Introdução
O
trabalho versa acerca de Ecossistema com o seu maior enfoque no Mangal. Foi-nos
pedido pela Docente Telma, da cadeira de Biogeografia, a elaboração de um
trabalho cujo tema era livre escolha desde que respeitássemos a condição de
analisar qualquer ambiente.
Este ecossistema que é de extrema
importância para os diferentes seres vivos que nele habitam como também dele
depende. Porem apesar da sua extrema relevância este ecossistema está em
constante perigo devido as acções humanas que perigam a vida neste ambiente
através da desflorestação e da urbanização ao longo do litoral.
Palavras-chave:
ecossistema, mangal.
Justificativa
A escolha
do tema, pretende-se com o facto de procurar compreender a importância deste
tipo de ecossistema e das causas da sua diminuição.
Tendo em
conta que durante o percurso do canal de Chiveve, nas suas margens caracteriza-se
pela predominância deste tipo de espécie em pequenas escalas uma das outras
secções durante o percurso do canal, achamos procurar entender o que se deve da
sua diminuição. Sendo assim, acha-se relevante o estudo das causas que associam
a tal diminuição e que implicação, sejam eles positivos ou negativos tem para a
sociedade circunzinhas. Importa também a chamada de atenção da sociedade em
geral e da comunidade em particular sobre a relevância do tema, de modo que
contribuam para o bem-estar socioeconómico da sociedade.
Problematização
Tendo em conta que as margens do percurso do canal do Chiveve, encontram-se espécie do ecossistema do mangal, em uma escala muito diversificada, levanta-se a seguinte questão:
Ø Que causas influencia a diminuição do ecossistema do mangal?
Hipótese
Principal
Ø Acção
antrópica.
Secundaria
Ø Abate
do mangal para a construção das habitações e fornecimento de madeira;
Ø Acção
dos ventos.
Objectivos
Para
uma melhor realização do trabalho aponta-se como objectivo:
Geral
Ø Compreender
o ecossistema do mangal
Objectivo específico:
ü Localizar
geograficamente o mangal no geral e na área de estudo;
ü Descrever
o perigo e formas de protecção do mangal;
ü Identificar
a fauna e flora deste ecossistema;
ü Descrever
as causas da sua diminuição.
Metodologia
O
trabalho foi feito com recurso as fontes que foram susceptíveis a observação
com recurso a Pesquisa Bibliográfica, Observação Directa e Pesquisa na Internet.
Capitulo I
1. Enquadramento teórico e conceptual
Ecossistema
É
o conjunto de comunidades interdependentes cujos organismos reciclam matéria
enquanto a energia flui através deles.
É
a combinação funcional dos organismos com os factores ambientais, introduzindo
assim dois tipos de componentes interactivas no ecossistema: a componente
abiótica (relacionada com os ambientes) e a componente biótica (relacionada com
os seres vivos). É neste âmbito funcional e relacional que o conceito de
ecossistema acaba por ser transportado para o campo dos media. (CANAVILHAS,
2006:3)
Um
ecossistema é um sistema de organismos vivos e do meio com o qual trocam
matéria e energia. Num ecossistema existem duas ordens de factores. Os factores
abióticos estão relacionados com a forma como o ambiente afecta a comunidade e,
simultaneamente, como este é afectado por ela. Já nos factores bióticos
inclui-se tudo o que diz respeito às relações entre populações, ou seja, à
dependência existente entre elementos de uma mesma população, e entre esta e as
outras populações.
Segundo
Lehninger (1977:7) “em ecossistemas é
importante estudar o fluxo de energia e matéria. A matéria viva é altamente
organizada, ou seja, a sua entropia é baixa, e manter tal nível de organização
contra a tendência natural de aumento de entropia demanda energia.” A
radiação solar é a principal fonte de energia dos organismos de um ecossistema,
entrando via fotossíntese. O fluxo de energia dentro do ecossistema é
unidireccional, não havendo reciclagem de energia, o que é explicado pelas leis
da termodinâmica.
