiências e teorias educacionais destinadas a
renovar os métodos da escola tradicional. Assim, a herança dos conhecimentos
pedagógicos do século XIX permitiu que se chegasse no século XX a um conceito
bem mais pragmático da educação.
A Nova Escola e
a Escola Ativa
A chamada
"escola nova" abarcou várias correntes pedagógicas. Reagindo contra a
organização tradicional do ensino em compartimentos estanques, o médico e
educador belga Ovide Decroly criou o método globalizador, que se concentrava no
princípio do interesse da criança. Já o francês Célestin Freinet valorizou o
ensino baseado em métodos ativos e no trabalho de equipe como meio de formação
do educando, centralizando as atividades escolares em torno do uso da imprensa
na escola.
A partir do
princípio de que o ensino simultâneo não levava em conta as diversas aptidões e
tipos de inteligência dos alunos, procurou-se estabelecer a "diferenciação
pedagógica" em graus e ciclos sucessivos, da qual já se havia cogitado
anteriormente. Nesse sentido, o psicólogo suíço Edouard Claparède, que deu a
seu método a denominação de "educação funcional", criou o
"sistema de grupos móveis". Desse sistema, a pedagogia passou à
individualização do aprendizado, no que sobressaiu o trabalho da italiana Maria
Montessori, baseado no princípio da auto-educação. Na América Latina, Lorenzo
Luzuriaga, Lourenço Filho e Anísio Teixeira foram os grandes pedagogos da
escola ativa.
Educação em
Liberdade
O inglês Alexander
S. Neill, em sua escola de Summerhill, pôs em prática a educação em liberdade.
Aboliu a hierarquia professor-aluno e, portanto, a relação de autoridade na
experiência pedagógica, encaminhando a criança à auto-educação, de acordo com
seu ritmo individual de desenvolvimento.
O suíço Jean
Piaget destacou-se entre os educadores que preconizaram o respeito à liberdade
e à individualidade da criança, defendendo um sistema educativo menos diretivo,
menos autoritário e uniforme. Piaget procurou demonstrar que a educação devia
ajustar-se às leis e etapas do desenvolvimento psicológico da criança.
Educação
Socialista
Só no século XX
foi elaborada uma doutrina marxista para a educação. A maior figura da
pedagogia marxista foi o soviético Anton Semenovitch Makarenko, que criou as
"escolas da comunidade". Outros pensadores de orientação marxista,
como o francês Louis Althusser, analisaram o papel da escola tradicional que,
ao inculcar no educando o sistema de valores das classes sociais dominantes,
seria responsável pela perpetuação das desigualdades sociais.
Na União
Soviética, após a morte de Stalin, em 1953, as mudanças na política oficial
afetaram diretamente a escola. A idéia central passou a ser o estreitamento dos
laços entre a escola e a vida, em todos os níveis. Reviveu a idéia da educação
politécnica, mas no sentido de preparar estudantes secundários para o trabalho
especializado na indústria e na agricultura. Essa orientação, que vigorou no
período do governo de Nikita Khrutchev, foi substituída por uma política de
universalização da educação secundária, com ênfase na criação de escolas
secundárias técnicas. No entanto, os ganhos quantitativos dessa política não
tiveram correspondência na melhoria da qualidade de ensino.
Na China, desde a
revolução comunista até à morte de Mao Zedong (Mao Tsé-tung), em 1976, a
educação teve como tônica a doutrinação ideológica em todos os campos e níveis,
que ocupou, por lei, dez por cento do currículo escolar. O novo governo
deslocou a ênfase para a modernização, principal bandeira do regime pós-Mao.
Todo o esforço educacional passou a ser dirigido no sentido das "quatro
modernizações" (indústria, agricultura, defesa nacional e ciência e
tecnologia).
Educação
Liberadora
Para o brasileiro
Paulo Freire o objetivo da educação deveria ser a liberação do oprimido, que
lhe daria meios de transformar a realidade social a sua volta mediante a
"conscientização" (conhecimento crítico do mundo). No período
1958-1964 no Brasil e depois de 1964 no Chile, Paulo Freire pôs em prática, com
bons resultados, seu método de alfabetização de adultos. A eficácia e a
validade do método estribam-se no fato de partir da realidade do alfabetizando,
do seu universo, do valor pragmático das coisas e fatos de sua vida cotidiana,
de suas situações existenciais. Obedece às normas metodológicas e lingüísticas,
mas vai além delas, ao desafiar o homem ou a mulher que se alfabetizam a se
apropriarem do código escrito com vistas a sua politização. O trabalho de Paulo
Freire pode ser visto não apenas como um método de alfabetização, mas como um
processo de conscientização, por levar em conta a natureza política da
educação.
Ciências da Educação
Filosofia da
educação
No Ocidente,
graças ao advento da pesquisa filosófica como saber autônomo, independente da
religião e da moral religiosa, a teoria da educação tornou-se disciplina
autônoma, ligada à evolução do pensamento filosófico. A filosofia da educação
investiga os fins, o significado último da educação. Trata-se de um saber especulativo,
distinto das preocupações predominantemente práticas da pedagogia. Toda
filosofia da educação, a rigor, opera na órbita da antropologia filosófica, da
ética e da teoria dos valores.
Educação
comparada
Define-se como
educação comparada o estudo dos sistemas educacionais peculiares a cada
cultura. A educação comparada pode contribuir para o planejamento da educação
no futuro (educação prospectiva), oferecendo soluções aos problemas de cada
país, obtidas como resultado das experiências realizadas em outras nações.
Realizam-se
periodicamente congressos mundiais de educação comparada e existem organismos
internacionais que se ocupam desse tema, como a UNESCO, o Conselho Mundial de
Educação Comparada (com sede em Genebra) e o departamento de educação da
Organização dos Estados Americanos (OEA).
Biologia da
educação
As características
físicas do educando, os fatores hereditários, a importância dos hábitos
alimentares no desenvolvimento e rendimento do organismo, as anormalidades
anatômicas e fisiológicas etc. são aspectos de indiscutível importância para a
educação. A biologia da educação estuda os fatores naturais do processo
educativo, as condições físicas em que pode exercer-se a ação pedagógica e os
efeitos dessa influência sobre a estrutura biológica do ser humano.
Economia da
educação
Os recursos
econômicos de que cada país dispõe têm influência decisiva na eficácia de seus
sistemas educacionais. O estudo da economia aplicada à educação é fundamental
para determinar tanto as possibilidades de realização dos programas
educacionais como os procedimentos adequados para a obtenção de maior
aproveitamento dos recursos disponíveis, para que seja possível estabelecer com
segurança metas e prioridades educacionais.
Cabe às
autoridades responsáveis pela educação experimentar novos planos de formação,
de modo a obter melhores resultados nos programas educacionais; estudar a
distribuição geográfica e o aproveitamento das instalações escolares; e prever
as necessidades futuras do setor da educação, levando em conta o
desenvolvimento socioeconômico.
