INTRDUÇÃO
O presente trabalho
retrata das “Potencialidades, importância
do Ensino da Geografia, como ciência que estuda a sociedade e suas contradições
usando o espaço como categoria para entendimento entre professor e aluno”.
O Ensino da Geografia
nas séries iniciais; analisando o papel do professor no processo
ensino-aprendizagem e a importância do planejamento para se ter um ensino
eficaz.
E para que haja esse entendimento é necessário que
haja um espaço que é a sala de aula. E é na sala de aula, que o saber se faz,
momento em que, professor e alunos se completam como elementos de um mesmo
processo de ensino aprendizagem. É o momento de o saber elaborado assumir forma
de conteúdo escolar,ou seja, “torna-se recurso para formação intelectual do ser
humano, dentro dos parâmetros em que se define a especificidade da prática
social educativa ai realizada.”
Espaço influi em nossa vida e como nós o modificamos é
o principal papel das aulas de Geografia.
A
grande potencialidade do ensino de geografia é a formação do cidadão, visto que
seu objecto de estudo é o espaço. Este se constitui como político, cultural,
social, como também físico. É, ao mesmo tempo, concreto e abstracto. É, enfim,
dialéctico. Portanto o espaço geográfico pode/deve não apenas ser visto, como
trabalhado como o lugar de vivência, aproximando-se portanto do aluno e de sua
realidade.
O
Ensino Da Geografia E Seu Planeamento
O
capítulo trata da importância do ensino da Geografia nas séries iniciais,estaremos
dialogando com autores como PONTUSCHUKA 1998, CALLAI 2003/1991,Castrogiovanni
2003, KAERCHER 2003 e LANA Cavalcanti 1998. Os autores estarão trazendo os
subsídios necessários para a afirmação de que o ensino da Geografia nas séries
iniciais tem seu valor educativo indispensável e insubstituível na formação
do cidadão.
Analisaremos
também, a importância do papel do professor no processo ensino-aprendizagem, bem
como a importância do planeamento para um trabalho eficaz. A pesquisa foi
baseada nas idéias de autores que vem contribuindo para a melhor qualidade e
aperfeiçoamento de profissionais da educação, a saber;(VASCONCELOS 2002,
CASTROGIOVANNI 2003, KAERCHER 2004, MASSETO 2003
E
GADOTTI).
O
Valor Educativo da Geografia nas Series Iniciais
Para
falar do valor educativo da Geografia, recomenda-se citar,primeiramente, que o
seu ensino tem a função de dialogar estabelecendo a relação entre certos campos
de conhecimento das ciências naturais, tais como: a geologia, a antropologia, a
demografia e outros. Sem esquecer aqueles saberes que não foram transformados em
disciplina escolar.
Vários
autores têm se dedicado a pensar no significado da Geografia no ensino. Para
alguns, o conteúdo da Geografia é o mundo, o espaço e a sua dinâmica contínua,
nos quais as mudanças ganham cada vez mais velocidade.
Nesse
contexto, é preciso dar condições aos alunos de pensar globalmente, isto é,
pensar e agir, buscando elementos que permitam compreender e explicar o mundo em
permanente reinvenção.
Pontuschuka
(1998, p.63), por exemplo, resgata a “importância da Geografia na formação
intelectual, e ética dos jovens, na construção da sua cidadania e na consciência
de sua dignidade humana”.
Importante
ressaltar que a formação dos jovens é resultado de um processo contínuo.
Iniciando-se já nos primeiros anos de vida da criança, as séries
iniciais estarão trazendo os subsídios necessários para essa formação. Indo de
encontro assim, com as idéias Callai (1991, p.37), quando fala sobre a
importância do ensino da Geografia nas séries iniciais, “os anos das séries
iniciais são um período em que acriança está aprendendo a socializar-se”.
Esta
socialização se dá através das relações que se estabelecem dentro da sala de
aula, na interação entre: aluno/aluno, aluno/professor e aluno/conteúdos
–momento de alfabetização, processo de conhecer a si mesmo dentro de um tempo
e espaço determinados.