Existem
vários tipos de ecossistemas e sendo o Mangal parte deste ecossistema. E como o
ecossistema é um conjunto vasto escolhe-se o Mangal para uma pequena análise
pormenorizada deste ambiente bio-geográfico.
Mangal
São um grupo de, aproximadamente, 80
espécies de mangais, que podemos encontrar em
todo mundo. Na maioria das vezes aparecem em áreas costeiras abrigadas,
tropicais e inter-tropicais, sujeitas à influência das marés.
Para KATHIRESAN & BINGHAM
(2001:45) Os
mangais
são um grupo muito diverso de árvores não relacionadas umas com as outras, como
as palmeiras, arbustos, plantas trepadeiras ou rastejantes de caule delgado e
fetos, que partilham a capacidade de viverem em solos alagadiços e salinos
sujeitos a uma inundação regular. São plantas altamente
especializadas que desenvolveram adaptações excepcionais em relação às
condições ambientais únicas, nas quais podem ser encontradas.
Uma
área influenciada pela maré pode ser interpretada como sendo uma linha de costa
inundada pelos extremos das marés ou pode referir-se, de uma forma muito mais
ampla, às comunidades das margens donde as marés provocam alguma oscilação no
nível da água mas não alteram a salinidade. Por esse motivo os mangais podem
ser encontrados não só a habitar as
extensas áreas rasas de lodo ou terras lamacentas sob a influência das marés,
mas também ao longo das margens dos rios num ambiente de água doce e não
salobra.
Os
mangais podem ser divididos em dois grupos distintos, os exclusivos e os não
exclusivos. O grupo dos mangais exclusivos são o maior grupo, compreendendo
cerca de 60 espécies e, estes mangais estão confinados às áreas
“entre-marés”, não sendo encontradas dentro de nenhum outro tipo de comunidade
vegetal. As restantes 20 espécies de plantas consideradas como mangais
são as espécies não exclusivas e não estão limitadas ao ambiente típico do
mangal, sendo muitas vezes encontradas em áreas mais terrestres e
mais secas. Como exemplos destes mangais não exclusivos podemos referir
as espécies Hibiscus tiliaceus e Barringtonia acutângula.
1.1 História
Os
mangais são conhecidos e estudados, ainda que muito superficialmente, desde
tempos muito recuados. Os registos escritos mais antigos de descrições sobre a
árvore Rhizophora do mar Vermelho e do golfo Pérsico datam de antes de Cristo.
No entanto, só no século XX é que se deu uma verdadeira explosão de interesse
relativamente a esta floresta e a este ecossistema.
Os
“mangais” têm um elo histórico longo com a cultura e civilização humanas. Nas
ilhas Salomão, os corpos dos mortos eram colocados em águas dos mangais e aí
eram realizados rituais sagrados.
Os
portugueses, muito provavelmente, foram os primeiros europeus a visitar as
florestas de mangal no oceano Índico, por volta do século XIV e aprenderam a tradicional
técnica indiana de exploração agrícola de arrozal e criação de peixe nos
mangais. Isto é ilustrado pelas cartas que os vice-reis da Índia enviaram ao
rei de Portugal. Fonte bibliográfica
Já no século XIX, os britânicos
utilizaram os conhecimentos práticos que os indianos tinham desenvolvido ao
longo de séculos para gerirem as florestas de mangal nos Sunderbans, em
Bengala, para produzirem madeira para construção e vigas e pranchas de madeira,
destinada à construção de navios para a poderosa marinha do império.
1.2 Evolução
Os “mangais” evoluíram de plantas
terrestres para plantas, de certa forma, marinhas. Foram encontrados fósseis de
pólen de mangais
em depósitos inferiores de ambientes estuarinos, isto o que
sugere uma evolução destas plantas de um meio não marinho para um meio de
estuário, com águas salobras.