Psicologia da
educação
Como ciência que
estuda o comportamento humano, a psicologia proporciona os conhecimentos
necessários sobre o educando, o educador e o relacionamento interpessoal na
educação. A psicologia da educação aborda a aprendizagem e os aspectos
intelectuais, afetivos e sociais do processo educacional. O conhecimento desses
aspectos é imprescindível para uma educação verdadeiramente eficaz.
Sociologia da
educação
O estudo da
educação como processo social, tanto em referência às atividades dos indivíduos
como às das instituições, constitui o objeto da sociologia da educação. A
relação entre professores e alunos e dos alunos entre si e as características
das diversas comunidades que atuam na educação (família, escola, grupos juvenis
etc.) são alguns dos aspectos sociais da educação. Os meios de comunicação, os
partidos políticos e demais organizações da sociedade, com suas ideologias e
concepções diversas acerca do progresso social, exercem igualmente importante
influência na educação.
Didática
Como ciência da
educação, a didática estuda os métodos de aprendizagem e experimenta novas
técnicas de ensino, com base, principalmente, na biologia, sociologia e
psicologia. Reúne e coordena todos os resultados da ciência pedagógica,
recomendando princípios, técnicas e procedimentos mais eficientes, aplicáveis a
todas as disciplinas e graus de ensino.
Educação em Roma
Quando os romanos
conquistaram a Grécia, já encontraram um sistema educacional decadente. No início
da república, a educação romana era ministrada na família e na vida social. O
pai tinha poder ilimitado sobre os filhos e era publicamente censurado quando
fracassava no ensino dos preceitos morais, cívicos e religiosos. Ainda não
havia escolas, mas o jovem aprendia a reverenciar os deuses, a ler e a conhecer
as leis do país.
Com a importação
da cultura grega, a literatura helênica tornou-se o principal instrumento de
educação. Surgiram as escolas de gramática, mais tarde suplementadas pelas de
retórica e filosofia. Estas ofereciam meios de cultura mais elevados a quem não
podia estudar em Atenas e Alexandria. No império, as escolas de retórica foram
organizadas pelo sistema estatal. A concepção da cultura retórica é mostrada
por Quintiliano, no ano 95 da era cristã, em sua Instituto oratória
(Instituição oratória), o mais sistemático tratado de educação do mundo antigo.
Para ele, o orador deveria ser a síntese do homem culto, sábio e honrado. Com o
advento da autocracia, que logo descambou para a tirania do império, a retórica
deixou de representar uma preparação para a vida. As condições da sociedade não
admitiam mais tal tipo de educação. Os costumes se corromperam e renasceu o
paganismo. Nessas circunstâncias históricas surgiu o cristianismo, que trouxe
um renovado sopro de vida.
A atitude geral
dos cristãos para com a educação tradicional evidenciou-se no protesto contra o
édito de Juliano que os proibiu de ensinar nas escolas públicas. Estabeleceu-se
um conflito: enquanto a educação pagã consistia numa ética individualista e
orgulhosa, a cristã exaltava a humildade como uma das mais elevadas virtudes e
considerava o orgulho um pecado mortal. Para o cristianismo, o estado supremo
era o êxtase amoroso da contemplação mística de Deus. A vida monástica passou a
ser vista como ideal cristão. Tais concepções, seguidas por várias gerações,
reduziram o valor da cultura clássica, que já na época de são Gregório o
Grande, entre 590 e 604, estava superado como meio de educação.
Durante todos
esses séculos, a gradual penetração dos bárbaros no Império Romano ajudou a
desintegrar a cultura, e muitas escolas públicas desapareceram. Embora os
bárbaros absorvessem parcialmente a velha cultura, imperou a obscuridade
intelectual. Logrou-se apenas preservar parte da herança do passado, na obra de
filósofos como Boécio, Cassiodoro e Isidoro.
Educação na Grécia
Na Grécia antiga,
dada a supremacia do estado, a educação visava preparar os jovens para as
relações com a cidade-estado. Cada estado tinha suas características e os sistemas
educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente a juventude.
Daí decorrem as concepções de Platão e de Aristóteles, de uma educação
uniforme, regulamentada em seus mínimos detalhes pela autoridade estatal e
compulsória para todos os homens livres. Platão, na República e nas Leis,
mostra a que extremo pode chegar a educação quando extrapola os aspectos
essenciais da vida. O cidadão-guarda do estado ideal não tem direito à vida
doméstica e aos laços familiares. Aristóteles não chega a esse exagero, mas
considera a educação familiar prejudicial à criança.
O sistema
educacional que mais se aproximou dessa concepção foi o adotado por Esparta,
onde os jovens eram preparados sob a supervisão direta do estado, numa espécie
de acampamento militar: os rapazes tornavam-se guerreiros, e as moças
preparavam-se para se tornarem mães de futuros guerreiros. Em Atenas havia leis
que dispunham sobre a frequência às escolas dos filhos dos cidadãos livres, e
os estabelecimentos de ensino eram regulamentados por legislação especial.
Os instrumentos de
educação mais em harmonia com a concepção e a cultura gregas eram a música e a
cultura literária e artística nacionais, para desenvolver o espírito de
lealdade à pátria; e a ginástica para o corpo. Esta era individual, e só
indiretamente visava estreitar os laços sociais. À medida que a cultura
ateniense avançava, os estudos de natureza intelectual assumiam maior
importância e a educação física entrava em decadência. Essa tendência provocou
críticas, segundo as quais os jovens efeminavam-se pelo excesso de conforto.
Mas uma força desintegradora, a que inutilmente se opuseram Platão e
Aristóteles, já comprometera o sistema educacional: a retórica dos sofistas.
Na cidade-estado
democrática, o orador facilmente se tornava um demagogo, pois a oratória abria
caminho à ambição pessoal, e induzia os jovens às escolas dos sofistas. As
relações cada vez mais estreitas entre os estados gregos aproximaram os ideais
cívicos e trouxeram uma concepção mais cosmopolita da educação. O processo
completou-se com a perda da independência das cidades-estado, sob domínio
macedônico.
A universidade de
Atenas, por exemplo, foi o resultado de uma fusão das escolas filosóficas
privadas com a organização estatal para a educação dos rapazes. Existiram
outros centros de alta cultura, sobretudo em Alexandria, onde o contato do
pensamento grego com as religiões e filosofias do Egito originou as filosofias
místicas, que culminaram no neoplatonismo. Em Atenas, a educação transformou-se
numa retórica vazia, até que a universidade foi fechada por Justiniano, no ano
529.