Nesta
fase (entre os 6 a 9 anos), o aluno passa a perceber o convívio nos grupos, na
escola, em casa, no bairro onde mora, enfim, todo o contexto social. Acriança
das séries iniciais está se munindo de instrumentos necessários para a vida.
É
nesse contexto, que CALLAI nos fala sobre a importância dos Estudos Sociais no
lugar do ensino de História e Geografia:
-
As séries iniciais, período em que se dá a alfabetização, são o início da
vivências ocializadora em um grupo formal, organizado fora da criança e por
motivos externos a ela. Se o aluno tem que vivenciar a sua vida dentro desse
grupo,formalmente desenvolvendo a aprendizagem de certos aspectos da vida, não
se pode deixar de lado a vivência que ele tem fora da escola, e aquela dos anos
devida que precederam a alfabetização (dentro e especialmente fora da escola).
Aíque
é importante o papel dos Estudos Sociais dentro do currículo por actividades.
Aquilo
que chamamos de Estudos Sociais perpassa todo o trabalho da sala deaula, seja
nas actividades especiais da matemática, da linguagem ou das ciências naturais
(CALLAI, 1991)
A
autora ressalta, ainda, que o ponto básico dos Estudos Sociais nas séries iniciais,
é fazer com que o aluno compreenda seu “viver”, desta forma, o estudo deve
possibilitar ao aluno: vivenciar o espaço em que vive; reconhecer o mundo que
o rodeia entender as relações sociais em que está envolvido, compreender porque
as coisas acontecem compreender a história e os processos que a desenvolveram.
O trabalho deve sempre ser desenvolvido a partir da realidade do aluno, pois o
homem não pode ser visto desligado da realidade em que vive, mas inserido em
seu meio,
como
cidadão de direitos e de deveres em relação à própria sociedade.
É
importante ressaltar que, de acordo com a autora supracitada, as disciplinas de
História e Geografia devem estar nos currículos com o nome de Estudos Sociais
apenas nas séries iniciais.
Nos
anos seguintes, as disciplinas de História e Geografia devem estar assim,
definidas na grade curricular.
Se
nos anos iniciais o objectivo principal é a alfabetização, a contribuição da
Geografia é exactamente oferecer ao aluno a possibilidade de ler e escrever o
mundo em que vive. A educação geográfica, desde os anos iniciais, introduz sua
linguagem e conceitos específicos, para Castro GIOVANNI (1991), “a construção da
noção de espaço requer longa preparação e está associada à liberação progressiva
e gradual do egocentrismo”.
A
construção da noção de espaço pelas crianças vai do espaço – da acção/espaço
vivido – passando pela construção do espaço representativo, chegando às relações
espaciais topológicas, que são: vizinhança, separação, ordem,
sucessão,envolvimento e continuidade; às relações projectivas: noção de
direito-esquerda, frente/atrás, em cima/em baixo e ao lado; e, por fim, às
relações euclidianas: distância,comprimento, superfície.
Conforme
o autor é importante que a Geografia trabalhe buscando liberar o egocentrismo da
criança, desenvolvendo trabalhos a partir de seu próprio corpo. Pois o espaço
construído a partir da reflexão só se dá após a criança ter passado
pelo conhecimento espacial corporal.
Assim
sendo, a evolução da forma de conceber o espaço seguido pelas crianças e que vão
do: espaço vivido, o espaço percebido e o espaço concebido, são fundamentais
para que a criança conceba a vida e o espaço que o cerca,compreendendo-se como
ser único, porém social e que faz parte de uma sociedade.
Indo
assim também, de encontro com Kaercher, quando nos fala que:
·
- A tarefa do educador
seria a de “trazer” o dia a dia para a sala de aula, pois precisamos deixar de
mascarar a realidade e contribuir com nossa prática paraa criação de um espaço
que seja o da liberdade dos homens e não o espaço da simples reprodução.