Num
passado muito distante estas plantas adaptaram-se à água salobra e tornaram-se
no núcleo ou na base da flora da floresta de mangal. A diversidade dos mangais
é muito mais elevada no Índico e no Pacífico Ocidental do que no Atlântico
Ocidental e nas Caraíbas.
Foram
apresentadas duas possibilidades concorrentes para explicarem este padrão. A
hipótese do “Centro de Origem”, indicando que todos os géneros de plantas de
“mangue” surgiram inicialmente no Índico e no Pacífico Ocidental e, depois
disso, ter-se-iam difundido para outras regiões. Por outro lado, a hipótese da
vicariância refere que todos os “mangais” se teriam originado junto do
mar de Tethys, e que posteriormente o movimento dos continentes terá separado e
isolado a flora em diferentes regiões da Terra, onde a diversificação originou
diferentes floras.
As
provas apoiam a hipótese da vicariância, propondo o mar de Tethys como a origem
dos manguesmangais,
demonstrando que a muito maior diversidade de mangais no Índico e Pacífico
Ocidental se relaciona com as condições aí existentes, que favoreceram a
diversificação.
Os
mangais terão surgido na Terra logo após as primeiras angiospérmicas, há cerca
de 114 milhões de anos. Os géneros Avicennia e Rhizophora, os dois mais
representativos, foram provavelmente os primeiros a evoluir, aparecendo próximo
do final do Cretácico. Um estudo sobre o pólen, a partir de amostras do
final do Holocénico, efectuado na Bermuda, aponta para que os mangais ali
estivessem implantados nos últimos 3000 anos, quando o nível do mar apresentou
um decréscimo de 26 para 7 centímetros por século.
O
importante género Avicennia só surgiu nesta região no final do Miocénico, há cerca
de 10 milhões de anos. Um estudo sobre o pólen, a partir de amostras do
final do Holocénico, efectuado na Bermuda, aponta para que os mangais ali
estivessem implantados nos últimos 3000 anos, quando o nível do mar apresentou
um decréscimo de 26 para 7
centímetros por século.
As
alterações
modificações na distribuição dos
“mangais” podem revelar pormenores sobre os paleo-climas e sobre as alterações modificações ou
mudanças no nível do mar.
1.3 A distribuição geográfica do mangal
Os
mangais são encontrados normalmente em volta de todo o mundo no planeta
entre as latitudes 32º Norte e 38º Sul e existem em todos os continentes,
talvez à excepção da Europa.
Como
sabemos a distribuição dos continentes ou das terras emersas e dos oceanos,
consequentemente das linhas de costa ou “franjas” oceânicas, é muito diferente
nos dois hemisférios, sendo decisivo para as áreas onde encontramos este
ecossistema. Seja como for, os limites superiores e inferiores desta extensão
são determinados pela temperatura, embora a precipitação atmosférica e o nível
de protecção do vento e da energia das ondas, sejam factores que afectam a
extensão desta floresta e a sua diversidade.
Os
mangais ocorrem mais frequentemente em áreas onde a temperatura média do mês
mais frio é superior a 20ºC e onde a variação entre as estações não excede os
10ºC. Temperaturas inferiores limitam a distribuição deste ecossistema, uma vez
que impossibilitam o seu aparecimento e desenvolvimento.
As
áreas onde encontramos uma grande variedade de espécies de “mangais” são ao
longo de linhas de costa que recebem uma elevada precipitação e elevado
escoamento
de águas, relacionando-se com a desembocadura dos rios e com uma
forte infiltração vinda de terras mais interiores para as áreas sob a
influência das marés. Estas áreas habitualmente estão sujeitas a um processo de
forte sedimentação, proporcionam uma vasta diversidade de tipos de substrato,
bem como de níveis de nutrientes, que transformam estas áreas em meios físicos,
químicos e biológicos muito favoráveis para o crescimento do “mangal”.