Educação na Idade Média
O currículo
medieval compreendia, no aspecto secular, as sete artes liberais - o trivium
(gramática, dialética e retórica) e o quadrivium (geometria, aritmética, música
e astronomia) e a filosofia; e no dogmático, as doutrinas da igreja e das
escrituras. A teologia ainda não fora organizada num sistema filosófico, e essa
foi a grande obra da Idade Média. As artes liberais representavam um legado da
velha educação romana, e seu escopo era mais amplo do que sugerem seus nomes na
modernidade. A gramática incluía o estudo do conteúdo e da forma literárias; a
dialética restringia-se à lógica formal; a retórica compreendia o estudo das
leis e dos métodos de composição literária em prosa e verso. A geometria
correspondia ao que se compreende modernamente por geografia, história natural
e botânica. A aritmética consistia apenas em cálculos práticos exigidos pela
vida cotidiana. A música não passava de um conjunto de regras relativas a
canções sacras, teoria do som e conexões entre a harmonia e os números. No
campo da filosofia, os livros mais divulgados foram o De consolatione
philosophiae (Sobre a consolação da filosofia) e as Categoriae e
De
interpretatione, de Aristóteles.
No século XI, após
várias guerras e invasões, a Europa teve estabilidade política e social. Surgiu
nova tradução da Metafísica, de Aristóteles, e no século XIII, versões de suas
principais obras, diretamente do grego. A filosofia peripatética pôs-se a
serviço da teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor
educacional.
As figuras mais
representativas desse período foram Abelardo e santo Tomás de Aquino. Este, na
Summa theologica, sistematizou toda a doutrina da igreja. O interesse humano voltou-se
sobretudo para os problemas espirituais, e a autoridade eclesiástica em matéria
de crença tornou-se inquestionável. O conteúdo da educação escolástica esteve
em harmonia com os interesses intelectuais da época. Sua maior contribuição foi
promover a fundação de universidades na Europa. A introdução de estudos
derivados do grego propiciou uma crescente liberdade de ensino.
O esquema de
instrução era estruturado de modo que os estudos especiais baseavam-se em ampla
cultura geral. Das quatro faculdades que compunham a universidade, a de artes
funcionava como preliminar às de teologia, direito e medicina. Os métodos de
instrução fundamentavam-se na leitura ou comentário de textos e na emulação,
pela qual os estudantes se adestravam no uso dos conhecimentos absorvidos. Essa
evolução do ensino superior foi acompanhada pelo aumento do número de escolas
elementares.
Além do ensino
espiritual, o sistema social da época mantinha um tipo de educação própria da
classe feudal, que consistia na preparação de pajens e senhores na arte da
cavalaria. Tal educação não se opunha à religião, pois a cavalaria era
santificada pelos clérigos. Seu objetivo era tornar os jovens da classe nobre
dignos da admiração dos servos, justos, sábios e prudentes no trato das coisas
do estado.
A unificação dos
conhecimentos existentes e a sistematização da teologia completaram a obra dos
escolásticos. As manifestações do sentimento nacional, no entanto, minaram
lentamente o sistema feudal. Generalizou-se o desejo por novos estilos de vida.
A educação européia, ameaçada de se transformar em retórica vazia, foi salva
pelo renascimento dos estudos clássicos, iniciados ainda nas primeiras décadas
do século XIV.
Educação em uma Sociedade sem Escolas
O austríaco Ivan
Illich, que passou a trabalhar no México a partir de 1962, propôs a
desescolarização da sociedade. Segundo ele, a maior parte dos conhecimentos
úteis se aprendiam fora da escola, em contato com as realidades familiares,
sociopolíticas e culturais. Abolido o "monopólio" dispendioso e irracional
do ensino público, deveria ser instalado um sistema educativo capaz de
assegurar simplesmente a quantos desejassem instruir-se, em qualquer assunto, o
acesso aos conhecimentos adequados. De "funil" seletivo e
autoritário, o sistema educacional passaria a ser uma igualitária "rede de
intercâmbio" entre espíritos curiosos, libertos de toda autoridade
docente. Só uma renovação total das instituições educativas, segundo Illich,
propiciaria a esperada mudança social.
Educação
Permanente
Em 1965 a UNESCO
passou a usar o termo "educação permanente" para designar a educação
contínua, planejada para cobrir todo o ciclo da existência humana.
Diferencia-se do conceito tradicional de educação, dado que este sempre se
compreendeu como processo de integração social e cultural a consumar-se durante
parte da vida, ou seja, durante o transcurso da infância e da adolescência. A
educação permanente constitui, portanto, um conceito novo, uma tendência da
educação contemporânea, e não um ramo especial da educação. Figura ao lado de
outros que o complementam, oferecendo-lhe meios de realização, como por
exemplo, o de educação extra-escolar ou paralela. Esta engloba todas as formas
assistemáticas de educação, como: educação de rua, educação familiar, educação
de grupos etc. Atinge, assim, a sociedade inteira.
Os jovens podem
ampliar sua formação cultural e profissional com programas especiais
desenvolvidos pelos centros docentes. A formação de adultos pode variar desde a
necessidade de alfabetização até os cursos de reciclagem profissional. A
educação permanente de adultos tende a apoiar-se no desenvolvimento de sistemas
de auto-aprendizagem e nos métodos de treinamento para a formação ou reciclagem
de profissionais que devem adaptar-se às mudanças de uma sociedade submetida a
constantes avanços científicos e tecnológicos.
Educação e
Tecnologia
Todas as correntes
citadas abordaram, sob ângulos diversos, os problemas gerados pelo
desenvolvimento tecnológico no âmbito da educação. As novas situações criadas
pela sociedade pós-industrial, o avanço contínuo da informática e dos meios de
comunicação e a complexidade crescente dos novos conhecimentos e técnicas
acentuaram o conflito entre dois tipos de orientação educacional: a educação
científica e a humanista. Além disso, a desigualdade econômica entre as nações
industrializadas e os países subdesenvolvidos constituiu um obstáculo a um
planejamento global da educação, que sempre foi reflexo das condições
socioeconômicas.
Todavia, a
educação no século XX procurou assumir um caráter internacional. Em 1919,
surgiu o Bureau International des Écoles Nouvelles (Escritório Internacional
das Escolas Novas). Expandiram-se os centros de estudos de âmbito
internacional; sucederam-se os congressos, assembléias e simpósios sobre educação;
lançaram-se várias publicações especializadas na matéria.
No século XX,
entre as organizações internacionais existentes, destacaram-se duas: o Bureau
International d'Éducation (Escritório Internacional de Educação), em Genebra, e
a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), fundada em 1946, voltada para educação, ciências exatas e naturais,
ciências sociais, atividades culturais, assistência técnica, intercâmbio de
pessoas e informação. A UNESCO procurou dar ênfase à luta contra o
analfabetismo, à educação dos adultos, bem como à "educação
permanente", já que as mudanças se processavam com grande rapidez,
exigindo, portanto, uma constante atualização de métodos e programas
educacionais.