(KAERCHER, 2003)
Indo
ao encontro das idéias do autor quando fala que a prática do educador deve ser o
de educar para a liberdade dos homens, pode-se afirmar que é possível faze-lo,
já a partir dos primeiros anos das séries iniciais. Pois quando
educamos acreditando que temos em nossa sala de aula, cidadãos individuais,
únicos, quando entendemos que os seres humanos fazem sua própria história e que
ao mesmo tempo são determinados por ela, estamos sim, contribuindo na formação
de seres pensantes e críticos.
Sobre
essa forma de ver a Geografia,LANA Cavalcanti (1998) contribuinos falando que o
ponto de partida para se reflectir sobre a construção de conhecimentos
geográficos na escola deve ser “o papel e a importância da Geografia para a vida
dos alunos”. Ou seja, prover bases e meios para o desenvolvimento da capacidade
de os alunos compreenderem o papel do espaço nas práticas sociais e destas na
configuração do espaço.
O
que se acredita é que, ao longo da História, os seres humanos organizam-se em
sociedade e vão produzindo sua subsistência, produzindo com isso seu espaço, que
vai se configurando conforme os modos culturais e materiais de organização dessa
sociedade. Há, dessa forma, um carácter de especialidade em toda prática social,
assim como há um carácter social da especialidade.
Além
disso, o pensar geográfico contribui para a contextualização do próprioaluno
como cidadão do mundo, ao contextualizar espacialmente os fenómenos, ao conhecer
o mundo em que vive, desde a escala local àregional, nacional e mundial. O
conhecimento geográfico é, pois, indispensávelà formação de indivíduos
participantes da vida social a media que propicia oentendimento do espaço
geográfico e do papel desse espaço nas práticas sociais. (CAVALCANTI, 1998)
Desta
forma, conforme os estudos mencionados podemos afirmar que o valor educativo da
Geografia nas séries iniciais pode ser identificado, a princípio, pelo simples
fato de que todos nós ocupamos um determinado lugar no espaço. Neste espaço,
cada um tem seus limites e as características que são suas marcas específicas.
Movimentar-se nele, passa a ser o desafio para o aluno e, para tanto,
eleprecisa conhecer, identificar e compreender os objectos e as relações entre
os mesmos.
Potencialidade de
ensino de geografia
A
Geografia tem grande potencialidade na formação do cidadão, visto que seu
objecto de estudo é o espaço. Este se constitui como político, cultural,
social, como também físico. É, ao mesmo tempo, concreto e abstracto. É, enfim,
dialéctico. Portanto o espaço geográfico pode/deve não apenas ser visto, como
trabalhado como o lugar de vivência, aproximando-se portanto do aluno e de sua
realidade.
Segundo
SANTOS e KAHIL (2007) é no espaço geográfico que os processos sociais ocorrem e
através de seu estudo que o aluno compreende a dinâmica dos lugares, já que o
lugar não está sozinho, mas é reflexo de um todo. As transformações políticas,
sociais, económicas e culturais articulam-se no lugar, resultando suas
particularidades. Portanto, ao almejar um ensino significativo e atraente para
os alunos cuja efectivação propicie as bases para o exercício pleno da
cidadania, deve-se partir da
Realidade próxima e das condições sociais de
vivência desses mesmos alunos. Isso nos
Leva
a uma categoria de análise e estudo da Geografia que é o Lugar:
“Lugar é a porção do espaço apropriável para a
vida, que é vivido, reconhecido e cria identidade. Ele possui densidade
técnica, comunicacional, informacional e normativa. Guarda em si o movimento da
vida, enquanto dimensão do tempo passado e presente. É nele que se dá a
cidadania, o quadro das mediações se torna claro e a relação sujeito-objeto
directa.