A
estrutura física desta floresta requer a protecção de ventos fortes, uma vez
que a acção do vento gera ondas e estas impedem a fixação, o estabelecimento e
o desenvolvimento das sementes. Em consequência disto, as
comunidades de mangais desenvolvem-se dentro de áreas
costeiras abrigadas, circundantes a estuários muito recortados, baías e ilhas ao longo das
costas, em águas de pouca profundidade, que podem estar e
protegidas por recifes.
Imagem: Áreas mais propensas a Mangais
1.4 Fisiologia (a regulação do sal)
Os mangais são
fisiologicamente tolerantes aos elevados níveis de sal e têm mecanismos para
conseguir obter água doce, apesar do forte potencial osmótico dos sedimentos.
Evitam quantidades abundantes de sal através de uma combinação de exclusão e de
excreção de sal e de, acumulação de sal. Por exemplo, a Rhizophora, a Bruguiera
e a Ceriops possuem filtros muito eficientes nos seus sistemas de raízes.
Outros géneros como a Avicennia, a Acanthus e a Aegiceras, absorvem algum sal,
mas excretam-no através de glândulas especializadas para isso, que têm nas suas
folhas.
À
medida que a salinidade da água aumenta, algumas espécies tornam-se
simplesmente mais moderadas na sua utilização da água, conseguindo deste modo,
uma maior tolerância. No sul da Florida, a Rhizophora mangle, Mangue Vermelho,
diminui a sua tensão ao sal ao usar a superfície da água como a sua única fonte
de água.
Na
estação húmida, a biomassa de raízes finas aumenta a resposta à salinidade
decrescente da superfície das águas elevando directamente a absorção de água
com baixa salinidade. A maioria das espécies de mangais regula directamente os
sais. Todavia, elas podem também acumular ou sintetizar outras substâncias
dissolvidas para regular e manter o equilíbrio osmótico.
Uma
vez que as raízes dos manguesmangais excluem os
sais quando extraem água do solo, os sais no solo poderiam tornar-se muito
concentrados, criando gradientes osmóticos fortes. No entanto, substâncias
poliméricas viscosas na seiva, limitam a razão do fluxo e diminuem
a transpiração. Isto, combinado com uma elevada eficiência no uso da água,
reduz a velocidade de ascensão da água e impede os sais de se acumularem no
solo em redor das raízes, isto o que ajuda os mangais
a conservarem a água e a regularem as concentrações
internas de sal.
1.5 A fauna deste ecossistema
A fauna existente neste ecossistema é
muito variada e em grande quantidade, desde os animais que vivem no mangal,
toda a sua vida, aos que se reproduzem neste habitat e aqui vivem desde o
nascimento e nas suas fases juvenis, até aos animais que apenas procuram o
mangal para se alimentarem ou para encontrar refúgio, em virtude de os seus
habitats estarem em fragmentação e em desaparecimento acelerados.
Segundo
KATHIRESAN & BINGHAM
(2001:47) Os
animais do mangal são de todas as variedades, o zooplâncton, as esponjas e
ascídia, os caranguejos, camarões e muitos outros crustáceos, os moluscos, os
insectos, como é evidente, os peixes e, ainda, os anfíbios, as aves e os
mamíferos.
Desta
forma será obrigatório falar de animais muito maiores, mais conhecidos, mais
“importantes” e até mais bonitos do que o Perioftalmo, mas não se pode falar do
mangal sem referir este pequeno peixe. E porquê o Perioftalmo (mais conhecido
por Saltador-da-Lama)? É que este pequeno peixe encerra na sua biologia e no
seu comportamento a “essência” do mangal.
Não
foram apenas as árvores e outros vegetais do mangal que fizeram adaptações
fantásticas para conseguirem colonizar este meio ambiente, o
pequeno Perioftalmo também as fez: este peixe vive na água e vive.