Educação na Idade Média
O currículo
medieval compreendia, no aspecto secular, as sete artes liberais - o trivium
(gramática, dialética e retórica) e o quadrivium (geometria, aritmética, música
e astronomia) e a filosofia; e no dogmático, as doutrinas da igreja e das
escrituras. A teologia ainda não fora organizada num sistema filosófico, e essa
foi a grande obra da Idade Média. As artes liberais representavam um legado da
velha educação romana, e seu escopo era mais amplo do que sugerem seus nomes na
modernidade. A gramática incluía o estudo do conteúdo e da forma literárias; a
dialética restringia-se à lógica formal; a retórica compreendia o estudo das
leis e dos métodos de composição literária em prosa e verso. A geometria
correspondia ao que se compreende modernamente por geografia, história natural
e botânica. A aritmética consistia apenas em cálculos práticos exigidos pela
vida cotidiana. A música não passava de um conjunto de regras relativas a
canções sacras, teoria do som e conexões entre a harmonia e os números. No
campo da filosofia, os livros mais divulgados foram o De consolatione
philosophiae (Sobre a consolação da filosofia) e as Categoriae e De
interpretatione, de Aristóteles.
No século XI, após
várias guerras e invasões, a Europa teve estabilidade política e social. Surgiu
nova tradução da Metafísica, de Aristóteles, e no século XIII, versões de suas
principais obras, diretamente do grego. A filosofia peripatética pôs-se a
serviço da teologia e propiciou o renascimento escolástico no setor
educacional.
As figuras mais
representativas desse período foram Abelardo e santo Tomás de Aquino. Este, na
Summa theologica, sistematizou toda a doutrina da igreja. O interesse humano
voltou-se sobretudo para os problemas espirituais, e a autoridade eclesiástica
em matéria de crença tornou-se inquestionável. O conteúdo da educação
escolástica esteve em harmonia com os interesses intelectuais da época. Sua
maior contribuição foi promover a fundação de universidades na Europa. A
introdução de estudos derivados do grego propiciou uma crescente liberdade de
ensino.
O esquema de
instrução era estruturado de modo que os estudos especiais baseavam-se em ampla
cultura geral. Das quatro faculdades que compunham a universidade, a de artes
funcionava como preliminar às de teologia, direito e medicina. Os métodos de
instrução fundamentavam-se na leitura ou comentário de textos e na emulação,
pela qual os estudantes se adestravam no uso dos conhecimentos absorvidos. Essa
evolução do ensino superior foi acompanhada pelo aumento do número de escolas
elementares.
Além do ensino
espiritual, o sistema social da época mantinha um tipo de educação própria da
classe feudal, que consistia na preparação de pajens e senhores na arte da
cavalaria. Tal educação não se opunha à religião, pois a cavalaria era santificada
pelos clérigos. Seu objetivo era tornar os jovens da classe nobre dignos da
admiração dos servos, justos, sábios e prudentes no trato das coisas do estado.
A unificação dos
conhecimentos existentes e a sistematização da teologia completaram a obra dos escolásticos.
As manifestações do sentimento nacional, no entanto, minaram lentamente o
sistema feudal. Generalizou-se o desejo por novos estilos de vida. A educação
européia, ameaçada de se transformar em retórica vazia, foi salva pelo
renascimento dos estudos clássicos, iniciados ainda nas primeiras décadas do
século XIV.
Educação no Humanismo
Desde o século XI
as cidades do norte da Itália apresentavam maior progresso material e cultural
que o resto da Europa. O espírito clássico, na verdade, nunca morrera. A Divina
comédia, de Dante, demonstrou que o poeta escolástico era também um estudioso
dos clássicos latinos. O grande impulso para o retorno aos clássicos foi dado
por Petrarca e Boccaccio. O movimento, iniciado na Universidade de Florença,
logo se espalhou a outros países; mas as ricas comunas italianas permaneceram
como centros de irradiação da cultura.
O serviço mais
valioso prestado pelos humanistas peninsulares foi abrir caminho para a
instauração de uma atmosfera intelectual mais livre. Mas o espírito do
movimento reside na oposição à autoridade e na afirmação da liberdade
individual, que se manifestou de várias formas. Na Itália, refletiu-se nas
artes e na literatura, em que o paganismo substituiu o cunho moral ou
religioso. Na Alemanha, surgiu em forma de reação contra o sistema doutrinário
da igreja, e único meio de abolir os abusos eclesiásticos. Nesse sentido, a
Reforma protestante de Lutero foi a manifestação do movimento renascentista
alemão.
A princípio, o
interesse pelo estudo da literatura clássica não deixou transparecer qualquer
antagonismo com a fé católica, e muitos de seus mais calorosos partidários
professavam o catolicismo. Muitas escolas realizaram versões cristianizadas de
Quintiliano e Plutarco. Alguns humanistas, como Nicolau de Cusa, Alexander
Hegius e Jakob Wimpheling, na Alemanha; Erasmo, na Holanda; William Grocyn,
Thomas More e John Fisher, na Inglaterra, buscaram difundir o estudo clássico
junto com o ensinamento religioso.
Quando a Reforma
religiosa de Lutero dividiu toda a Europa em dois campos antagônicos, a maioria
das escolas e muitas universidades aceitavam com certa frieza os estudos
humanistas. Os efeitos imediatos da controvérsia religiosa sobre a educação
foram desastrosos. Em muitos casos, a secularização da propriedade eclesiástica
absorveu as dotações das escolas e provocou o desaparecimento de muitas delas.
As discussões teológicas invadiram a universidade e seguiu-se um período de
decadência cultural e de dissolução dos costumes. Houve tentativas de restauração,
entre elas a iniciada pelo teólogo e educador alemão Philipp Melanchton, que
fundou e reorganizou numerosas escolas na Alemanha.
Nos países
católicos, a igreja reteve o controle da educação. A supressão dos abusos
eclesiásticos pelo Concílio de Trento e a energia da Companhia de Jesus,
fundada por Inácio de Loiola, recuperaram para a igreja a maior parte do sul da
Alemanha. As universidades eram dirigidas por padres, e o escolasticismo,
expurgado dos exageros, foi restaurado. Os métodos de ensino da Companhia de
Jesus e seu currículo clássico, elaborado com grande habilidade, ganharam fama.
Educação no Renascimento
O final do século
XVII presenciou um verdadeiro renascimento da vida universitária em Cambridge,
sobretudo através da obra de Isaac Newton e da crescente atenção dedicada às
ciências físicas e às matemáticas, ainda que o número de estudantes continuasse
bastante reduzido. Também na Alemanha inaugurou-se nova era para a educação com
a fundação das universidades de Halle, em 1694, e de Göttingen, em 1737, nas
quais se combateu a velha concepção de que a função da universidade era
transmitir conhecimentos completos, o que proporcionou o advento de uma nova
cultura, atraiu numerosos estudantes e espalhou sua influência para outras
universidades alemãs.
Em Halle
iniciou-se um movimento em favor da educação dos filhos dos pobres. Campanhas
do mesmo estilo foram realizadas na França e na Inglaterra. Os resultados,
porém, não foram compensadores: as amplas massas do povo permaneceram, em toda
a Europa, afastadas da cultura.