É no lugar que ocorrem as relações de consenso e
conflito, dominação e resistência. É a base da reprodução da vida, da tríade
cidadão identidade lugar, da reflexão sobre o quotidiano, onde o banal e o
familiar revelam as transformações do mundo e servem de referência para
identifica-las e explicadas”(GEOCIÊNCIAS, 2008).
O ensino da Geografia possibilita e proporciona uma
educação cidadã, mas nunca apenas a Geografia. Na verdade, o que proporciona a
cidadania é um conjunto de disciplinas onde a Geografia tem uma importância
fundamental, assim como a História e até outras disciplinas que a gente acha
que não tem uma certa relação, como a Matemática e a Física, com certeza, têm. (SERRA-ES,
2008)
Sabe-se
que o fato de os professores conceberem a educação e, por conseguinte, o ensino
da Geografia como elementos com potencialidades para um exercício de se formar,
(auto) formando-se para a cidadania, sugere a existência de práticas
pedagógicas alternativas que possibilitem romper com a dicotomia denunciada por
SAVIANI (1983). Portanto, ouvir e dar vozes aos professores significa
contribuir para a superação de tais obstáculos, uma vez que conhecer
determinadas práticas possibilita não só copiá-las e repeti-las, como também
promover adaptações das mesmas às diferentes realidades.
Embora no discurso da grande maioria dos
professores de geografia exista o consenso quanto à importância da mesma e de
seu ensino para a formação da cidadania discente, ainda é possível detectar
práticas eivadas de contradição, persistindo a propagação de posturas
tradicionais, desestimulante a aprendizagem por apoiarem-se em exigências.
Actualmente,
há trabalhos e artigos enveredam na discussão da didático-pedagógica
geográfica, buscando compreender as acções do professor, bem como a
aprendizagem do aluno CAVALCANTI (1998); Oliveira (2006); VILHENA (2010) busca
pensar as concepções geográficas escolares como o professor proporciona a
inter-relação com seu aluno, para que este possa compreender os processos ou
fenómenos geográficos que interferem na sua vida. Isso requer que o professor
tenha um conhecimento pedagógico expressivo, para realizar de maneira
organizada as acções didácticas pertinentes a determinado grupo de alunos e
determinado contexto. Uma relação didáctica requer que o professor saiba
articular-se ou se “inter-relacionar” com o outro, ou seja, saiba utilizar
métodos adequados que facilitem a aprendizagem do aluno.
O
Planeamento e a Pratica Pedagógica do Professor das Series Iniciais
Para
que o ensino da Geografia nas séries iniciais, possa ser eficaz,exige-se o
exercício de uma prática pedagógica na qual é importante o papel doprofessor,
da escola, do aluno e do contexto em que este está inserido.
O
professor precisa superar a postura receptiva e reprodutiva. Há que seimprimir
uma visão investigava e de pesquisa, ou seja: o professor deve estar
sempreaberto a novas informações, ser curioso, actuante e principalmente manter-se
emconstante estágio de formação continuada. Porém, para que se possa
sistematizar eseleccionar os conhecimentos adquiridos através da investigação e
pesquisa faz-senecessário planejar suas acções.
A
pesquisa se coloca como base para o estudo na educação geográficaconsiderando
que o mundo está em constante (e cada vez mais acelerada)transformação. O
desafio é colocar essas informações num contexto de um quadro deanálise com
referenciais teóricos que permitam organizar o conhecimento. No entanto,não se
pode deixar de considerar a velocidade das transformações comparada com
alentidão da estrutura de ensino, seja do ponto de vista material (mapas,
revistas,globos,...), seja do ponto de vista dos recursos humanos (formação
continuada dosprofessores, por exemplo).O mundo fora da escola está repleto de
informações e conhecimentos, osquais deverão ser trazidos para o ambiente
escolar para que possam ser discutidos ereflectidos.Sobre essa dicotomia CASTROGIOVANNI
ressalta que:
·
- Existe ainda pouca
aproximação da escola com a vida, com o quotidiano dosalunos. A escola não se
manifesta atraente frente ao mundo contemporâneo,pois não dá conta de explicar
e textualizar as novas leituras da vida. A vida forada escola é cheia de
mistérios, emoções, desejos e fantasias, como tendem aser as ciências. A escola
parece ser homogénea, transparente e sem brilho noque se refere a tais
características. É urgente teorizar a vida, para que o alunopossa compreendê-la
e representá-la melhor e, portanto, viver em busca deseus interesses
(CASTROGIOVANNI, 2003).