Os
Saltadores-da-Lama são peixes completamente anfíbios e estão perfeitamente
adaptados ao solo pantanoso do habitat de “entre” as marés. Sobrevivem na maré
baixa escondendo-se ou permanecendo em poças de água, debaixo de algas ou mesmo
enterrando-se no lodo, o que os ajuda a manterem-se húmidos e a escaparem aos
predadores. Todavia são tão activos dentro como fora de água, uma vez que têm
adaptações anatómica e fisiológicas que lhes permitem estar tão à vontade num
meio como no outro.
Estes
peixes conseguem respirar através da pele, tal como os anfíbios, e através da
mucosa do interior da boca e da garganta, da faringe. Têm ainda as câmaras
branquiais muito alargadas e, quando o peixe se encontra fora da água, mantém
os opérculos fechados com água dentro destas câmaras que são muito
vascularizadas, o que lhe permite continuar a respirar e a manter-se fora de
água. Caça e alimenta-se fora de água e até luta com os seus semelhantes por
território também fora de água e isto porque, para além de conseguir respirar
fora de água, também se consegue movimentar com facilidade.
Capitulo: II. Ecossistema do mangal no canal de Chiveve
2. Localização física geográfica da área em estudo
A
região em estudo encontra-se no Bairro da Ponta-Gêa (Goto), no Canal de Chiveve,
no Posto Administrativo Urbano De Chiveve, no Distrito da Beira, província de
Sofala. Limita-se a Norte Mercado do Goto, a sul Campo de Golfe, a Este as
futuras Instalações da SPIC e a Oeste Escolinha do Golfe.
2.1 Condições Geológicas
Enquadra-se
geologicamente no fanerozóico, constituído predominantemente por sedimentos de
pos Karroo, que compreende depósitos aluvionares, argilosos e fluvio-marinhos,
arenosos, argilosos-arenosos com vastas planícies aluvionares recentes e dunas
costeiras compostas por sedimentos do quaternário.
2.2 Geomorfológia
Geomorfológicamente
a Cidade da Beira, situa-se numa região de extensa planície de idade recente,
resultante de sucessivas fases de acumulação de sedimentos plestocenico e
holocénico. O relevo é baixo, com altitude que se situa entre 6 e 20 m e um
declive médio de cerca de 1º cujo pendor suave continua ao nível batemetrico
até aos limites da plataforma continental. (Muchangos, 1989:242).
2.3 Clima
A
região em estudo, é caracterizado por um clima tropical chuvoso, sendo
identificado por AW na classificação do Koppen.
2.4 Temperatura
A
temperatura média anual é da ordem do 24,5º C. O mês mais quente são os de
Janeiros, Fevereiro, Março, Novembro e Dezembro que apresentam temperaturas que
variam entre 26,2 e 27,8º C; o mês mais frio é o de Julho que apresenta o
mínimo médio de 21º C.
2.5 Humidade
A
humidade relativa do ar na cidade da Beira em particular na área de estudo
apresenta poucas variações entre 69,2 e 74,6%. A média anual é de 72,1%, sendo
os meses de Fevereiro e Julho os que apresentam valores de humidade acima dos
73% em quanto que os meses de Setembro e Outubro são os que apresentam valores
inferiores a 70%.
2.6 Condições Pedológicas
A
cidade da beira e arredores, pedológicamente perecem a zonas de solos “fluviais
de altas fertilidades, de difícil lavoura em parte; eventual excesso de agua e
ou salinidade” (Atla Geográfico Vol. 1; 1986:13).
A
sua maior parte é constituída por sedimentos aluvionares, marinhos e fluviais
de idade recente e de grandes espessuras, que estão condicionados ao relevo
plano com pequenas depressões, que permitem a acumulação de água. Ao longo do
canal de Chiveve, desenvolvem-se solos aluvionares salobros devido a influência
dos mares. São solos argilosos finos lodosos, inconsistentes e salinos. Sem
nenhuma utilidade para a prática de agricultura, mais permite o desenvolvimento
de fauna e flora marinha. (Muchangos, 1989:249).
2.7 Aspectos Biogeograficos da região de estudo
Nesta
área de estudo encontramos várias espécies e dentre elas espécies floristicas e
faunisticas e como nos preocupamos com a floristica que é o mangal, com uma
elevada importância ecológica e económica. As espécies que se encontram na
região são: a Rhizophora (mangal vermelho); Avicennia marinha (mangal branco).
Imagem de mangal
Fonte:
autor
O
mangal constitui um habitat preferencial para o desenvolvimento de espécies
faunísticas que encontram neste local ambiente calmo longe da agitação
marítima, pois o mangal quebra a acção violenta das o ondas e é importante do
ponto de vista ecológico, porque ajuda na fixação dos solos costeiros
protege-os contra a erosão; e, no ponto de vista económico e social é muito
útil na construção, no fabrico de tintas e, é usado pelas comunidades locais
para atingir as redes de pescas e algumas espécies de mangal são usadas no
campo terapêutico.
O
desenvolvimento do mangal nesta região, cria condições favoráveis para a
abundância de espécies faunísticas que procuram neste habitat natural, alimento
e abrigo. É de notar que este local apresenta um ambiente mais calmo, longe de
agitação das ondas marítimas, razão pela qual algumas espécies tem no como
ideal para a sua produção.
Distinguem-se
diversas espécies que podem ser divididas em três grupos distintos:
a) Espécies
terrestres: que vivem fora da água, sem o contacto com ela ou então pouco ou
ocasional. Neste grupo constata-se: pássaros, mamíferos dentre outras espécies;
b) Espécies
marinhas que vivem completamente na água e nunca o abandonam. Encontram-se
neste grupo, peixes crustáceos, etc.
Entre
os peixes, destacam-se: Hilsa kalee (Magumba), cociela crocodila (sapateiro), e
entre os crustáceos destacam-se: o caranguejo, etc.
c) Espécies
que vivem nos dois ambientes (anfíbios), sapo, caranguejo, salamandra, especialmente
na área coberta por mangal, delimitada pelas marés, encontram-se muitas
espécies principalmente os de pequenas dimensões.
2.8 Importância ecológica e económica do mangal
Os
cientistas, ao longo do tempo, foram colocando um grande valor na função
ecológica dos ecossistemas dos “mangais” mas, apenas recentemente, a comunidade
de uma forma mais ampla, começa a reconhecer o papel multifacetado que a
floresta de mangal desempenha no ambiente. Quando se avalia a importância
destes ecossistemas através de uma perspectiva científica é necessário tentar
identificar e medir estes valores. Notavelmente, estes valores podem ser
divididos em valores ecológicos, valores para a comunidade e valores
económicos.
A
partir de uma perspectiva ecológica, os “mangais” são um ecossistema
muito significativo e único. Sustentam uma grande diversidade de plantas,
árvores como as palmeiras, arbustos e fetos que desenvolveram adaptações
espectaculares para prevalecerem e prosperarem nestas condições ambientais. São
utilizados por uma enorme quantidade de organismos como área de reprodução,
como viveiro e ainda como área de alimentação. Os “mangais”
desempenham um papel muito valioso na protecção da linha de costa, reduzindo a
erosão provocada pelos ciclones e atenuando o impacto das ondulações.
A
produtividade é um conceito usado para descrever a função ou o valor ecológico
de uma comunidade de vegetação e pode ser calculada através de medições da
quantidade de material vivo ou orgânico, tal como folhas, ramos, troncos e
raízes, que é produzida neste ecossistema num determinado espaço de tempo.
A
produtividade do “mangal” é muito importante
na função e na saúde da cadeia alimentar marinha. Tal como as outras plantas,
convertem a energia do sol em matéria orgânica através do processo da
fotossíntese. Quando os ramos e as folhas caem no solo são aproveitadas por uma
grande variedade de animais, tal como moluscos, crustáceos e vermes, como uma
fonte primária de alimento.
Estes
consumidores de “nível primário” por sua vez vão sustentar uma enorme
quantidade e variedade de consumidores “secundários”, onde se incluem peixes
pequenos e predadores jovens, alguns dos quais, quando crescem e se tornam
adultos, vão incorporar o terceiro nível de consumidores. De um modo geral, um
nível elevado de matéria orgânica ou uma produtividade elevada significa que um
número maior e um leque mais diversificado de animais, podem ser sustentados
dentro de um ecossistema particular.
2.9 O mangal o ecossistema em perigo: pressão antrópica
Os mangais são áreas protegidas por
legislação, mas isso não impede a sua degradação e destruição. As agressões aos
mangais colocam em risco a sobrevivência de espécies animais e vegetais deste Bioma
e todas as que nele passam e nidificam, e que são quase todas.
A
desflorestação que tem acontecido por todas estas áreas e a intensificação da
urbanização nas zonas e faixas litorais
sobrevalorizou estes espaços devido à sua proximidade dos centros urbanos e ao
seu potencial económico e turístico, neste caso vimos a expansão do bairro da
Ponta-Gêa, Vulgo Goto destruindo sucessivamente o ecossistema de Mangal.
As
pessoas que vivem nas margens do canal de Chiveve, através de entulhamento,
construção de moradias nestes ecossistemas têm, em conjunto,
sido as principais causas do seu desaparecimento e degradação. Mas estas não
são as únicas.
2.10 Cuidados de preservação do ecossistema do mangal
Para um desenvolvimento que se quer
sustentável, é necessário existir uma manutenção destes e doutros recursos
naturais.
Para isso, esta
floresta precisa de ser restaurada, através da plantação das espécies de mangais
características de cada habitat.
ü Reduzir
progressivamente as descargas de sedimentos contaminados e de nutrientes;
químicos e orgânicos poluentes para o seio desta floresta com origem em terra
mas também no oceano como as marés negras;
ü Proteger
e conservar todas as florestas de mangal actualmente existentes;
2.10.1 Conclusão
No ecossistema
os organismos estão em constante interdependência entre si para a reciclagem de
matérias e a energia fluem através deles. Um ecossistema é um sistema de
organismos vivos e do meio com o qual trocam matéria e energia. Num ecossistema
existem duas ordens de factores: bióticos e abióticos. Os Mangais são conjuntos
de árvores e plantas diversas desde as árvores terrestres e plantas marinhas.
A estrutura
física desta floresta requer a protecção de ventos fortes, uma vez que a acção
do vento gera ondas e estas impedem a fixação, o estabelecimento e o
desenvolvimento das sementes. A fauna existente neste ecossistema é muito
variada e em grande quantidade, desde os animais que vivem no mangal. Porem o
mangal está em perigo devido as acções humanas como a desflorestação e a
urbanização ao longo das margens do canal do Chiveve.
Contudo para uma
maior protecção deste ambiente é necessário que exista uma manutenção destes e
doutros recursos naturais. Para
isso, esta floresta precisa de ser restaurada, através da plantação das
espécies de mangais características de cada
habitat.
Bibliografia
CANAVILHAS, João. O novo
ecossistema mediático. São Paulo: 2006.
KATHIRESAN K. e BINGHAM B.L., Biology of Mangroves and Mangrove Ecosystems, in: Advances
In Marine Biology Vol 40: 81-251 (2001), Bellingham, WA 98225, USA, 2001.
LEHNINGER, A.
L. A lógica molecular dos organismos vivos.
In: Bioquímica. Edgard Blücher, São Paulo, 1977.
MINED, Atlas Geográfico, 1º vol. 2ª
Edição revista actualizada. Maputo, 1986
MUCHANGOS, Aniceto Dos. Boletim do Arquivo histórico de
Moçambique-Cidade da Beira. Maputo, 1989
PEREIRA, Ana Ramos. Análise de
ambiente físico: mangal – floresta de maré. 2005.
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