Educação no Humanismo
Desde o século XI
as cidades do norte da Itália apresentavam maior progresso material e cultural
que o resto da Europa. O espírito clássico, na verdade, nunca morrera. A Divina
comédia, de Dante, demonstrou que o poeta escolástico era também um estudioso
dos clássicos latinos. O grande impulso para o retorno aos clássicos foi dado
por Petrarca e Boccaccio. O movimento, iniciado na Universidade de Florença,
logo se espalhou a outros países; mas as ricas comunas italianas permaneceram
como centros de irradiação da cultura.
O serviço mais
valioso prestado pelos humanistas peninsulares foi abrir caminho para a
instauração de uma atmosfera intelectual mais livre. Mas o espírito do
movimento reside na oposição à autoridade e na afirmação da liberdade
individual, que se manifestou de várias formas. Na Itália, refletiu-se nas
artes e na literatura, em que o paganismo substituiu o cunho moral ou
religioso. Na Alemanha, surgiu em forma de reação contra o sistema doutrinário
da igreja, e único meio de abolir os abusos eclesiásticos. Nesse sentido, a
Reforma protestante de Lutero foi a manifestação do movimento renascentista
alemão.
A princípio, o
interesse pelo estudo da literatura clássica não deixou transparecer qualquer
antagonismo com a fé católica, e muitos de seus mais calorosos partidários
professavam o catolicismo. Muitas escolas realizaram versões cristianizadas de
Quintiliano e Plutarco. Alguns humanistas, como Nicolau de Cusa, Alexander
Hegius e Jakob Wimpheling, na Alemanha; Erasmo, na Holanda; William Grocyn,
Thomas More e John Fisher, na Inglaterra, buscaram difundir o estudo clássico
junto com o ensinamento religioso.
Quando a Reforma
religiosa de Lutero dividiu toda a Europa em dois campos antagônicos, a maioria
das escolas e muitas universidades aceitavam com certa frieza os estudos
humanistas. Os efeitos imediatos da controvérsia religiosa sobre a educação
foram desastrosos. Em muitos casos, a secularização da propriedade eclesiástica
absorveu as dotações das escolas e provocou o desaparecimento de muitas delas.
As discussões teológicas invadiram a universidade e seguiu-se um período de
decadência cultural e de dissolução dos costumes. Houve tentativas de
restauração, entre elas a iniciada pelo teólogo e educador alemão Philipp
Melanchton, que fundou e reorganizou numerosas escolas na Alemanha.
Nos países
católicos, a igreja reteve o controle da educação. A supressão dos abusos
eclesiásticos pelo Concílio de Trento e a energia da Companhia de Jesus,
fundada por Inácio de Loiola, recuperaram para a igreja a maior parte do sul da
Alemanha. As universidades eram dirigidas por padres, e o escolasticismo,
expurgado dos exageros, foi restaurado. Os métodos de ensino da Companhia de
Jesus e seu currículo clássico, elaborado com grande habilidade, ganharam fama.
Educação nos Séculos XVIII e XIX
Os movimentos
intelectuais do século XVIII foram de caráter marcadamente aristocrático. Na
França, Voltaire e os enciclopedistas defendiam a idéia de que a educação devia
ser reservada a um grupo restrito. Tais concepções individualistas não deixaram
de exercer influência sobre as classes cultas. Voltado contra o artificialismo
e a superficialidade da educação clássica, Jean-Jacques Rousseau conclamou a um
retorno às coisas da natureza. Suas idéias não representavam uma simples
revolta transitória contra o convencionalismo reinante, mas a expressão exata
de um novo estilo de vida e de uma nova educação, que influenciaram
profundamente a Europa. O seu Émile representou uma verdadeira declaração de
direitos da infância.
Entretanto, sua insistência na eficácia da natureza,
evidenciada na teoria de que o homem nasce bom e capaz de encontrar a
felicidade, se entregue a seus próprios instintos, mostrou-se muito unilateral.
Kant insurgiu-se
contra tais idéias: para ele, o elemento essencial da educação era a coerção,
que pela formação dos hábitos preparava o jovem para receber como princípios de
conduta as leis impostas de fora. Segundo Kant, o supremo guia da vida é a lei
do dever, que sempre se opõe aos impulsos da inclinação.
A revolução
francesa foi a segunda fase do movimento iniciado com a Reforma. Reafirmou a
preponderância dos direitos naturais, de que derivou o direito que tem toda
criança de ser adequadamente preparada para a vida. O reconhecimento desse
direito teve como conseqüência a criação de um sistema nacional de educação,
que é a característica fundamental da história da educação da maioria dos
países no século XIX.
O educador suíço
Johann H. Pestalozzi foi o primeiro a defender a generalização da instrução, e
a Prússia a primeira nação a pôr tais idéias em prática. Na França e no Reino
Unido, só nas duas últimas décadas do século XIX o estado demonstrou interesse
pela educação das classes pobres.
O sistema de
instrução pública se impôs em quase toda a Europa ocidental e nos Estados
Unidos, e também estendeu-se às mulheres, que até então se achavam excluídas
dos programas educacionais. Entre as causas de tais modificações destacou-se a
convicção de que, com a crescente distribuição do poder político, o estado
tinha o direito de exigir um mínimo de conhecimento de cada cidadão.
Educação no Brasil
Período
colonial
A história da
educação no Brasil iniciou-se com a chegada dos padres jesuítas em 1549.
Visando à propagação da fé, lançaram as bases de um vasto sistema educacional,
que se desenvolveu progressivamente com a expansão territorial da colônia.
Agindo com rapidez, estabeleceram-se no litoral e daí penetraram nas aldeias
indígenas, fundando conventos e colégios. Por dois séculos, foram os principais
educadores do Brasil, ao lado de outras ordens religiosas que também mantiveram
escolas, como a dos franciscanos.
Nas escolas
elementares, base do sistema colonial de educação, que funcionavam onde quer
que existisse um convento, os índios aprendiam a ler, escrever, contar e a
falar o português. Nelas também eram instruídos os filhos dos colonos. A
cultura dos nativos foi, pouco a pouco, substituída pelas idéias dos jesuítas.
Desse ponto de vista, os missionários atuaram como elementos desintegradores
das culturas não-européias.
Na família
patriarcal, a única força que se opunha à ação educadora dos jesuítas era a dos
senhores de engenho, cuja autoridade se exercia não somente sobre os escravos
como sobre suas esposas e filhos. Esse estado de submissão facilitava o
trabalho dos jesuítas, que também procuravam submetê-los à autoridade da
igreja. A família patriarcal seguia, assim, as tradições portuguesas.
Humanistas por
excelência, os jesuítas procuravam transmitir aos discípulos o gosto pelas
atividades literárias e acadêmicas, de acordo com a concepção de "homem
culto" vigente em Portugal. A falta de interesse pelas atividades técnicas
e científicas marcou a educação colonial, por sua vez moldada pela da
metrópole. Principiando pelas escolas de leitura e escrita, não pararam aí os
jesuítas, nem mesmo no primeiro século, pois já havia, então, cursos de
humanidades em seus colégios do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os colégios
que exerceram maior influência foram os de Todos os Santos, na Bahia, no qual
Antônio Vieira foi educado, e o de São Sebastião, no Rio de Janeiro. Ambos
apresentavam o sistema educacional jesuíta em sua forma mais completa, desde o
curso de humanidades até o de teologia e ciências. Eram os centros, por
excelência, de formação dos líderes religiosos.