Considerando
o contexto actual, a concepção de Geografia adoptada e o valoreducativo, cabe
ao professor estabelecer as linhas do processo deensino/aprendizagem, uma vez
que ele possui a dimensão técnica e pedagógica do sere fazer profissional.
Portanto uma metodologia pontuada apenas na transmissão ourepasse de conteúdos
não é mais suficiente para trabalhar a educação geográfica. Kaercher nos diz
que é fundamental que o educador saiba ouvir, induza asdiscussões, faça provações
e proponha novos temas a partir das informações proporcionadas pela mídia.
Questionar
o que a mídia apresenta é fundamental, pois, sem dúvida,qualquer criança ou
adolescente passa horas em frente à televisão. Mastambém é fundamental que se
organize o que eles dizem, isto é, nossa tarefanão é apenas provoca-los a falar
sobre as coisas. É preciso organizar,sistematizar o que se fala, o papel
essencial do professor nessesmomentos é o de aprofundar as discussões. Isso
implica trazer material, novostextos, esclarecer dúvidas, pedir para o aluno
repetir ou explicar melhor uma determinada fala, etc. (KAERCHER, 2003).
Assim
sendo, é por meio da pesquisa que o professor juntamente comseus alunos poderá
problematizar a realidade a partir da análise do espaço construído.As
informações que chegam através de diversos meios de comunicação exigem
um profissional constantemente actualizado, capaz de re-significar
cientificamente as informações adquiridas por meio dos diversos veículos.
Contudo,
a eficácia do trabalho desenvolvido pelo professor não dependerá apenas de seu
conhecimento científico. Grande parte dos resultados dependerá de um bom planeamento.Desta
forma, podemos afirmar que para ser um bom profissional faz-senecessário, além
de ter postura investigava e de pesquisa, que o professor saiba planejar suas acções.
Não
basta apenas ter conhecimento de um amontoado de assuntos, é necessário saber o
que, para que e para quem se vai ensinar. Daí a necessidade da organização e selecção
dos conteúdos a serem trabalhados. Tal acção só se faz possível com planeamento
por parte do professor.
Planear
no campo educacional significa elaborar um plano de intervenção,num processo
contínuo, dinâmico e permanente de reflexão e tomada de decisão para posterior
prática e elaboração do plano.
Planear
é antecipar mentalmente uma ou um conjunto de acções a serem realizadas e agir
de acordo com o previsto. Portanto, o planeamento é uma
mediação teórico-metodológica para a acção, consciente e intencional.
Tem
por finalidade procurar fazer algo vir à tona, fazer acontecer, concretizar,e,
para isto, é necessário amarrar, condicionar, estabelecer as condições objectivas prevendo
o que vêm da acção no tempo (o que vem primeiro, o que vem em seguida) no espaço
(onde vai ser feita), as condições materiais e equipamentos que serão
necessários) e políticas (relações de poder,negociações, estruturais), bem como
a disposição interior (desejo, mobilização)para que aconteça. (VASCONCELOS,
2002)
É,
portanto, o planeamento, uma possibilidade de intervenção. Deve ser um documento
elaborado a partir de processo que envolva a prática docente no quotidiano escolar,
durante todo o ano lectivo. Assim sendo, o planeamento deve ser pensado antes do
início das aulas, e seu uso deve ter o objectivo de pensar e repensar a
prática do quotidiano escolar.
De
acordo com MASETTO, no panejamento realizado pelo professor, algumas premissas
são fundamentais:
·
-A necessidade de
conhecer a disciplina em seus aspectos teórico metodológicos, tendo o domínio
conceitual; 2) a dimensão pedagógica de o seu fazer profissional; 3) a
referência da Directriz Curricular da disciplina; 4) a necessidade de conhecer
os documentos oficiais, dentre os quais destacamos o Plano Político Pedagógico
da escola e 5) o contexto em que esta se insere.
Nesse
sentido, deve o professor incorporar o quotidiano de seus alunos no planeamento
escolar. (MASETTO, 2003)
O
que é importante haver sempre em um planeamento é a possibilidade de inserção do
inesperado, isto é, de inserir temas não previstos que ganhem importância a
partir de algum fato inusitado, muitas vezes motivadores do aprendizado em
função da massificação dos meios de comunicação.O planeamento de uma disciplina
não pode ser considerado uma camisa-de-forças,que retira a liberdade de acção
do professor. Ao contrário, um planeamento traz consigo a característica da
flexibilidade. Qualquer plano para ser eficiente precisa ser flexível e
adaptável a situações novas ou imprevistas.
Para
o desenvolvimento do raciocínio geográfico, é necessário seleccionar e organizar
os conteúdos mais significativos e relevantes. A leitura do mundo, do ponto de
vista de sua especialidade, demanda a apropriação pelos alunos de um conjunto
de instrumentos conceituais de interpretação e questionamento da realidade sócio
espacial.
O
professor deve munir-se de diferentes linguagens tecnológicas e recursos
pedagógicos como projectores, mapas, televisores, maquetes, entre outros, afim
de proporcionar aulas atraentes e criativas de acordo com a realidade da escola
e da comunidade. Trabalhar o lúdico e desenvolver actividades criativas que
favoreçam o raciocínio espacial pode garantir um maior dinamismo e interacção
durante as aulas.
Kaercher
diz que há possibilidades e alternativas diversas, bastasermos criativos e
amarmos o que fazemos.
Sei
que a maioria de nós professoremos trabalha em escolas pobres, com poucos
recursos materiais, mas como disse, podemos pegar o material de jornais e
revistas, ir montando um banco de imagens. Pés no chão, tão importante quanto o
material é a criatividade. Sim, isso não exclui a luta que devemos fazer para
que nossas escolas sejam mais bem equipadas e nós professores melhor tratados.
Mas, não é a foto ou o material que vai garantir a aula e sim as questões que
você propuser para os alunos.
A
nova formação do professor deve basear-se no diálogo e visar à redefinição de
suas funções e papéis, à redefinição do sistema de ensino e à
construção continuada do projecto político-pedagógico da escola. O próprio
professor precisa construir também seu projecto político-pedagógico. Antes de
se perguntar o que deve saber para ensinar, a professora deve perguntar por
que ensinar e como deve ser para ensinar. (GADOTTI, 2003).
A
partir dos estudos feitos pode-se afirmar que a função do planeamento é tornar a
acção clara, direccionada e, especificamente no ensino da Geografia deve
ser transformadora. Visto que o objecto do estudo da Geografia hoje, é a análise
de como o homem apropria-se do espaço em que vive e de como produz e o
organiza.Sendo assim, o panejamento do trabalho deve possibilitar ao
educando intervir na sociedade, alterando e reescrevendo o rumo da história.
Dessa
forma, o professor está exercendo bem seu ofício quando leva em conta que os
alunos, principalmente os das séries iniciais, estão passando por uma fase de
transição onde começam a deixar a vida privada familiar para ganhar o mundo e
tornar-se cidadão pleno, indivíduos criativos e independentes que pensam por
si mesmos, capazes de identificar e responder as perguntas.
Importância Dos Estudos
Sociais No Lugar Do Ensino De História E Geografia
As
séries iniciais, período em que se dá a alfabetização, são o início da vivência
socializadora em um grupo formal, organizado fora da criança e por motivos
externos a ela. Se o aluno tem que vivenciar a sua vida dentro desse grupo,
formalmente desenvolvendo a aprendizagem de certos aspectos da vida, não se pode
deixar de lado a vivência que ele tem fora da escola, e aquela dos anos de vida
que precederam a alfabetização (dentro e especialmente fora da escola). Aí que
é importante o papel dos Estudos Sociais dentro do currículo por actividades.Aquilo
que chamamos de Estudos Sociais perpassa todo o trabalho da sala de aula, seja
nas actividades especiais da matemática, da linguagem ou das ciências naturais
(CALLAI, 1991).
O
trabalho deve sempre ser desenvolvido a partir da realidade do aluno, pois o
homem não pode ser visto desligado da realidade em que vive, mas inserido em
seu meio, como cidadão de direitos e de deveres em relação à própria
sociedade.É importante ressaltar que, de acordo com a autora supracitada, as
disciplinas de História e Geografia devem estar nos currículos com o nome de
Estudos Sociais apenas nas séries iniciais. Nos anos seguintes, as disciplinas
de História e Geografia devem estar assim, definidas na grade curricular.
Se
nos anos iniciais o objectivo principal é a alfabetização, a contribuição da
Geografia é exactamente oferecer ao aluno a possibilidade de ler e escrever o
mundo em que vive. A educação geográfica, desde os anos iniciais, introduz sua
linguagem e conceitos específicos, para Castrogiovanni (1991, p.37), “a
construção da noção de espaço requer longa preparação e está associada à
liberação progressiva e gradual do Egocentrismo”.
A
construção da noção de espaço pelas crianças vai do espaço – da acção/espaço
vivido – passando pela construção do espaço representativo, chegando às relações
espaciais topológicas, que são: vizinhança, separação, ordem,
sucessão,envolvimento e continuidade; às relações projectivas: noção de
direito-esquerda, frente/atrás, em cima/em baixo e ao lado; e, por fim, às
relações euclidianas: distância,comprimento, superfície.
Conforme
o autor é importante que a Geografia trabalhe buscando liberaro egocentrismo da
criança, desenvolvendo trabalhos a partir de seu próprio corpo. Pois o espaço construído
a partir da reflexão só se dá após a criança ter passado pelo
Conhecimento
espacial corporal.Assim sendo, a evolução da forma de conceber o espaço seguido
pelascrianças e que vão do: espaço vivido, o espaço percebido e o espaço
concebido, são fundamentais para que a criança conceba a vida e o espaço que o
cerca,compreendendo-se como ser único, porém social e que faz parte de uma
sociedade.
Indo
assim também, de encontro com Kaercher, quando nos fala que:
·
- A tarefa do educador
seria a de “trazer” o dia-a-dia para a sala de aula, pois precisamos deixar de
mascarar a realidade e contribuir com nossa prática para a criação de um espaço
que seja o da liberdade dos homens e não o espaço da simples reprodução.
(KAERCHER, 2003)
Indo
ao encontro das ideias do autor quando fala que a prática do educador deve ser o
de educar para a liberdade dos homens, pode-se afirmar que é possível faze-lo,
já a partir dos primeiros anos das séries iniciais. Pois quando
educamos acreditando que temos em nossa sala de aula, cidadãos individuais,
únicos, quando entendemos que os seres humanos fazem sua própria história e que
ao mesmo tempo são determinados por ela, estamos sim, contribuindo na formação
de seres pensantes e críticos.
Sobre
essa forma de ver a Geografia LANA, Cavalcanti (1998) contribuímos falando que
o ponto de partida para se reflectir sobre a construção de conhecimentos
geográficos na escola deve ser “o papel e a importância da Geografia para a vida
dos alunos”. Ou seja, prover bases e meios para o desenvolvimento da capacidade
de os alunos compreenderem o papel do espaço nas práticas sociais e destas na
configuração do espaço.
O
que se acredita é que, ao longo da História, os seres humanos organizam-se em
sociedade e vão produzindo sua subsistência, produzindo com isso seu espaço, que
vai se configurando conforme os modos culturais e materiais de organização dessa
sociedade. Há, dessa forma, um carácter de especialidade em toda prática social,
assim como há um carácter social da especialidade.
PERSPECTIVAS
DO ENSINO DE GEOGRAFIA NA ATUALIDADE
O
mundo globalizado, com sua lógica de mercado, apresenta uma visão, hoje hegemónica,
onde a escola precisa ser modernizada, não no sentido de viabilizar caminhos colectivos
que vislumbre saídas para diminuir as discrepâncias sociais, mas preparar
indivíduos com habilidades cognitivas e sociais, capazes de responder às
exigências do mercado de trabalho. Assim, a escola continua a servir como
instrumento útil de dominação, pois o que importa é preparar consumidores e
mãos-de-obra que “contribuam” com o futuro das empresas e a manutenção do status.
Mas,
se, por um lado, a escola (e com ela o ensino de Geografia) continua servindo
como aparelho reprodutor das classes dominantes, por outro, constitui-se num
local de encontro de diferentes culturas, de diferentes sujeitos sociais,
capazes de produzirem suas próprias histórias. Não há como educar para a
cidadania se não considerar as lutas que se travam no plano das relações
concretas, quotidianas. É a partir daí que começa a construção de uma visão que
se impõe à visão de mundo neoconservadora, voltada para o reconhecimento dos
direitos e deveres do cidadão.
Nesse sentido, que se reafirma a importância da Geografia para a concretização da cidadania, pois:
É
preciso que as pessoas estejam melhor armadas, tanto para organizar seu
deslocamento, como para expressar sua opinião em matéria de organização
espacial. É preciso que elas sejam capazes de perceber e de analisar
suficientemente rápido as estratégias daqueles que estão no poder, tanto no
plano local, como no internacional.
Para
ajudar os cidadãos ali onde eles vivem a tomar consciência das causas
fundamentais que determinam o agravamento das contradições que eles sofrem directamente
é preciso, primeiro, fazer a análise em termos concretos e precisos dessas
contradições tais como elas se manifestam ao nível local, sobre os locais de
trabalho e da vida quotidiana, sem esquecer as condições ecológicas, que são, frequentemente,
um factor de agravamento.
Para
SANTOS (1995), o ensino de Geografia deve encaminhar à reflexão para o
presente, de forma a propiciar aos alunos o desenvolvimento de um modo de
pensar dialéctico, que é o pensar em movimento e por contradição.
Já
para PONTUSCHKA (1995), a Geografia no Ensino Fundamental e Médio não tem como objectivo
formar geógrafos, mas contribuir para a construção da cidadania, em uma
sociedade tão desigual na qual se contesta até mesmo a existência de um
cidadão.
Bibliografia
CALLAI, Helena Copetti. O ensino da geografia: sua constituição no espaço-tempo. InGeografia – .um certo espaço, uma certa
aprendizagem. São Paulo : FFLCH, 1995. Tese (Doutorado). Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, 1995.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos(org). O ensino de geografia: recortes espaciais para análise. Geografia
em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. porto Alegre: UFRGS, 1999.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Ciência geográfica e ensino de geografia. In:Geografia, escola e
construção do conhecimentos. Campinas, SP : Papirus, 1998.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib. O perfil do professor e o ensino/aprendizagem da geografia. In: Cadernos
CEDES. N.º 39. Campinas : Papirus, 1995.
A geografia: pesquisa e ensino. In : CARLOS, A. F. A. Novos
caminhos da geografia. São Paulo : Contexto, 1999.
RESENDE, Márcia Spyer. O saber do aluno trabalhador e
o ensino de geografia. In: VESENTINI, José William (org.). Geografia e
ensino. Textos críticos. Campinas, SP : Papirus, 1989.
Good job, i have been wondering how Geography can be potencial in Human Sciences.
ResponderExcluirObrigado pelo conteúdo, ajudou-me bastante, Deus o abençoe.
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