No sistema de
ensino dos jesuítas, ao curso de humanidades seguia-se o de artes (filosofia e
ciência). Os cursos que preparavam para as profissões liberais só existiam na
Europa, e os estudantes brasileiros procuravam geralmente a Universidade de
Coimbra, famosa pelos cursos de ciências jurídicas e teológicas, e que teve,
por isso, grande importância na formação da elite cultural brasileira.
Educação ao tempo
de D. João VI. Desde a expulsão dos jesuítas em 1759 até a transferência da
corte portuguesa para o Brasil, a educação da colônia passou por um período de
desagregação e decadência. A chegada do príncipe regente, D. João, modificou a
política educacional que o governo luso adotava em relação ao Brasil. A
fundação de várias instituições culturais deu novo impulso à educação: a
Imprensa Régia, a Biblioteca Nacional e um museu, e, sobretudo, as escolas de
ensino superior, a Escola Naval, a Escola Militar, cursos de medicina no Rio de
Janeiro e na Bahia, e nesta última cursos de agricultura, química e desenho
técnico. Essas escolas rompiam com a tradição de ensino excessivamente
literário, vigente na época dos jesuítas. Ficaram, porém, circunscritas quase
exclusivamente ao Rio de Janeiro e à Bahia. O resto da colônia continuava
mergulhado no mesmo atraso. Esse período foi um dos mais importantes na evolução
cultural do Brasil, pois nele foram lançadas as bases de notáveis instituições
culturais.
Império
Com a proclamação
da independência e a fundação do império em 1822, surgiram novas idéias
pedagógicas. Tentou-se organizar um sistema educacional popular e gratuito: uma
lei de 1827 estabelecia que se criassem escolas primárias em todas as cidades,
vilas e povoados, e escolas secundárias nas cidades e nas vilas mais populosas.
Essa lei, porém, não foi muito eficiente na prática, sobretudo pela falta de
especialistas para planejar e executar tal sistema. Quanto à educação superior,
cabe destacar, nessa época, a criação dos cursos de direito, no convento de São
Francisco, em São Paulo, e no mosteiro de São Bento, em Olinda, que exerceram
importante papel na vida cultural do país.
A descentralização
do ensino básico (ato adicional de 1834), cuja organização passou a ser
responsabilidade das assembléias provinciais, teve como conseqüência o
extraordinário desenvolvimento das escolas secundárias particulares, sobretudo
nas capitais das províncias. O Colégio do Caraça, fundado em Minas Gerais,
pelos irmãos lazaristas, tornou-se uma das mais importantes instituições de
instrução secundária.
O Colégio Pedro
II, criado pelo governo federal em 1837, foi uma das mais importantes
instituições de cultura geral fundadas durante o império. As primeiras escolas
normais para a formação de professores foram a de Niterói, em 1835, a da Bahia
(1836), a do Ceará (1845), a de São Paulo (1846) e a do Rio de Janeiro (1880).
O imperador Pedro
II estimulou sob várias formas as ciências, letras e artes do país. No entanto,
a política educacional de seu governo teve de acomodar-se às condições
econômicas e políticas, que determinavam uma dualidade de sistemas
educacionais: para a elite, composta dos filhos dos grandes proprietários
rurais, dos magistrados e políticos e da nascente burguesia comercial, as
escolas secundárias e a faculdade; para o povo, a escola primária, os liceus de
artes e ofícios e a escola normal. A educação superior, inaugurada com os
cursos jurídicos de Olinda e São Paulo, em 1827, teve como característica
durante muito tempo o sistema de faculdades isoladas de tipo profissional, que
formam bacharéis e doutores com o fim de conferir privilégios à elite. A
evolução do sistema educativo prosseguiu lenta, ressaltando-se a ação do
visconde do Rio Branco, que reorganizou a Escola Central, denominada desde
então Escola Politécnica, fundando três cursos básicos, engenharia, mineralogia
e artes e manufaturas. Em 1875, criou, também, a Escola de Minas, em Ouro
Preto.
República Velha
Com a proclamação
da república, a política educacional não se modificou, pelo menos até a
primeira guerra mundial. O tipo de mentalidade formado no período colonial e no
império persistiu: o mesmo gosto pela literatura e retórica, o mesmo
formalismo. Excetuando-se a reforma de Benjamin Constant, influenciada por
idéias positivistas, foi esse o espírito que marcou a constituição brasileira
de 1891, no tocante à legislação educacional. A reforma de Benjamin Constant
estabelecia a primazia dos estudos científicos sobre os de letras, com a
introdução das ciências físicas e naturais já a partir das classes elementares.
Após a primeira
guerra mundial, a "escola nova" penetrou no Brasil: Antônio Sampaio
Dória, em São Paulo (1920), Lourenço Filho, no Ceará (1923), Anísio Teixeira
(1925), na Bahia, Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais (1927),
Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (1928) e Carneiro Leão, em Pernambuco
(1928), tentaram reorganizar os sistemas educacionais. Surgem publicações de
grande interesse, como a obra de Carneiro Leão sobre a educação no campo e a de
Medeiros e Albuquerque a respeito dos testes.
Era Vargas
O movimento de
reformas educacionais desse período era apenas um aspecto do processo
revolucionário que se desencadeou no país a partir de 1924, eclodindo em 1930.
A revolução não adotava propriamente uma política educacional definida, mas,
facilitando a circulação de idéias novas, possibilitou a formação de uma
consciência educacional que exigia a adoção de medidas importantes como a
criação do Ministério da Educação, a reorganização do ensino secundário e da
educação superior com a criação de universidades. O governo provisório criou o
Ministério da Educação e Saúde, nomeando para ministro Francisco Campos, que
empreendeu a reforma da educação superior, com a elaboração do estatuto das
universidades.
A primeira
universidade criada dentro do espírito da reforma Francisco Campos foi a de São
Paulo, em 1934, contando com uma faculdade de filosofia, ciências e letras. Em
sua atuação, essa universidade dispensou atendimento especial às pesquisas
científicas. Em 1935, Anísio Teixeira fundou a Universidade do Distrito
Federal, com cinco escolas: Faculdade de Filosofia e Letras, de Ciências, de
Direito e Economia Política, de Educação, e Instituto de Artes. Essa
universidade foi extinta em 1938, e sua Faculdade de Filosofia, incorporada à
Universidade do Brasil, passou a constituir a Faculdade Nacional de Filosofia.
A reforma
Francisco Campos intensificou os debates em torno da política educacional do
país, delineando-se então duas grandes correntes: a dos reformadores, que
lutavam por uma crescente democratização da escola - a chamada "escola
nova" - e a da igreja, que combatia o laicismo das novas teorias
pedagógicas. Essas duas facções permaneceram em oposição até 1937, ano em que o
golpe de estado instituiu o regime ditatorial. A carta constitucional de 1937
adotou alguns dos principais pontos defendidos pelos reformadores, mantendo o
caráter gratuito e compulsório do ensino primário e preocupando-se, sobretudo,
com a instrução vocacional e pré-vocacional.
República
Populista
De acordo com os
dispositivos constitucionais de 1946, foi apresentado à Câmara dos Deputados,
em 1948, o projeto de diretrizes e bases da educação nacional, elaborado por
uma comissão de educadores de diversas tendências ideológicas, entre os quais
figuravam o padre Leonel Franca, Alceu Amoroso Lima, Almeida Júnior e Lourenço
Filho. O projeto concedia maior autonomia aos estados na organização de seus
sistemas de ensino, dava flexibilidade aos cursos, estabelecia a articulação
dos cursos de grau médio e o currículo mínimo obrigatório, além de uma
conceituação objetiva da autonomia universitária. O projeto recebeu parecer
contrário do deputado Gustavo Capanema e foi arquivado. Retomado em 1952, ficou
em discussão na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados até
1956, quando foi encaminhado ao plenário. Depois de longos debates, foi
finalmente aprovado em dezembro de 1961.
Na área de
educação de adultos foram particularmente importantes no começo da década de
1960 o Movimento de Cultura Popular (MCP), que promoveu a alfabetização de
adultos pelo rádio e contribuiu para recuperar tradições históricas e populares
em Recife; e os Centros de Cultura Popular (CPCs), ligados à União Nacional dos
Estudantes (UNE), que promoveram experiências de arte popular crítica em todo o
país. Somente o Movimento de Educação de Base (MEB) - um outro esforço,
patrocinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - sobreviveu ao
regime de 1964, que criou o Movimento Brasileiro de Alfabetização (o Mobral),
cujas atividades se encerraram com o fim do próprio regime.
Período
Autoritário (1964-1985)
O ensino no Brasil
era organizado em níveis: primário, médio e superior. Pela lei 5.692, o ensino
de nível primário fundiu-se ao antigo ginásio e passou a constituir e ensino de
1º grau; o ensino médio transformou-se em ensino de 2º grau. O sentido básico
da reforma residiu na atribuição de capacidade habilitadora ao ensino médio no
campo profissional, e não somente na preparação para o ensino superior.
Considerando a realidade brasileira, a reforma de 1971 visava à formação de
quadros profissionais dentro do processo de ensino geral, sem
incompatibilização com a possibilidade de continuação dos estudos em níveis
superiores.
Nas quatro
primeiras séries do primeiro grau, as matérias de um "núcleo comum"
nacional e obrigatório passaram a ser tratadas como atividades (comunicação e
expressão, estudos sociais e ciências), incluindo-se ainda uma parte
diversificada, variável de acordo com as condições locais. Nas quatro últimas
séries do primeiro grau, as atividades do núcleo comum foram abordadas como
"áreas de estudo". Nas três séries do segundo grau, o currículo se
apresentou sob a forma de disciplinas, dosadas em cada caso de acordo com a
profissionalização e o curso superior pretendidos.
Exigiram-se
também, em ambos os graus, educação física, educação artística, educação moral
e cívica, programa de saúde e ensino religioso, este obrigatório para os
estabelecimentos oficiais e facultativo para os alunos. O ensino supletivo, por
sua vez, tinha por finalidade suprir a escolarização regular para adolescentes
e adultos que não a tivessem seguido ou concluído na idade própria. Quanto ao
ensino técnico-profissional, a lei adotou uma orientação flexível, pela qual o
aluno pode optar por uma escola profissionalizante que, ao mesmo tempo, o
habilita a ingressar na universidade. Os principais órgãos de treinamento são o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac).
Em 28 de novembro
de 1968 foi aprovada a lei nº 5.540, que fixou normas de organização e
funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, além de
outras providências. Em seu artigo 3º, a lei estabelece que as universidades
gozarão de autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e
financeira. E o artigo 26 determina que o Conselho Federal de Educação fixa o
currículo mínimo e a duração mínima dos cursos superiores correspondentes a
profissões reguladas em lei e de outros necessários ao desenvolvimento
nacional.
Redemocratização
A filosofia
educacional foi objeto de intensos debates na Assembléia Nacional Constituinte.
Os defensores da democratização do ensino tentavam garantir proteção
constitucional para uma educação leiga, universal e gratuita, com forte ênfase
no ensino público, admitindo o privado sem direito a verbas públicas e sujeito
a controle do poder público. Os privatistas defendiam a ampla liberdade de ação
para o ensino privado e opunham-se à proibição de subsidiá-lo. Os primeiros
fizeram aprovar o artigo 205, segundo o qual a educação é "direito de
todos e dever do estado". Os privatistas fizeram acrescentar a esse
dispositivo o inciso III do artigo 206, estabelecendo a "coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino"; e o artigo 213, que permite a
destinação de recursos públicos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas.
O artigo 209, em seu inciso II, estabeleceu que o ensino é "livre à
iniciativa privada", mas sujeito à "autorização e avaliação de
qualidade pelo Poder Público".
Ramos da Educação
Educação
artística
No começo do
século XX, o poeta e pensador indiano Rabindranath Tagore concebeu um amplo e
flexível sistema de educação. Nele, a atividade artística era encarada como
fator indispensável ao desenvolvimento harmônico de todos os aspectos da
personalidade da criança. Teve também grande importância no século XX o
movimento cultural da educação pela arte, cuja meta era integrar o processo
criador nas escolas de todos os níveis, tomando como ponto de vista
programático a valorização da arte no processo educacional. Entre os expoentes
da educação pela arte incluíram-se Herbert Read, Arno Stern, Pierre Duquet e,
no Brasil, o pintor e educador Augusto Rodrigues. Este último fundou a
Escolinha de Arte do Brasil em 1948, pioneira no campo da educação artística. O
trabalho ali realizado com crianças foi fundamental para dar uma visão da
importância da arte na formação do indivíduo.
Educação cívica
No planejamento
curricular, a educação cívica passou a ser uma disciplina obrigatória. Como o
conjunto de meios empregados para levar o educando a tomar consciência de seus
direitos e deveres como cidadão, a educação cívica apóia-se nas tradições
nacionais e tem como finalidade preparar as gerações para o exercício da
atividade cívica, fundada nos princípios de obediência à lei. Correlaciona-se
intimamente com a educação moral, na medida em que, como esta, se conceitua em
termos de valorização do outro. A formação da consciência cívica poderá fluir
das atividades escolares e extra-escolares e em toda e qualquer programação que
se pretenda oferecer à comunidade, enfatizando-se uma convivência baseada na
ordem social, na liberdade e na justiça, e fomentando-se sentimentos de
solidariedade e responsabilidade social.
Educação física
Como parte da
educação integral, a educação física é praticada nas escolas de quase todos os países.
Consiste no treinamento, através de exercícios metódicos (ginástica, recreação,
desportos), voltado para o desenvolvimento da capacidade e saúde físicas, para
o equilíbrio da personalidade.
Educação de
adultos
As formas de
aprendizado a que recorrem as pessoas na idade madura variam muito, desde o
estudo individual até cursos organizados por pedagogos com especialização nessa
área de educação, e ministrados por professores especialmente treinados.
Formam-se grupos de estudos e realizam-se seminários, laboratórios, cursos por
rádio e televisão etc. Também variam muito os objetivos, que vão da
alfabetização ao aperfeiçoamento pessoal sem finalidade prática e declarada. A
UNESCO organiza, desde a década de 1940, campanhas de alfabetização e de
extensão cultural destinadas aos adultos.
No Reino Unido,
desenvolveu-se uma experiência sem paralelo no campo da educação de adultos: a
Universidade Aberta, que oferece cursos em muitas áreas e praticamente em todos
os níveis. São elaborados por equipes compostas de especialistas de cada área e
produtores de rádio e televisão da rede BBC, que põe os programas no ar. Os
alunos os acompanham em casa, mas têm a sua disposição monitores que orientam
pessoalmente seus estudos em encontros de trabalho na sede da universidade e em
outros locais.
Educação
especial
O aparecimento da
pedagogia psicanalítica, dentre as teorias pedagógicas, foi fundamental para a
educação dos excepcionais. Em particular, Carl Gustav Jung procurou demonstrar
que somente através de uma tipologia pode o ensino realizar seus objetivos.
Esse e outros descobrimentos psicológicos permitiram criar a pedagogia dos
anormais, compreendendo os anormais físicos e psíquicos. Para os anormais
físicos criaram-se estabelecimentos de reeducação e readaptação profissional,
e, para os psíquicos, estabelecimentos especiais onde são utilizados diversos
métodos de psicoterapia. Nos países da Europa e nos Estados Unidos existem
diversas instituições especializadas na educação de crianças excepcionais. A
educação especial, voltada para os excepcionais, não é freqüente, porém, nos
países subdesenvolvidos.
Ensino religioso.
O parágrafo único do artigo 7 da Lei 5.692 estabelece que o ensino religioso,
de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais dos estabelecimentos
oficiais de primeiro e segundo graus.
EDUCAÇÃO
NOVA
O "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova"1 , datado de 1932, foi escrito durante o governo de Getúlio Vargas e consolidava a visão de um
segmento da elite intelectual que, embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a possibilidade de
interferir na organização da sociedade brasileira do ponto de vista da
educação. Redigido por Fernando de Azevedo, dentre 26
intelectuais, entre os quais Anísio Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida Junior "2 , Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes Lima e Cecília Meireles. Ao ser
lançado, em meio ao processo de reordenação política resultante da Revolução de 30, o
documento se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do
país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o
Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma
escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. O movimento reformador
foi alvo da crítica forte e continuada da Igreja Católica, que naquela
conjuntura era forte concorrente do Estado na expectativa de educar a
população, e tinha sob seu controle a propriedade e a orientação de parcela
expressiva das escolas da rede privada.
Contexto e
conteúdo
Ao longo da história educacional da Primeira República (1889 - 1930), a oportunidade de
acesso e a qualidade do ensino brasileiro se configuraram como privilégio de
uma pequena classe dominante em detrimento de grande parcela da população,
formada apenas para trabalhar. A escola brasileira, deste período, contribuía
para formação de uma casta intelectualizada.
O que se verificará, que,
dissociadas sempre as reformas econômicas e educacionais, que era indispensável
entrelaçar e encadear, dirigindo-as no mesmo sentido, todos os nossos esforços,
sem unidade de plano e sem espírito de continuidade, não lograram ainda criar
um sistema de organização escolar, à altura das necessidades do país. O
objetivo do manifesto era de ter uma educação voltada para todos sem
discriminação de classe social.
Os signatários afirmam:
"Em nosso regime político, o Estado não poderá, decerto, impedir que, graças à
organização de escolas privadas de tipos diferentes, as classes mais
privilegiadas assegurem a seus filhos uma educação de classe determinada; mas
está no dever indeclinável de não admitir, dentro do sistema escolar do Estado,
quaisquer classes ou escolas, a que só tenha acesso uma minoria, por um
privilégio exclusivamente econômico. Afastada a idéia de monopólio da educação
pelo Estado, num país em que o Estado, pela sua situação financeira, não está
ainda em condições de assumir a sua responsabilidade exclusiva, e em que,
portanto, se torna necessário estimular, sob sua vigilância, as instituições
privadas idôneas, a escola única se entenderá entre nós, não como uma
conscrição precoce arrolando, da escola infantil à universidade, todos os brasileiros e
submetendo-os durante o maior tempo possível a uma formação idêntica, para
ramificações posteriores em vista de destinos diversos, mas antes como a escola
oficial, única, em que todas as crianças, de 7 a 15 anos, todas ao menos que,
nessa idade, sejam confiadas pelos pais à escola pública, tenham uma educação
comum, igual para todos."3
A escola integral e única proposta
pelo manifesto era definida em oposição à escola existente, chamada de tradicional.
Assim conceituava o manifesto a escola ou educação nova: "A
educação nova, alargando sua finalidade para além dos limites das classes,
assume, com uma feição mais humana, a sua verdadeira função social,
preparando-se para formar a hierarquia democrática pela ‘hierarquia das
capacidades’, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas
oportunidades de educação. Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os
meios de ação durável com o fim de dirigir o desenvolvimento natural e
integral do ser humano em cada uma das etapas de seu crescimento, de acordo
com uma certa concepção de mundo."4
Coerentemente com essa definição da
"educação nova", os educadores propunham um programa de política
educacional amplo e integrador, assim registrado no manifesto: "A seleção
dos alunos nas suas aptidões naturais, a supressão de instituições criadoras de
diferenças sobre base econômica, a incorporação dos estudos do magistério à
universidade, a equiparação dos mestres e professores em remuneração e
trabalho, a correlação e a continuidade do ensino em todos os graus e a reação
contra tudo que lhe quebra a coerência interna e a unidade vital, constituem o
programa de uma política educacional, fundada sobre a aplicação do princípio
unificador que modifica profundamente a estrutura íntima e a organização dos
elementos constitutivos do ensino e dos sistemas escolares."
Referências
- Ir para cima ↑ José Luís de Paiva Bello. História da Educação no Brasil - Período da Segunda República (resumo do Manifesto). Pedagogia em Foco. Página visitada em 3 de junho de 2011.
- Ir para cima ↑ Prof. Dr. Antônio Ferreira de Almeida Jr.
- Ir para cima ↑ Helena Bomeny. O Brasil de JK. Fundação Getúlio Vargas. Página visitada em 5 d~~~~e junho de 2011.
- Ir para cima ↑ Tatiana Barros. Principais propostas do manifesto. SHVONG. Página visitada em 4 de junho de 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário