ELABORADO POR dr Lourd
TEXTO DE APOIO N° 1
1.PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Psicologia do desenvolvimento é o estudo científico das mudanças de
comportamento relacionadas à idade durante a vida de uma pessoa. Este campo
examina mudanças através de uma ampla variedade de tópicos, incluindo
habilidades motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento
conceitual, aquisição de linguagem, entendimento da moral e formação da
identidade.
Assim,
pelas questões acima citada consideremos que uma melhor definição de Psicologia
de Desenvolvimento seria “ O estudo, através de metodologia espécifica
e levando em consideração o contexto sócio histórico, das múltiplas variáveis,
sejam elas cognitivas, afectivas, biológicas ou sociais, internas ou externas
ao indivíduo que afectam o desenvolvimento humano ao longo da vida”
1.1 Objecto de Estudo da
Psicologia do desenvolvimento
Estuda
as mudanças comportamentais referentes à idade no decurso da vida, os processos
de ensino-aprendizagem, diferenças de gênero e ciclo vital, bem como, descobre
os motivos pelos quais as mudanças ocorrem e como ocorrem.
Considera
também que o desenvolvimento é um processo onde a pessoa assume um papel
atuante em contínua interação com outras nos diversos contextos em que
participa.
Estuda
o desenvolvimento Psíquico do Homem, investiga as leis objectivas segundo as
quais decorrem o desenvolvimento Psíquico do Homem em diferentes fases ou
etapas ou períodos etários.
Actualmente o objecto de estudo da Psicologia do
desenvolvimento consiste nos processos
intra-individuais e ambientais que levam a mudanças de comportamentos.
1.2. Métodos da Psicologia do
Desenvolvimento
Para
compreender, avaliar e interpretar as pesquisas em Psicologia de
Desenvolvimento, isto, o conteúdo desse campo, é necessário saber algo sobre o
modo como os cientistas planificam as suas investigações, colectam os dados e
analizam os resultados.
Exposto
o acima os métodos de estudo do Desenvolvimento Humano podem ser classificados
como: Observações Longitudinais, Observações
Transversais.
1.2.1 Na abordagem
Longitudinais – efectua-se com o mesmo grupo de
participantes, que são da mesma idade, são investigados por um periodo
relativamente longo.
1.2.2 Na abordagem
Transversais - são efectuados em tempos muito menor,
empregando sujeitos de diferentes idades, grupos heterogéneos.
1.3. Objectivos da Psicologia
do Desenvolvimento
A
Psicologia de Desenvolvimento sendo uma
ciência ela tem objectivos por alcansar, os alvos ou objectivos gerais do
campo, expressos de modo bastante sucinto, são os seguintes:
Ø Descrever com precisão e objectividade, as mudanças que ocorrem com a
idade nas capacidades sensoriais e motoras, na percepção, nas funçoes
intelectuais e nas respostas sociais e emocionais.
Ø Explicar essas mudanças e diferenças individuais em termos de
capacidade e funcionamento.O psicologo do desenvolvimento procura descobrir
como e porque essas mudanças ocorrem, o que determina os processos subjacentes
ou os mecanismos de crescimento e desenvolvimento.
1.4. BREVE RESENHA HISTÓRICA
DO SURGIMENTO DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
A
psicologia do desenvolvimento, ou o
estudo da gênese e evolução dos processos psicológicos é vulgarmente
associado ao estudo da infância e da adolescência. Com efeito, desde os finais
do século XIX que se constacta uma preocupação em estudar a evolução da criança
desde que nasce até que atinge a adolescência., mas se a infancia tem sido o
período da vida mais estudado pelos psicólogos, nos últimos anos anos tem se verificado mudança de
perspectiva, ao considerar-se como pertinente o estudo evolutivo do indivíduo desde o período de vida intra-uterino
até ao final da sua vida.
Hoje
em dia, com uma organização familiar centrada na criança, com informações e
debates constantes sobre problemáticas ligadas a infância e a adolescência, não
só provenientes de circulos científicos, como também dos media, é-nos dificil
imaginar que nem sempre foi assim: o interesse pela infância e a curiosidade
sobre o desenvolvimento infantil é extremamente recente.
Ao
longo da história, a infância e a adolescência não tiveram o estatuto que tem
nos nossos dias. “crianças e adolescentes” são uma invenção socio-cultural relactivamente recente. (Ariés,1973). Durante
séculos, as crianças foram consideradas como adultos em miniaturas, embora mais
pequenos, frágeis e menos inteligentes. A partir do momento em podiam
sobreviver sem os cuidados das mães, integravam a grande comunidade e
partilhavam o dia a dia dos adultos. É possível constactarmos a existência
desta concecpção nas obras de arte. Por exemplo: até ao século XIII são raras
as representações de crianças, transparecendo a ideia de que a imagem da
infância não tinha interesse ou não constituia parte da realidade. Apesar
disso, quando as crianças são representadas, vestem roupas e assumem atitudes e
tarefas tipicamente adultas.
É
durante os séculos XVII e XVIII ( século das grandes transformações políticas,
económicas e religiosas), que a infância
e a adolescência começam a ser descobertas e consideradas como etapas
diferenciadas. Esta nova visão transparece por exemplo na pintura: a criança
torna-se o centro da composição, assistindo-se a uma proloferação de cenas
familiares e de retratos de família, onde a criança representa traços de uma
certa doçura e graciosidade.
Evidenciam-se,
assim, sinais de que se começa a dar atenção a educação centrada na criança. Na
verdade este fenómeno constitui o reflexo de certos movimentos culturais e
religiosos, que tendem a substituir uma concepção fatalista e pré-determinada
da vida humana, por uma concepção que se acreditava que é possivel modificar o
curso da vida. (Ariés, 1973)
Estas
posições diferenciam-se e filosofias educativas opostas alteram profundamente
as mentalidades sobre a criança e o desenvolvimento. (Hopkins, 1989). São
exemplos disso, as posições do empirisra John Locke (1632-1704), e as do
filósofo Jean Jacques Rousseau (1712-1778).
John
Locke considerava que, no momento do nascimento, a mente humana poderia ser
comparada a um quadro em branco (tábua rasa), sendo a experência e a
estimulação que a criança recebia através dos seus sentidos, que determinava os
conteúdos do psiquismo. A criança era como que um adulto imperfeito que
requeria uma educação rigorosa e disciplina firme, mas indulgente, da parte dos
pais, de forma a desenvolver hábitos saudáveis de corpo e espírito.
Por
sua vez, Jean Jacques Rousseau torna públicas as suas ideias sobre a educação
com o seu célebre livro Emile ou de l΄
education (1762). Nesta visão a criança temn características específicas em
cada idade e, sendo naturalmente boa, as suas potencialidades são infinitamente
boas. O desenvolvimento estaria pré-determinado, mas a sua actualização seria
resultado de uma interação entre a actividade da criança e as solicitações do
meio. Na sua perspectiva, a actuação da família e da escola,. Organizadas em
torno da criança, deveria ser permissiva e orientar as tendências naturais do
desenvolvimento da criança
As
ideias de Rousseau actualizaram-se e
corporizaram-se em modelos educativos, tais como os de Pestalozzi (1746-1827),
Froebel (1782-1852) e Montessori (1870-1952), que postulavam que o grande
objectivo da acção educativa seria proporcionar condições para um desenvolvimento
harmonioso, defendendo a actividade espontânea e o jogo como fonte de
aprendizagem e desenvolvimento.
Dura
nte o século XIX, o interesse pela
criança e pelo seu desenvolvimento é crescente. Em consequência da
Revolução Industrial, a Europa e os Estados Unidos da América sofrem grandes
alterações sociais. Aparecem as grandes cidades, verificam-se alterações nos
modos de sobrevivência das populações,e,
consequentemente, mudanças no modo de educação das crianças. At’e aqui estas
viviam com os familiares numa sociedade alargada, participando nas actividades
e em pequenos trabalhos. Ao reduzir-se o rorário de trabalho das crianças e ao
libertá-las da realização de trabalhos pesados, foi necessário, em virtude da
indisponibilidade dos pais, criar espaços adequados-as escolas-que assumissem a
educação das crianças.
Dá-se
assim um avanço fundamental na consideração da infância como idade especial, começando a famíla a organizar-se em
redor das crianças e atribuir-lhes importância (Candeias, 1987,1994, 1995).
Um
outro marco de grande importância foi a obra de Charles Darwin (1809-1882),
nomeadamente, a publicação em 1895 de the
origin of species. as teses de Darwin
conduziram a uma alteração fundamental na mentalidade científica no que
respeita a infância. Segundo esta perspectiva, os seres humanos haviam evoluído
de espécies primitivas. Neste quadro, as crianças passam a ter interesse
científico por si, já que a sua observação e estudo poderia contribuir para
esclarecer questões relacionadas com a evolução das espécies e evidenciar a
origem de características psicológicas do adulto.
Neste
contexto, surge em 1890 a primeira associação dedicada ao estudo da criança ( child-study association) fundada por G.
Stanley Hall (1846-1924), e a primeira publicação dedicada a divulgação de
conhecimentos na ‘area de desenvolvimento- Pedagocical
Seminary.
Os
avanços no processo de industrialização, bem como todo o complexo conjunto de
transformações políticas, económicas, sociais e culturais, vão obrigar a
definição de uma estratégia educativa estatal e a massificação do ensino
elementar, que posteriromente, se torna obrigatório. Todos estes
acontecimentos, conferiram a crian ça um estatuto novo, que terminava com a
chegada à puberdade e o ingresso do jovem na vida dos adultos.
No
século XX assistimos a consideração definitiva da infância como um período claramente diferenciado e ao
aparecimento do conceito da adolescência. A aceitação, na nossa cultura, da adolescência como uma etapa diferente da
infância e da idade adulta, explica-se por uma conjugação de diferentes
factores, tais como: a diminuição da mortalidade infantil, o prolongamento da
vida, o aumento da extensão do ensino obrigatório, a difusão do ensino
unioversitário e o excesso de mão-de-obra adulta para trabalhos que requerem
cada vez mais especialização (Candeias,1987,1994,1995)
A
infância e a adolescência, marcadas por grandes alterações biológicas e
psicológicas, permaneceram durante muito tempo como as idades de estudo da
psicologia de desenvolvimento.
Progressivamente
verifica-se o abandono da ideia de imutabilidade associada à idade adulta.
Reconhece-se a importância do estudo das adaptações necessárias as grandes
transformações psicossociais a que o indivíduo está sujeito durante esta fase
da vida, tais como, o acesso ao mundo de trabalho, a prograssão nas acarreiras
profissionais, adaptação a novos instrumentos e tecnologias, a construção de
relações afectivas diferenciadas que requerem o desempenho de novos papéis
sociais estáveis.
Também
as concepções sobre a terceira idade se tem vindo a distanciar da concepção da
velhice, mais associada a uma degradação de funões psicobiológicas. Tal
alteração prende-se com um conjunto de factores, nomeadamente, o prolongamento
do tempo de vida, a grande variabilidade individual, o equilibrio entre a
deterioração de algumas capacidades cognitivas e a evolução de outras e,
finalmente, porque o tempo de reforma chega quando as pessoas ainda estão
perfeitamente aptas. Asssim enquanto o
indivíduo mantiver a sua capacidade de adaptação a novas situações, estará
aberto mudança e ao desenvolvimento.
1.5. A Psicologia do desenvolvimento e a actividade
do/a educador/a
A
Psicologia do desenvolvimento é útil para os educadores porquê em cada idade, a
criança vai apresentando características diferentes, novas maneiras de ser,
tanto fisicamente, quanto em seus aspectos emocionais, intelectuais e sociais.
O
modo do educador/a dirigi-la, motiva-la, relacionar-se com ela também precisa
mudar, para ir adaptar-se as novas características, o que lhe permitirá, a
compreensão do desenvolvimento da criança, prever suas novas características,
atenuar-lhe aos conflitos e reduzir-se as frustrações.
Se
o educador/a não tiver o mínimo de compreensão do desenvolvimento da criança,
corre o risco de lhe adiantar certas coisas enquanto prematuro.
1.6 Relação da Psicologia do Desenvolvimento
com Outras Ciências
Qualquer ciência por si so teria imensas
dificuldades em perceber o seu campo de atuação, razão pela qual a Psicologia
de Desenvolvimento recorre as outras ciência para perceber o seu objecto de
estudo.
As
explicações sobre mudanças etárias e diferenças individuais, os comos e porque
do desenvolvimento,são tremendamente complexas e baseiam-se em descobertas de
várias ciências como a Genética, Fisiologia, Antropologia, Sociologia e
Pediatria. A Psicologia da Aprendizagem, Social, e da Personalidade.
Certas
caractériscas físicas( como altura e velocidade do crescimento), a inteligência
e algumas especies de dificiência e doenças mentais são, pelo menos em parte,
heriditariedades determinadas. Para comprendê-las completamente, o Psicólogo de
Desenvolvimento deve saber algo sobre Genética. As notavéis mudanças físicas e
comportamentais da adolência são fortemente influenciadas por processos
fisiológicos que implicam a actividade das glandulas endócrimas e a bioquimica
do sistema sanguíneo. Ao investigar este fenômeno, o psicólogo deve extrair
subsídios da Fisiologia e Endocrinologia
.
Quando
estudamos distúrbios de comportamentos, suas origens na infância e métodos de
terapia visando remediá-los estamos a interagi-la com a Psicopatologia.
EXERCÍCIO DE CONSOLIDAÇÃO
NUMERO 1
1.Na abordagem de Psicologia
de Desenvolvimento, muitos teóricos propõem, cada um, seu conceito, sempre com
a intenção de delimitar balizas de análise desta complexa ciência. A título de
exemplo: A psicologia de desenvolvimento pode ser considerada como estudo científico das mudanças
de comportamento relacionadas à idade durante a vida de uma pessoa examinando
mudanças através de uma ampla variedade de tópicos, incluindo habilidades
motoras, habilidades em solução de problemas, entendimento conceitual,
aquisição de linguagem, entendimento da moral e formação da identidade, ou, O estudo, através de
metodologia espécifica e levando em consideração o contexto sócio histórico,
das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, afectivas, biológicas ou
sociais, internas ou externas ao indivíduo que afectam o desenvolvimento humano
ao longo da vida”
a). Encontre
os pontos convergentes nos conceitos supracitados e diga, no seu entender qual
deles é mais abrangente.
2.
Actualmente o objecto de estudo da
Psicologia do desenvolvimento consiste nos processos intra-individuais e
ambientais que levam a mudanças de comportamentos.
a)
Esmiuce os termos sublinhados tendo em conta as variáveis qualitativas e
quantitativas presentes no desenvolvimento Humano.
3.
Para compreender, avaliar e interpretar as pesquisas em Psicologia de
Desenvolvimento, isto é, o conteúdo desse campo, é necessário saber algo sobre
o modo como os cientistas planificam as suas investigações, colectam os dados e
analizam os resultados.
a)
Explique o entrelaçamento dos métodos básicos da Psicologia de Desenvolvimento
com outros métodos da psicologia, e diga qual deles é mais importante.
b)
Debruce-se sobre os objectivos da Psicologia de Desenvolvimento.
c)
Caracterize os marcos importantes do surgimento da Psicologia de
Desenvolvimento.
4.De
acordo com os conhecimentos que tem
sobre a psicologia de desenvolvimento, diga em mais ou menos dois parágrafos
qual a importância da Psicologia de Desenvolvimento para sua actuação como
Educador.
5.
Qualquer ciência por si so teria imensas dificuldades em perceber o seu campo
de atuação, razão pela qual a Psicologia de Desenvolvimento recorre as outras
ciência para perceber o seu objecto de estudo. A título de exemplo Certas
caractériscas físicas( como altura e velocidade do crescimento), a inteligência
e algumas especies de dificiência e doenças mentais são, pelo menos em parte,
heriditariedades determinadas. Para comprendê-las completamente, o Psicólogo de
Desenvolvimento deve saber algo sobre Genética. Quando estudamos distúrbios de
comportamentos, suas origens na infância e métodos de terapia visando
remediá-los estamos a interagi-la com a Psicopatologia
a)
Relacione a Psicologia de Desenvolvimento com outras ciências.
Atenciosamente/ Bom Trabalho
I
- Desenvolvimento Humano
Conceito
O desenvolvimento humano tem
vindo a ser estudado por diversas áreas da psicologia.
O desenvolvimento humano é um
processo complexo e em constante evolução, sendo o resultado de múltiplos
factores – psicológicos, biológicos, sociais e culturais – tem início no
momento da concepção e evolui ao longo todo o ciclo da vida.
Por desenvolvimento entende-se as
mudanças que vão ocorrendo ao longo da vida do indivíduo, na sua estrutura,
pensamento ou comportamento, como resultado da interacção entre factores
biológicos e ambientais.
Estas mudanças são progressivas
(ocorrem ao longo da vida do individuo), contínuas (não são estanques),
cumulativas (estruturas novas são integradas nas estruturas anteriores) e
resultam de uma reorganização interna.
O desenvolvimento humano se estabelece através
da interação do indivíduo com o ambiente físico e social. Se caracteriza pelo
desenvolvimento mental e pelo crescimento
orgânico.
O desenvolvimento mental se constrói
continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais.
As estruturas mentais são formas
de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando,
até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas,
caracterizarão um estado de equilíbrio superior em relação à inteligência, à
vida afetiva e às relações sociais.
Algumas estruturas mentais podem
permanecer ao longo de toda a vida, como, por exemplo: a motivação. Outras
estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. A obediência
da criança é substituída pela autonomia moral do adolescente. A relação da criança
com os objetos que, se dá primeiro apenas de forma concreta se transforma na
capacidade de abstração.
Importância
do estudo do desenvolvimento humano
Cada fase do desenvolvimento
humano: pré-natal, infância, adolescência, maturidade e senescência; apresentam
características que as identificam e permitem o seu reconhecimento. O seu
estudo possibilita uma melhor observação, compreensão e interpretação do
comportamento humano. Distinguindo como nascem e como se desenvolvem as funções
psicológicas do ser humano.
Princípios
do desenvolvimento humano
O ser humano, no seu
processo de desenvolvimento, apesar das diferenças individuais, segue algumas
tendências que são encontradas em todas
as pessoas. Seis delas serão destacadas:
1.
O
desenvolvimento humano é um processo ordenado e contínuo, dividido em quatro
fases principais: infância,
adolescência, idade adulta e senescência;
2. O desenvolvimento humano realiza-se da cabeça para as
extremidades; sequência céfalo-caudal: a criança sustenta primeiro a cabeça,
para só então levantar o tronco, sentar e andar; progride do centro para a
periferia do corpo; seqüência próximodistal: a criança movimenta primeiro os
braços, para depois movimentar as mãos e os dedos;
3. O indivíduo tende a responder sempre de forma mais específica
ás estimulações do meio. Cada vez mais vão se especializando os movimentos do
corpo para respostas específicas. A fala se torna mais abrangente em relação
aos objetos a serem designados etc. O desenvolvimento se dá do geral para o específico;
4. Os órgãos não crescem de maneira uniforme. Enquanto o
cérebro, por exemplo, se desenvolve rapidamente na infância, as outras partes
do corpo seguem ritmos diferenciados, as vezes de forma lenta em outras
aceleradamente;
5. Cada indivíduo se desenvolve de acordo com um ritmo próprio
que tende a permanecer constante segundo seus padrões de hereditariedade, se
não for perturbado por influências externas, como má alimentação; ou internas,
como doenças;
6. Todos os aspectos do desenvolvimento humano são
inter-relacionados, não podendo ser avaliados sem levar em conta essas mútuas
interferências.
Aspectos
do desenvolvimento humano
O desenvolvimento
deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão de sua riqueza e
diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de quatro aspectos básicos:
Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à
maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objectos e de
exercício do próprio corpo.
Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento
ligados ás capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como
quando, por exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis
ou o adolescente planeia os seus gastos a partir da sua mesada.
Aspecto
afetivo emocional-
É a capacidade do indivíduo de integrar suas experiências. São os sentimentos
quotidianos que formam a nossa estrutura emocional.
Aspecto Social - Maneira como o indivíduo reage diante
de situações que envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade.
Todos esses aspectos estão
presentes de forma simultânea no desenvolvimento do indivíduo. Uma criança com
dificuldades auditivas poderá apresentar problemas na aprendizagem, repetir o
ano letivo, se isolar e por esta causa se tornar agressiva. Após tratada pode
voltar a ter um desenvolvimento normal.
Todas as teorias do
desenvolvimento humano partem deste pressuposto de indissociabilidade desses
quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase
em um dos aspectos.
Exemplo: a
psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional.
Piaget, o desenvolvimento intelectual.
Factores de Desenvolvimento e
de Crescimento
Vários
factores indissociados e em permanente interacção afectam todos os aspectos do
desenvolvimento. São eles: factores
internos e externos
a) factores internos: a hereditariedade e a maturação neurofisiologica.
A hereditariedade consiste na herança individual que cada criança recebe de seus pais ao
ser concebida. A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode
ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da
inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou alem do
seu potencial, dependendo das condições do meio que encontra.
Maturação neurofisiologica - esse factor consiste no processo de mudanças do organismo determinado
de dentro para fora: tamanho dos órgãos, a forma que assumem com o crescimento,
o desenvolvimento de habilidades de andar, correr, e.t.c. É evidente que
nenhuma dessas mudanças ocorre sem qualquer contribuição do ambiente.
A
alfabetização das crianças depende da maturação. Para segurar o lápis e
maneja-lo como nos, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança
de 2,3 anos não tem.
b) factores externos:
o
grupo social em que a pessoa vive é um factor externo que vai influenciar de
maneira muito acentuada o comportamento da criança.
Alem
do grupo social ( a família, escola, e a classe social), existe também a
alimentação, a preservação da natureza e o crescimento orgânico.
Ambiente social ( meio)- o conjunto de influencias e estimulações ambientais altera os padrões
de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for
intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que
a media das crianças de sua idade, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com
facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua
experiência de vida.
Alimentação - para um desenvolvimento saudável e integral, a criança precisa de ar
fresco, e alimentos naturais. Existem dezenas de crianças desnutridas no mundo.
As poucas que vão a escola muitas acabam por desistir, as outras enfrentam
inúmeras dificuldades para apreender,
tudo isto resultante da falta de alimentação adequada. Os produtos químicos,
utilizados na fabricação de alimentos ( corantes, antioxidantes, conservantes),
tem a longo prazo efeitos nocivo para a saúde.
Preservação da natureza - a poluição ambiental( dos rios, mar, lagos, atmosfera), afecta o
desenvolvimento.
Nas
grandes cidades, a criança é prejudicada em seu desenvolvimento físico e mental
e em seu aproveitamento escolar, pela poluição atmosférica, o excesso de
barulho dificulta a concentração e o estudo e prejudica o aparelho auditivo, a
poluição do ar provoca doenças respiratórias, e.t.c.
Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do
esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes
não existiam. Ex: pense nas possibilidades de descobertas de uma criança,
quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança
estava no berço, com alguns dias de vida.
II
- DESENVOLVIMENTO HUMANO
Conceito
O desenvolvimento humano tem
vindo a ser estudado por diversas áreas da psicologia.
O desenvolvimento humano é um
processo complexo e em constante evolução, sendo o resultado de múltiplos
factores – psicológicos, biológicos, sociais e culturais – tem início no
momento da concepção e evolui ao longo todo o ciclo da vida.
Por desenvolvimento entende-se as
mudanças que vão ocorrendo ao longo da vida do indivíduo, na sua estrutura,
pensamento ou comportamento, como resultado da interacção entre factores
biológicos e ambientais.
Estas mudanças são progressivas
(ocorrem ao longo da vida do individuo), contínuas (não são estanques),
cumulativas (estruturas novas são integradas nas estruturas anteriores) e
resultam de uma reorganização interna.
O desenvolvimento humano se estabelece através
da interação do indivíduo com o ambiente físico e social. Se caracteriza pelo
desenvolvimento mental e pelo crescimento
orgânico.
O desenvolvimento mental se
constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas
mentais.
As estruturas mentais são formas
de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando,
até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas,
caracterizarão um estado de equilíbrio superior em relação à inteligência, à
vida afetiva e às relações sociais.
Algumas estruturas mentais podem
permanecer ao longo de toda a vida, como, por exemplo: a motivação. Outras
estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. A obediência
da criança é substituída pela autonomia moral do adolescente. A relação da
criança com os objetos que, se dá primeiro apenas de forma concreta se
transforma na capacidade de abstração.
Importância
do estudo do desenvolvimento humano
Cada fase do desenvolvimento
humano: pré-natal, infância, adolescência, maturidade e senescência; apresentam
características que as identificam e permitem o seu reconhecimento. O seu
estudo possibilita uma melhor observação, compreensão e interpretação do
comportamento humano. Distinguindo como nascem e como se desenvolvem as funções
psicológicas do ser humano.
Princípios
do desenvolvimento humano
O ser humano, no seu
processo de desenvolvimento, apesar das diferenças individuais, segue algumas
tendências que são encontradas em todas
as pessoas. Seis delas serão destacadas:
2.
O
desenvolvimento humano é um processo ordenado e contínuo, dividido em quatro
fases principais: infância,
adolescência, idade adulta e senescência;
2. O desenvolvimento humano realiza-se da cabeça para as
extremidades; sequência céfalo-caudal: a criança sustenta primeiro a cabeça,
para só então levantar o tronco, sentar e andar; progride do centro para a
periferia do corpo; seqüência próximodistal: a criança movimenta primeiro os
braços, para depois movimentar as mãos e os dedos;
3. O indivíduo tende a responder sempre de forma mais específica
ás estimulações do meio. Cada vez mais vão se especializando os movimentos do
corpo para respostas específicas. A fala se torna mais abrangente em relação
aos objetos a serem designados etc. O desenvolvimento se dá do geral para o
específico;
4. Os órgãos não crescem de maneira uniforme. Enquanto o
cérebro, por exemplo, se desenvolve rapidamente na infância, as outras partes
do corpo seguem ritmos diferenciados, as vezes de forma lenta em outras
aceleradamente;
5. Cada indivíduo se desenvolve de acordo com um ritmo próprio
que tende a permanecer constante segundo seus padrões de hereditariedade, se
não for perturbado por influências externas, como má alimentação; ou internas,
como doenças;
6. Todos os aspectos do desenvolvimento humano são
inter-relacionados, não podendo ser avaliados sem levar em conta essas mútuas
interferências.
Aspectos
do desenvolvimento humano
O desenvolvimento
deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão de sua riqueza e
diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de quatro aspectos básicos:
Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à
maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objectos e de exercício
do próprio corpo.
Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento
ligados ás capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como
quando, por exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis
ou o adolescente planeia os seus gastos a partir da sua mesada.
Aspecto
afetivo emocional-
É a capacidade do indivíduo de integrar suas experiências. São os sentimentos
quotidianos que formam a nossa estrutura emocional.
Aspecto Social - Maneira como o indivíduo reage diante
de situações que envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade.
Todos esses aspectos estão
presentes de forma simultânea no desenvolvimento do indivíduo. Uma criança com
dificuldades auditivas poderá apresentar problemas na aprendizagem, repetir o
ano letivo, se isolar e por esta causa se tornar agressiva. Após tratada pode
voltar a ter um desenvolvimento normal.
Todas as teorias do
desenvolvimento humano partem deste pressuposto de indissociabilidade desses
quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase
em um dos aspectos.
Exemplo: a
psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional.
Piaget, o desenvolvimento intelectual.
FACTORES DE DESENVOLVIMENTO E
DE CRESCIMENTO
Vários
factores indissociados e em permanente interacção afectam todos os aspectos do
desenvolvimento. São eles: factores
internos e externos
A)
FACTORES INTERNOS:
A hereditariedade e a
maturação neurofisiologica.
A hereditariedade consiste na herança individual que cada criança recebe de seus pais ao
ser concebida. A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode
ou não desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da
inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou alem do
seu potencial, dependendo das condições do meio que encontra.
Maturação neurofisiologica - esse factor consiste no processo de mudanças do organismo determinado
de dentro para fora: tamanho dos órgãos, a forma que assumem com o crescimento,
o desenvolvimento de habilidades de andar, correr, e.t.c. É evidente que
nenhuma dessas mudanças ocorre sem qualquer contribuição do ambiente.
A
alfabetização das crianças depende da maturação. Para segurar o lápis e
maneja-lo como nos, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança
de 2,3 anos não tem.
B) FACTORES EXTERNOS:
o
grupo social em que a pessoa vive é um factor externo que vai influenciar de
maneira muito acentuada o comportamento da criança.
Alem
do grupo social ( a família, escola, e a classe social), existe também a
alimentação, a preservação da natureza e o crescimento orgânico.
Ambiente social ( meio)- o conjunto de influencias e estimulações ambientais altera os padrões
de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for
intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que
a media das crianças de sua idade, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com
facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua experiência
de vida.
Alimentação - para um desenvolvimento saudável e integral, a criança precisa de ar
fresco, e alimentos naturais. Existem dezenas de crianças desnutridas no mundo.
As poucas que vão a escola muitas acabam por desistir, as outras enfrentam inúmeras dificuldades para apreender, tudo isto
resultante da falta de alimentação adequada. Os produtos químicos, utilizados
na fabricação de alimentos ( corantes, antioxidantes, conservantes), tem a
longo prazo efeitos nocivo para a saúde.
Preservação da natureza - a poluição ambiental( dos rios, mar, lagos, atmosfera), afecta o
desenvolvimento.
Nas
grandes cidades, a criança é prejudicada em seu desenvolvimento físico e mental
e em seu aproveitamento escolar, pela poluição atmosférica, o excesso de barulho
dificulta a concentração e o estudo e prejudica o aparelho auditivo, a poluição
do ar provoca doenças respiratórias, e.t.c.
Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do
esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes
não existiam. Ex: pense nas possibilidades de descobertas de uma criança,
quando começa a engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança
estava no berço, com alguns dias de vida.
TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO
PSIQUICO
Teoria de Desenvolvimento
Psíquico de Freud
Os
principais aspectos da teoria de desenvolvimento de Freud são:
A
função sexual existe desde o proncipio da vida, logo após o nascimento, e não
só a partir da puberdade como afirmavam as ideias dominantes;
O
período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar a sexualidade
adulta, onde as funções de reproducão e de obtencão do prazer podem estar
associadas, tanto no Homem como na Mulher. Esta afirmcação contrariava as
ideais predominanates de que o sexo estava asociado, exclusivamente a
reproducao.
A Libido, nas suas palavras, é “ a
energia dos instintos sexuais e só deles”.
No
processo de desenvolvimento Psicossexual, o individuo têm, nos primeiros tempos
de vida, a funcão sexual ligada a sobrevivência, e portando o prazer é
encontrado no proprio corpo. O corpo é herotizado, isto é, as excitacões
sexuais estão localizadas em partes do corpo.
Depois
o prazer sexual fica localizado no corpo de outra pesoa, e preferencialmente de
sexo oposto.
Modelo estrutural da
personalidade
Freud
desenvolveu mais tarde (1923) um modelo estrutural da personalidade, em que o
aparelho psíquico se organiza em três estruturas:
Id (al. es, "ele,
isso"): O id é a fonte da energia psíquica
(libido). O id é formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos e
desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (al.
Lustprinzip), ou seja busca sempre o que produz prazer e evita o que é
aversivo, e somente segundo ele. Não faz planos, não espera, busca uma solução
imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele
não tem contacto com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo
efeito de uma atingida través de uma acção. O id desconhece juízo, lógica,
valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional,
anti-social, egoísta e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.
Ego (al. ich,
"eu"): O ego
desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos
sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado
princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e
a espera ao comportamento humano: a satisfação das pulsões é retardada até o
momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um
mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e
a realidade e, posteriormente, entre esses e as exigências do superego.
Superego (al. Überich,
"super-eu"): É a parte moral da mente humana
e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir
(através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às
regras e ideais por ele ditados (2) forçar o ego a se comportar de maneira
moral (mesmo que irracional) e (3) conduzir o indivíduo à perfeição - em
gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o
esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a
fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante
primitiva, punindo o indivíduo não apenas por acções praticadas, mas também por
pensamentos; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada;
certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o
ego ideal, que dita o bem ser procurado, e consciência (al. Gewissen), que
determina o mal a ser evitado.
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
PSICOSEXUAL
Uma
importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da
personalidade. Duas hipóteses caracterizam sua teoria:
* Freud foi o primeiro a afirmar que os
primeiros anos das vida são os mais importantes para o desenvolvimento da
pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se dá em fases ou estádios
psico-sexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar que as crianças
também têm uma sexualidade.
Freud
descreve quatro fases distintas, pelas quais a criança passa em seu
desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as
pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem ser
satisfeitas; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a
criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo
mesma. A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal
forma que uma nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior
tenha se completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e,
apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos
desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo
durante toda a vida da pesso.
A fase oral
A
primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o
nascimento até aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a criança vivencia
prazer e dor através da satisfação (ou frustação) de pulsões orais, ou seja,
pela boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Assim,
para a criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função
ligada ao prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com
frustações a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais
frustações. Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa.
Assim, uma satisfação insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma
tendência para ansiedade e pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar,
através de uma fixação nessa fase, a dificuldades de aceitar novos objetos como
fonte de prazer/dor em fases posteriores, aumentando assim a probabilidade de
uma regressão.
A
fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos
dentes. Até então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os
primeiros dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da
possibilidade de morder. O principal objeto de ambas as fases, o seio materno,
se torna, assim, um objeto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza a maior
parte dos relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objetos.
A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se
desenvolver em características da personalidade adulta:
1. O incorporar do alimento se mostra no
adulto como um "incorporar" de saber ou poder, ou ainda como a
capacidade de se identificar com outras pessos ou de se integrar em grupos;
2. O segurar o seio, não querendo se separar
dele, se mostram posteriormente como persistência e perseverança ou ainda como
decisão;
3. Morder é o protótipo da destrutividade,
assim do sarcasmo, cinismo e tirania;
4. Cuspir se transforma em rejeição e
5. O fechar a boca, impedindo a alimentação,
conduz a rejeição, negatividade ou introversão.
O
principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho.
A Fase anal
A
segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro
ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus,
ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender a
controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração
do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral,
também os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da
personalidade. O defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de
raiva; já uma educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a
uma tendência ao caos, aos descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma
organização compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais
ao fato de a criança conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação
entre dar (as fezes) e receber amor, e a pessoa pode desenvolver generosidade;
se a mãe supervaloriza essas necessidades biológicas, a criança pode se desenvolver
criativa e e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela não
corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se
desenvolver como colecionadores, coletores ou avaros.
A Fase fálica
A
fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo
Freud pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou
pênis; nessa fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região genital.
As dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou
libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução
desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o
genitor de mesmo sexo.
Freud
desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para
ele, estes vevnciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e
ameaçadora. Segundo Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não
partilhá-la mais com o pai; ao mesmo tempo ele teme ser que o pai se vingue,
castrando-o. A solução para esse conflito consiste na repressão tanto do desejo
libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para com o pai; em
um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os
aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores,
convicções, interesses e porturas do pai. O complexo de Édipo representa um
importante passo na formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez
que o menino aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso
permite que tanto o ego (através da diminuição do medo) e o id (por o menino
poder possuir a mãe indiretamente através do pai, com o qual ele se identifica)
sejam parcialmente satisfeito.
O
conflito vivenciado pelas meninas é parecido, mas menos intenso. A menina
deseja o próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um pênis
(al. Penisneid); ela sente-se castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro
lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é
possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina com a
própria mãe é menos forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as
meninas teriam uma consciência menos desenvolvida - afirmação esta que foi
rejeitada pela pesquisa empírica[5]. Freud usou o termo "complexo de
Édipo" para ambos os sexos; autores posteriores limitaram o uso da
expressão aos meninos, reservando para as meninas o termo "complexo de
Electra".
A
apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na
realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre um
identificação como ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações
depende de diferentes fatores, como a relação entre os elementos masculinos e
femininos na predisposição fisiológica da criança ou a intensidade do medo de
castração ou da inveja do pênis. Além disso, a mãe mantém em ambos os sexos um
papel primordial, permanecendo sempre o principal objeto da libido.
A Fase de latência
Depois
da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se
estende até a puberdade. Nessa fase as fantasias e impulsos sexuais são
reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a
assimilação de valores e normas sociais se tornam a atividade principal da
criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego.
A Fase genital
A
última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá durante
a adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de latência
e acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se
dirigem a uma pessoa do sexo oposto. Como se depreende da explanação anterior,
a escolha do parceiro não se dá independente dos processos de desenvolvimento
anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso,
apesar de continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos
internos típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa
estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite
enfrentar os desafios da idade adulta.
TEORIA DE DESENVOLVIMENTO
PSÍQUICO DE PIAGET
A Organização e a Adaptação
Jean
Piaget, para explicar o desenvolvimento intelectual, partiu da idéia que os
atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio
ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o
desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico
(WADSWORTH, 1996). Para Piaget, a actividade intelectual não pode ser separada
do funcionamento "total" do organismo (1952, p.7) :
Do
ponto de vista biológico, organização é inseparável da adaptação: Eles são dois
processos complementares de um único mecanismo, sendo que o primeiro é o
aspecto interno do ciclo do qual a adaptação constitui o aspecto externo.
Ainda
segundo Piaget (PULASKI, 1986), a adaptação é a essência do funcionamento
intelectual, assim como a essência do funcionamento biológico. É uma das
tendências básicas inerentes a todas as espécies. A outra tendência é a
organização. Que constitui a habilidade de integrar as estruturas físicas e
psicológicas em sistemas coerentes. Ainda segundo o autor, a adaptação acontece
através da organização, e assim, o organismo discrimina entre a miríade de
estímulos e sensações com os quais é bombardeado e as organiza em alguma forma
de estrutura. Esse processo de adaptação é então realizado sob duas operações,
a assimilação e a acomodação.
Os Esquemas
Antes
de prosseguir com a definição da assimilação e da acomodação, é interessante
introduzir um novo conceito que é amplamente utilizado quando essas operações,
assimilação e acomodação, são empregadas. Esse novo conceito que estamos
procurando introduzir é chamado por Piaget de esquema (schema).
WADSWORTH
(1996) define os esquemas como estruturas mentais, ou cognitivas, pelas quais
os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio. Assim sendo, os
esquemas são tratados, não como objetos reais, mas como conjuntos de processos
dentro do sistema nervoso. Os esquemas não são observáveis, são inferidos e,
portanto, são constructos hipotéticos.
Conforme
PULASKI (1986), esquema é uma estrutura cognitiva, ou padrão de comportamento
ou pensamento, que emerge da integração de unidades mais simples e primitivas
em um todo mais amplo, mais organizado e mais complexo. Dessa forma, temos a
definição que os esquemas não são fixos, mas mudam continuamente ou tornam-se
mais refinados.
Uma
criança, quando nasce, apresenta poucos esquemas (sendo de natureza reflexa), e
à medida que se desenvolve, seus esquemas tornam-se generalizados, mais
diferenciados e mais numerosos. NITZKE et all (1997) escreve que os esquemas
cognitivos do adulto são derivados dos esquemas sensório-motores da criança. De
fato, um adulto, por exemplo, possui um vasto arranjo de esquemas
comparativamente complexos que permitem um grande número de diferenciações.
Estes
esquemas são utilizados para processar e identificar a entrada de estímulos, e
graças a isto o organismo está apto a diferenciar estímulos, como também está
apto a generalizá-los. O funcionamento é mais ou menos o seguinte, uma criança
apresenta um certo número de esquemas, que grosseiramente poderíamos
compará-los como fichas de um arquivo. Diante de um estímulo, essa criança
tenta "encaixar" o estímulo em um esquema disponível. Vemos então,
que os esquemas são estruturas intelectuais que organizam os eventos como eles
são percebidos pelo organismo e classificados em grupos, de acordo com características
comuns.
A ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO
A
assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra (classifica) um
novo dado perceptual, motor ou conceitual às estruturas cognitivas prévias
(WADSWORTH, 1996). Ou seja, quando a criança tem novas experiências (vendo
coisas novas, ou ouvindo coisas novas) ela tenta adaptar esses novos estímulos
às estruturas cognitivas que já possui.
O
próprio Piaget define a assimilação como (PIAGET, 1996, p. 13) :... uma
integração à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais
ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o
estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se
à nova situação.
Isto
significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos estímulos aos
esquemas que ela possui até aquele momento. Por exemplo, imaginemos que uma
criança está aprendendo a reconhecer animais, e até o momento, o único animal
que ela conhece e tem organizado esquematicamente é o cachorro. Assim, podemos
dizer que a criança possui, em sua estrutura cognitiva, um esquema de cachorro.
Pois
bem, quando apresentada, à esta criança, um outro animal que possua alguma
semelhança, como um cavalo, ela a terá também como cachorro (marrom,
quadrúpede, um rabo, pescoço, nariz molhado, etc.).
Notadamente,
ocorre, neste caso, um processo de assimilação, ou seja a similaridade entre o
cavalo e o cachorro (apesar da diferença de tamanho) faz com que um cavalo
passe por um cachorro em função da proximidades dos estímulos e da pouca
variedade e qualidade dos esquemas acumulados pela criança até o momento. A
diferenciação do cavalo para o cachorro deverá ocorrer por um processo chamado
de acomodação.
Ou
seja, a criança, apontará para o cavalo e dirá "cachorro" . Neste
momento, uma adulto intervém e corrige, "não, aquilo não é um cachorro, é
um cavalo". Quando corrigida, definindo que se trata de um cavalo, e não
mais de um cachorro, a criança, então, acomodará aquele estímulo a uma nova
estrutura cognitiva, criando assim um novo esquema. Esta criança tem agora, um
esquema para o conceito de cachorro e outro para o conceito de cavalo.
Entrando
agora na operação cognitiva da acomodação, iniciamos com definição dada por
PIAGET (p. 18, 1996) :Chamaremos acomodação (por analogia com os
"acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação
sob a influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.
Assim,
a acomodação acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo,
ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em
função das particularidades desse novo estímulo (Nitzke et alli, 1997a). Diante
deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um
esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura
cognitiva. Ocorrida a acomodação, a criança pode tentar assimilar o estímulo
novamente, e uma vez modificada a estrutura cognitiva, o estímulo é prontamente
assimilado.
WADSWORTH
diz que (1996, p. 7) "A acomodação explica o desenvolvimento (uma mudança
qualitativa), e a assimilação explica o crescimento (uma mudança quantitativa);
juntos eles explicam a adaptação intelectual e o desenvolvimento das estruturas
cognitivas." Essa mesma opinião é compartilhada por Nitzke et alli
(1997a), que escreve que os processos responsáveis por mudanças nas estruturas
cognitivas são a assimilação e a acomodação.
PIAGET
(1996), quando expõe as idéias da assimilação e da acomodação, no entanto,
deixa claro que da mesma forma como não há assimilação sem acomodações
(anteriores ou atuais), também não existem acomodações sem assimilação. Esta
declaração de Piaget, significa que o meio não provoca simplesmente o registro
de impressões ou a formação de cópias, mas desencadeia ajustamentos ativos.
Procurando
elucidar essas declarações, quando se fala que não existe assimilação sem
acomodação, significa que a assimilação de um novo dado perceptual, motor ou
conceitual se dará primeiramente em esquemas já existentes, ou seja, acomodados
em fases anteriores. E quando se fala que não existem acomodações sem
assimilação, significa que um dado perceptual, motor ou conceitual é acomodado
perante a sua assimilação no sistema cognitivo existente. É neste contexto que
Piaget (1996, p. 18) fala de "acomodação de esquemas de assimilação".
Partindo
da idéia de que não existe acomodação sem assimilação, podemos dizer que esses
esquemas cognitivos não admitem o começo absoluto (PIAGET, 1996), pois derivam
sempre, por diferenciações sucessivas, de esquemas anteriores. E é dessa
maneira que os esquemas se desenvolvem por crescentes equilibrações e
auto-regulações. Segundo WAZLAVICK (1993), pode-se dizer que a adaptação é um
equilíbrio constante entre a assimilação e a acomodação.
De
uma forma bastante simples, WADSWORTH (1996) escreve que durante a assimilação,
uma pessoa impõe sua estrutura disponível aos estímulos que estão sendo
processados. Isto é, os estímulos são "forçados" a se ajustarem à
estrutura da pessoa. Na acomodação o inverso é verdadeiro. A pessoa é
"forçada" a mudar sua estrutura para acomodar os novos estímulos.
Assim,
de acordo com a teoria construtivista, a maior parte dos esquemas, em lugar de
corresponder a uma montagem hereditária acabada, constroem-se pouco a pouco, e
dão lugar a diferenciações, por acomodação às situações modificadas, ou por
combinações (assimilações recíprocas com ou sem acomodações novas) múltiplas ou
variadas.
A Teoria da Equilibração
Segundo
Piaget (WADSWORTH, 1996), a teoria da equilibração, de uma maneira geral, trata
de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é
considerada como um mecanismo auto-regulador, necessária para assegurar à
criança uma interação eficiente dela com o meio-ambiente.
A
importância da teoria da equilibração, é notada principalmente frente a dois
postulados organizados por PIAGET (1975, p.14)
Primeiro
Postulado : Todo esquema de assimilação tende a alimentar-se, isto é, a
incorporar elementos que lhe são exteriores e compatíveis com a sua natureza.
Segundo
Postulado : Todo esquema de assimilação é obrigado a se acomodar aos elementos
que assimila, isto é, a se modificar em função de suas particularidades, mas,
sem com isso, perder sua continuidade (portanto, seu fechamento enquanto ciclo
de processos interdependentes), nem seus poderes anteriores de assimilação.
O
primeiro postulado limita-se a consignar um motor à pesquisa, e não implica na
construção de novidades, uma vez que um esquema amplo pode abranger uma gama
enorme de objetos sem modificá-los ou compreendê-los. O segundo postulado
afirma a necessidade de um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação na
medida em que a acomodação é bem sucedida e permanece compatível com o ciclo,
modificado ou não.
Em
outras palavras, Piaget (1975) define que o equilíbrio cognitivo implica em
afirmar que :
1. A presença necessária de acomodações nas
estruturas;
2. A conservação de tais estruturas em caso
de acomodações bem sucedidas.
Esta
equilibração é necessária porque se uma pessoa só assimilasse estímulos
acabaria com alguns poucos esquemas cognitivos, muito amplos, e por isso,
incapaz de detectar diferenças nas coisas, como é o caso do esquema
"seres", já descrito nesta seção. O contrário também é nocivo, pois
se uma pessoa só acomodasse estímulos, acabaria com uma grande quantidade de
esquemas cognitivos, porém muito pequenos, acarretando uma taxa de
generalização tão baixa que a maioria das coisas seriam vistas sempre como
diferentes, mesmo pertencendo à mesma classe.
Segundo
WADSWORTH (1996), uma criança, ao experienciar um novo estímulo (ou um estímulo
velho outra vez), tenta assimilar o estímulo a um esquema existente. Se ela for
bem sucedida, o equilíbrio, em relação àquela situação estimuladora particular,
é alcançado no momento. Se a criança não consegue assimilar o estímulo, ela
tenta, então, fazer uma acomodação, modificando um esquema ou criando um
esquema novo. Quando isso é feito, ocorre a assimilação do estímulo e, nesse
momento, o equilíbrio é alcançado.
Nesta
linha de pensamento em torno da teoria das equilibrações, Piaget, segundo LIMA
(1994, p.147), identifica três formas básicas de equilibração, são elas :
1. Em função da interação fundamental de
início entre o sujeito e os objetos, há primeiramente a equilibração entre a
assimilação destes esquemas e a acomodação destes últimos aos objetos.
2. Há, em segundo lugar, uma forma de
equilibração que assegura as interações entre os esquemas, pois, se as partes
apresentam propriedades enquanto totalidades, elas apresentam propriedades enquanto
partes. Obviamente, as propriedades das partes diferenciam-se entre si.
Intervêm aqui, igualmente, processos de assimilação e acomodação recíprocos que
asseguram as interações entre dois ou mais esquemas que, juntos, compõem um
outro que os integra.
3. Finalmente, a terceira forma de
equilibração é a que assegura as interações entre os esquemas e a totalidade.
Essa terceira forma é diferente da Segunda, pois naquela a equilibração
intervém nas interações entre as partes, enquanto que nesta terceira a
equilibração intervém nas interações das partes com o todo. Em outras palavras,
na Segunda forma temos a equilibração pela diferenciação; na terceira temos a
equilibração pela integração.
Dessa
forma, podemos ver a integração em um todo, segundo a teoria da equilibração
como uma tarefa de assimilação, enquanto que a diferenciação pode ser vista
como uma tarefa de acomodação. Há, contudo, conservação mútua do todo e das
partes.
Embora,
Piaget tenha apontando três tipos de equilibração, lembra que os tipos possuem
o comum aspecto de serem todas relativas ao equilíbrio entre a assimilação e a
acomodação, além de conduzir o fortalecimento das características positivas
pertencentes aos esquemas no sistema cognitivo.
Os Estágios Cognitivos
Segundo Piaget
Piaget,
quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que normalmente se
atribui à esta palavra. Piaget separa o processo cognitivo inteligente em duas
palavras : aprendizagem e desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO (1994),
a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em
função da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Enquanto que o
desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela
formação dos conhecimentos.
Piaget,
quando postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança, descreve-a,
basicamente, em 4 estados, que ele próprio chama de fases de transição (PIAGET,
1975). Essas 4 fases são :
* Sensório-Motor
(0 – 2 anos);
* Pré-Operatório ( 2 – 7,8 anos);
*
Operatório-Concreto ( 8 – 11 anos);
* Operatório-Formal (8 – 14 anos);
Sensório-motor
Neste
estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir
esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio (LOPES, 1996). Também é
marcado pela construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e
tempo (MACEDO, 1991). Segundo LOPES, as noções de espaço e tempo são
construídas pela ação, configurando assim, uma inteligência essencialmente
prática.
Conforme
MACEDO (1991, p. 124) é assim que os esquemas vão "pouco a pouco,
diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo em que o sujeito vai se
separando dos objetos podendo, por isso mesmo, interagir com eles de forma mais
complexa." Nitzke et alli (1997b) diz-se que o contato com o meio é direto
e imediato, sem representação ou pensamento.
Exemplos:
O
bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca;
"vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de
ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
Pré-operatório
É
nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objeto ou
acontecimento por uma representação (PIAGET e INHELDER, 1982), e esta
substituição é possível, conforme PIAGET, graças à função simbólica. Assim este
estágio é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.
Contudo,
MACEDO (1991) lembra que a actividade sensório-motor não está esquecida ou
abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois verifica-se que ocorre uma
crescente melhoria na sua aprendizagem, permitindo que a mesma explore melhor o
ambiente, fazendo uso de mais e mais sofisticados movimentos e percepções
intuitivas.
A criança neste estágio:
* É egocêntrica, centrada em si mesma, e
não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
* Não aceita a idéia do acaso e tudo deve
ter uma explicação (é fase dos "por quês").
* Já pode agir por simulação, "como
se".
* Possui percepção global sem discriminar
detalhes.
* Deixa se levar pela aparência sem
relacionar fatos.
Exemplos:
Mostram-se
para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de
salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as
formas são diferentes. Não relaciona as situações.
Operatório-Concreto
Conforme
Nitzke et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo,
espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então capaz de relacionar
diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar
mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair.
Um
importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou seja,
a capacidade da representação de uma ação no sentido inverso de uma anterior,
anulando a transformação observada.
Exemplos:
Despeja-se
a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga
se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a
criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.
Operatório-Formal
Segundo
WADSWORTH (1996) é neste momento que as estruturas cognitivas da criança
alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A representação agora
permite à criança uma abstração total, não se limitando mais à representação
imediata e nem às relações previamente existentes. Agora a criança é capaz de
pensar logicamente, formular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só
da observação da realidade.
Em
outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais
elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a
todas as classes de problemas.
Exemplos:
Se
lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha
enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não
com a imagem de uma galinha comendo grãos.
TEORIA DE DESENVOLVIMENTO
PSÍQUICO DE VIGOTSKY E LEONTIEV
Vygotsky tem uma visão sócio-construtivista do
desenvolvimento com ênfase no papel do ambiente social no desenvolvimento e na
aprendizagem; a aprendizagem se dá em colaboração entre as crianças e entre
elas e os adultos.
Para Vygotsky, a
vivência em sociedade é essencial para a transformação do homem de ser
biológico em ser humano.
Para ele a aprendizagem é
produto da acção dos adultos que fazem a mediação no processo de aprendizagem
das crianças.
Neste processo de mediação,
o adulto usa ferramentas culturais tais como a linguagem e outros meios, é um
processo de internalização, no qual a criança domina e se apropria dos
instrumentos culturais como os conceitos, as idéias, a linguagem, as
competências e todas as outras possíveis aprendizagens.
A linguagem, sistema
simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da
espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a
mediação entre o sujeito e o objecto do conhecimento. É por meio dela que as
funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente
transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas
diferenciadas.
Além de ser o
principal instrumento de intermediação do conhecimento entre os seres humanos,
ela tem relação directa com o próprio desenvolvimento psicológico.
Para ele, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos superiores, é resultado de uma atividade mediada.
Para ele, portanto, o desenvolvimento dos processos cognitivos superiores, é resultado de uma atividade mediada.
De
acordo com Bock, Furtado e Teixeira, o desenvolvimento infantil pode ser visto
a partir de três aspectos: Instrumental,
cultural e histórico.
ASPECTO INSTRUMENTAL
Ao tratar do aspecto instrumental, pode-se
dizer que se refere à natureza basicamente mediadora das funções psicológicas
complexas. Neste aspecto, o ser humano não apenas responde aos estímulos
apresentados no ambiente, mas os altera, utilizando as modificações como um
instrumento de seu comportamento.
ASPECTO CULTURAL
É possível dizer que estão envolvidos os meios
socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefa
que a criança em crescimento enfrenta, e os instrumentos mentais e físicos de
que a criança necessita para aprender a tarefa. Um dos principais instrumentos utilizados
é a linguagem, e baseado nisso, Vygotsky baseou toda sua obra na linguagem e
sua relação com o pensamento. Na obra de Oliveira, vê-se que “A linguagem
humana tem para Vygotsky duas funções básicas: a de intercâmbio social e a de
pensamento generalizante. Isto é, além de servir ao propósito de comunicação
entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando
as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é
compartilhado pelos usuários dessa linguagem”.
ASPECTO HISTÓRICO
Este
junta-se com o cultural, pois os instrumentos que o homem usa, para dominar seu
ambiente e seu próprio comportamento, foram criados e modificados ao longo da
história social da civilização.
Para
Vygotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem estão totalmente
ligados, de forma que não seria possível separá-los. Desde que nascem, as
crianças, têm constante interação com os adultos, pois estes, naturalmente
procuram passar para as crianças sua maneira de se relacionar e sua cultura. E
é através deste contato com os adultos que os processos psicológicos mais
complexos vão tomando forma. Esse processo, no inicio é interpsíquicos, ou
seja, partilhado entre pessoas, quando a criança vai crescendo os processos
acabam por ser intrapsíquicos, realizado pela própria criança.
Segundo
os estudos realizados por Vygotsky, em um primeiro momento os aspectos motores
e verbais do comportamento estão misturados. “a fala envolve os elementos
referenciais, a conversação orientada pelo objeto, as expressões emocionais e
outros tipos de fala social. Como a criança está cercada por adultos na
família, a fala começa a adquirir traços demonstrativos, e ela começa a indicar
o que está fazendo e de que está precisando. Após algum tempo, a criança,
fazendo distinções para os outros com o auxilio da fala, começa a fazer
distinções para si mesma. E a fala vai deixando de ser um meio para dirigir o
comportamento dos outros e vai adquirindo a função de auto-direção”. (Bock, Furtado e Teixeira. 2005, p.109).
Pode-se dizer então que, o desenvolvimento é sustentado pelas interações de um
sujeito com o outro, ou melhor, da criança com o adulto.
Segundo
Bock, Furtado e Teixeira, “todos os movimentos e expressões verbais da criança,
no inicio de sua vida, são importantes, pois afetam o adulto...”, “A fala
inicial da criança tem, portanto, um papel fundamental no desenvolvimento de
suas funções psicológicas”.
Para
Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas. Ele defende a
idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai
se atualizando conforme o tempo passa. O desenvolvimento é pensado como um
processo, onde estão presentes a maturação do organismo, o contato com a
cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a
aprendizagem. Ou seja, o desenvolvimento é um processo que se da de dentro para
fora. A partir daí, é possível dizer que entre o desenvolvimento e as
possibilidades de aprendizagem há uma estreita relação, a qual é analisada segundo
dois eixos. Por um lado, existe um desenvolvimento atual da criança, tal como
pode ser avaliado por meio de provas padronizadas ou não, observações,
entrevistas etc. por outro lado, existe um desenvolvimento potencial, que pode
ser calculado a partir daquilo que a criança é capaz de realizar com a ajuda de
um adulto num certo momento, e que realizará sozinha mais tarde. Esta
capacidade potencial, mais ou menos atualizável durante uma interação. Dessa
maneira, a aprendizagem se torna um fator de desenvolvimento.
Tendo
em vista que é a aprendizagem quem determina o desenvolvimento, Vygotsky
formula o conceito de zona do desenvolvimento proximal para explicar como há
essa influência entre aprendizagem de desenvolvimento. Para clarear esse
conceito Vygotsky afirma que devemos considerar dois níveis de desenvolvimento:
1º - o desenvolvimento efetivo, que é o já realizado (zona de desenvolvimento
real, e que podemos medir, por exemplo, através de testes psicológicos; 2º - a
zona de desenvolvimento potencial, que é o desenvolvimento que está em via de
se efetivar, ou seja, que ainda não é parte do repertório próprio da criança,
mas está voltado para seu futuro. A ampliação da zona de desenvolvimento
potencial ocorre à medida que acontece uma intencionalidade para realizá-la, ou
seja, através da aprendizagem. O desenvolvimento só se efetiva no meio social e
é nele que a criança realiza a apropriação dos comportamentos humanos. Assim, a
aprendizagem na escola ou vida cotidiana, atua no sentido de favorecer o desenvolvimento
da zona do desenvolvimento potencial.
O
processo de apropriação do conhecimento se dá nas relações reais do sujeito com
o mundo. Vygotsky distingue dois tipos de conceitos: o primeiro é o cotidiano e
prático, desenvolvidos nas práticas das crianças no cotidiano, nas interações
sociais; o segundo é o cientifico, adquiridos por meio de ensino, pelos
processos deliberados de instrução escolar.
Segundo
Oliveira, Vygotsky propõe três estágios do desenvolvimento genético do
pensamento conceitual: O primeiro estágio é denominado formação de conjuntos
sincréticos, os objetos são, pelas crianças, agrupados em conjuntos sincréticos
baseados em ligações vagas e subjetivas, como a proximidade espacial quando não
tem relação com os atributos relevantes para formarem categorias de objetos; O
segundo estágio, denominado estágio de pensamento por complexos, no qual as
ligações entre os componentes dos objetos não são abstratas e lógicas, mas
apenas concretos e factuais, de modo que qualquer conexão factualmente presente
pode incluir um elemento em um “complexo”, sem a lógica devida; O terceiro
estágio, denominado formação dos conceitos propriamente ditos, porque a criança
agrupa os objetos conforme um único atributo, sendo capaz de abstrair
características isoladas, da totalidade da experiência concreta. É importante
destacar, que o percurso genético para o desenvolvimento conceitual não é
linear, pois o terceiro estágio, por exemplo, não aparece necessariamente, após
o segundo estágio.
Nota:
Por fim, é necessário ter em
mente que, a proposta de Vigotsky é que se intervenha de forma decidida e
significativa nos processos de desenvolvimento da criança no sentido de
ajudá-la a superar eventuais dificuldades, recuperar possíveis defasagens
cognitivas e auxiliá-la a ativar áreas potenciais imediatas de crescimento e
desenvolvimento.
Processo de
internalização
O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do
funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade
externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna; é
interpessoal e se torna intrapessoal. O sujeito não é apenas activo, mas
interactivo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações
intra e interpessoais. É na troca com os outros sujeitos e consigo próprio que
se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a
formação de conhecimentos e da própria consciência. Para Vygotsky, o
desenvolvimento cultural da criança aparece segundo a lei da dupla formação, em que todas as funções
aparecem duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível individual; ou
seja, primeiro entre as pessoas (interpsicológica) e depois no interior da
criança (intrapsicológica).
Para Vygotsky, a finalidade da aprendizagem é a assimilação consciente
do mundo físico mediante a interiorização gradual de atos externos e suas
transformações em acções mentais.
Semelhanças e diferenças entre Piaget, Vigotsky
Ambos são cognitivistas/interacionistas e suas
teorias se assemelham em muitos pontos. Também não se trata de agrupá-las, como
se fossem iguais. “A questão é, como em qualquer caso de aprofundamento
teórico, compreender o melhor possível de cada abordagem, para que haja um real
aprimoramento da reflexão sobre o objeto que está sendo estudado.
Vigotsky procura analisar os factos que
levaram Piaget a aceitar a hipótese do
egocentrismo como ponto fundamental de sua teoria, bem como, coloca esses fatos
à prova, comparando-os com os resultados que ele obteve em suas próprias pesquisas.Para
Vigotsky o ponto fundamental da teoria de Piaget é o uso que a criança dá para
a linguagem, a qual pode ser dividida em fala egocêntrica e fala socializada.
Ambos
autores descrevem que na fala egocêntrica a criança não tenta se comunicar,
pois, o que ela simplesmente faz é um comentário em voz alta do que está
fazendo.
Entretanto,
eles discordam com relação à função da fala egocêntrica no comportamento da
criança, pois, para Piaget, a fala egocêntrica não cumpre nenhuma função
verdadeiramente útil; já Vigotsky, acredita que a fala egocêntrica assume um
papel definido e importante. Outro ponto de discordância entre os autores
refere-se ao desaparecimento ou transformação de fala egocêntrica, pois, Piaget
descreve que a fala egocêntrica simplesmente desaparece. Ao contrário, Vigotsky
afirma: a fala egocêntrica não se atrofia simplesmente, mas ‘se esconde’, isto
é, transforma-se em fala interior Com relação a fala social.
Os
dois pesquisadores discordam profundamente, pois, de acordo com Vigotsky, para
Piaget a "a fala social é representada como sendo subseqüente, e não
anterior à fala egocêntrica". Entretanto, nos estudos de Vigotsky, há uma
inversão, pois, para Vigotsky o desenvolvimento evolui da fala social para
egocêntrica, uma vez que "a função primordial da fala, tanto nas crianças
quanto nos adulto, é a comunicação, o contato social. A fala mais primitiva da
criança é, portanto, essencialmente social.” . Em outras palavras, o que
Vigotsky descreve em suas pesquisas é que o desenvolvimento do pensamento vai
do social para o individual. Porém, segundo a interpretação de Vigotsky os seus
resultados divergem tanto do esquema de Piaget quanto do esquema behaviorista,
pois, segundo ele, no esquema de Piaget o desenvolvimento do pensamento na
criança "parte do pensamento autístico não-verbal à fala socializada e ao
pensamento lógico, através do pensamento e da fala egocêntricos". Já no
esquema behaviorista o desenvolvimento parte da fala oral, após utilizar o
sussurro, para chegar à fala interior.Para finalizar, o que se percebe ao
analisar o texto é que Vigotsky considera as pesquisas de Piaget como
fundamentais para a psicologia, porém, há divergências fundamentais nos
resultados encontrados pelos dois autores. Entretanto, como foi dito
anteriormente, as críticas de Vigotsky devem ser aceitas exclusivamente para as
duas obras que ele analisou - o próprio Piaget quando tece acesso ao texto
escrito por Vigotsky concordou com as suas críticas. Por outro lado, ao se
analisar as demais pesquisas desenvolvidas por Piaget, percebe-se que as
críticas de Vigotsky não teriam mais fundamento.
Teoria de Desenvolvimento
Psíquico de wallon e Gessel
Wallon
Wallon define desenvolvimento como o processo pelo qual o
indivíduo emerge de um estado de completa imersão social em que não
distingue-se do meio para um estado em que pode distinguir seus próprios
motivos dos motivos oriundos do ambiente. Deste modo, desenvolver-se
torna-se-ia sinónimo de identificar-se em oposição ao mundo exterior.
O desenvolvimento ocorreria, para Wallon, por uma sucessão de estágios
através de um processo assistemático e contínuo, em que a criança oscila entre
a afectividade e a inteligência. O desenvolvimento é movido por conflitos.
Entretanto, ao contrário de Piaget,
Wallon acreditava que o processo não é tão bem delimitado, mas constante,
podendo haver, inclusive, regressão: as aquisições de um estágio são
irreversíveis, mas o indivíduo pode retornar a actividades anteriores ao
estágio. Um estágio não suprime os comportamentos anteriores, mas sim os
integra, resultando em um comportamento que é a acumulação das partes.
Dois conceitos são importantes na obra de Wallon: Emoção e Afectividade.
Para este a emoção são fenómenos
psico-fisiológicos oriundos do sistema nervoso central caracterizados pela
reacção postural de exteriorização da afectividade. A afectividade, por sua
vez, seria o conjunto de processos psíquicos exteriorizados através das
emoções. Em outras palavras, enquanto emoções seriam processos internos, a
afectividade seria o estado psicológico que viabiliza a comunicação das
emoções, ou ainda melhor, afectividade,
seria a primeira forma de interacção com o meio ambiente e a motivação primeira
do movimento.
Estágios de Desenvolvimento
Wallon é bem mais flexível na
análise dos estágios: não acredita que os estágios de desenvolvimento formem
uma sequência linear e fixa, ou que um estágio suprima o outro. Para este, o
estágio posterior amplia e reforma os anteriores.
O desenvolvimento seria permeado de conflitos internos e externos. Os
conflitos, mesmo os que resultem em retorno a estágios anteriores, são
fenómenos geradores de evolução.
1º Estágio impulsivo-emocional ou impulsividade motora
Do nascimento até aproximadamente o primeiro ano de vida. É um estágio
predominantemente afectivo, onde as emoções são o principal instrumento de
interacção com o meio. A relação com o ambiente desenvolve, na criança,
sentimentos intraceptivos e factores afectivos.
Mesmo já possuindo autonomia respiratória, ela
depende do adulto para a satisfação de suas necessidades básicas como nutrição,
higiene e postura
O movimento, como campo funcional, ainda não está desenvolvido, a criança
não possui perícia motora. Os movimentos infantis são um tanto quanto
desorientados, mas a contínua resposta do ambiente ao movimento infantil
permite que a criança passe da desordem gestual às emoções
diferenciadas.
2º Estágio sensório-motor e projectivo
Dos três meses de idade até aproximadamente o terceiro ano de vida, a
criança passa pelo estágio sensório-motor
e projectivo.
O desenvolvimento da marcha e da fala demarcam
o início do estágio sensório-motor, propiciando que as relações com o mundo
exterior se aprofundem, se dinamizem e se expandam, e o período projetivo surge
quando o movimento deixa de se relacionar exclusivamente com a percepção e
manipulação de objetos
É uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos
fenómenos cognitivos. A inteligência, nesse período, é tradicionalmente
osciladora entre inteligência prática, obtida pela interacção de
objectos com o próprio corpo, e inteligência discursiva, adquirida pela
imitação e apropriação da linguagem. Os pensamentos, nesse estágio, muito
comummente se projectam em actos motores.
3º Estágio do personalismo
Este estágio, que se estende aproximadamente dos três aos seis anos de
idade, é um período crucial para a formação da personalidade
do indivíduo e da auto-consciência.
É marcado por
oposições, inibições, autonomia, sedução, imitação, que irão contribuir para a
formação e enriquecimento do eu, a edificação interior.
Uma consequência do carácter
auto-afirmativo deste estágio é a crise negativista: a criança opõe-se
sistematicamente ao adulto. Por outro lado, também se verifica uma fase de
imitação motora e social.
4º Estágio categorial
O estágio do personalismo é sucedido por um período de acentuada
predominância da inteligência sobre as emoções. Neste estágio, a criança começa
a desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias. Este estágio geralmente manifesta-se
entre os seis e os onze anos de idade.
É neste estágio que se formam as categorias mentais: por exemplo
nesta fase, uma criança que antes associasse o conceito de "triângulo" a triângulos equiláteros (porque este
tenha sido apresentado como um exemplo de triângulo) adquirirá a
habilidade de compreender que mesmo "formatos" diferentes --
triângulos isósceles e escalenos -- também são abarcados pelo conceito de
"triângulo".
No estágio categorial, o poder de abstração
da mente da
criança é consideravelmente amplificado. Provavelmetne por isto mesmo, é nesse
estágio que o racioncínio simbólico se consolida como ferramenta cognitiva.
5º Estágio da adolescência
Mais ou menos a partir dos onze, doze anos, a criança começa a passar pelas
transformações físicas e psicológicas da adolescência.
Este é um estágio caracterizadamente afectivo, onde o indivíduo passa por uma
série de conflitos internos e externos. Os grandes marcos desse estágio são a
busca de auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade.
Os estágios de desenvolvimento não se encerram com a adolescência.
Na verdade, para Wallon o
processo de aprendizagem sempre implica na passagem por um novo estágio.
Gessel
Sua teoria é a de que a hereditariedade promove o
desenvolvimento em uma sequência pré-ordenada, como uma espécie de cronograma,
com algumas diferenças individuais
Gesell acredita que, devido ao fato de que o bebé e
a criança estarem sujeitos a forças do crescimento previsíveis, os padrões de
comportamento resultantes não são subprodutos estranhos ou acidentais. Esses
padrões são, em seu ponto de vista, produtos finais previsíveis de um processo
de desenvolvimento total que funciona em uma sequência específica. De acordo
com seu ponto de vista, a organização do comportamento começa bem antes do
nascimento e segue seu caminho da cabeça aos pés.
Em um resumo do desenvolvimento comportamental, ele
descreve os seguintes pontos de referência:
No primeiro trimestre do primeiro ano de vida (16
primeiras semanas), o recém-nascido ganha o controle sobre os músculos e nervos
da face (envolvidos na visão, audição, paladar, sucção, deglutição e olfacto).
No segundo trimestre (de 16 a 28 semanas), o bebé começa
a desenvolver o comando dos músculos do pescoço, da cabeça e move seus braços
intencionalmente. O bebé tenta pegar objectos.
No terceiro trimestre (de 28 a 40 semanas), o bebé
ganha controle do tronco e das mãos, começa a pegar objectos, passá-los de uma
mão à outra e demonstrar afecto por eles.
No último trimestre (de 40 a 52 semanas), o
controle se estende às pernas e pés do bebe, assim como aos dedos indicadores e
polegares, para permitir pegar pequenos objectos. O bebé também começa a falar.
No segundo ano, o bebé anda e corre, fala algumas
palavras e frases com clareza, adquire o controle sobre a bexiga e o intestino,
e começa a desenvolver um sentido de identidade pessoal e de posse.
No terceiro ano, a criança usa frases claras,
tornando as palavras suas ferramentas para expressar seus pensamentos. Já
deixou de ser um bebé e agora tenta manipular o ambiente. Tem explosões de
raiva.
No quarto ano, a criança faz várias perguntas e
começa a formar conceitos e generalizar. Já depende quase que totalmente dela
mesma nas rotinas domésticas.
Aos 5 anos, a criança
já está bastante madura no controle motor de grandes músculos: ela brinca e
salta normalmente, pula num pé só. Fala sem fazer sons infantis e pode contar
uma história longa e algumas piadas simples. E também sente orgulho de suas
realizações, além de ser bastante segura no mundinho doméstico.
Os primeiros anos de vida, em especial o
primeiro, tem importância capital para
o desenvolvimento da inteligência, da afectividade, das relações sociais,
ocorrendo de forma rápida.
Qualquer perturbação nessa fase poderá, se não for detectada a tempo, diminuir
as capacidades futuras. Embora a maturação
neurológica seja crucial, Gesell não esqueceu-se das condições de vida da criança.
A base do desenvolvimento é biológica, maturacional. O processo de
desenvolvimento ocorre de forma ordenada e de acordo com determinados padrões
gerais. Crianças normais progridem em uma mesma sequência, sendo que o
desenvolvimento se processa no sentido da cabeça para os pés (Céfalo-caudal);
e do tronco para os membros (Próximo-distal).
Essas características maturacionais não devem
ser vistas como normas rígidas, mas como sequências gerais do desenvolvimento, chamando a atenção para as diferenças individuais (influências
ambientais), admitindo-se uma margem de variação dentro da idade (ritmo).
Importância da estimulação Ambiental
em Gessel
Enriquecer o ambiente da criança e oferecer-lhe as maiores oportunidades
possíveis permite-lhe dar o melhor de si, mas não a tornam 'melhor',
mais inteligente ou mais ágil do que, ao nascer, estava destinada a ser.
O
ambiente influencia o comportamento mas não o determina. Reconhece
que o factor de individualidade é
poderoso, mas as variações individuais ligam-se a uma tendência central porque as sequências e o plano básico do
desenvolvimento são características relativamente estáveis/biológicas.
Quadro Lógico das Teorias de
desenvolvimento
WALLON
1879 – 1962
|
GESELL
1880 – 1961
|
PIAGET
1896 – 1980
|
VYGOTSKY
1896 – 1934
|
·Origem interna é biológica, e externa é afetiva. Do estado
orgânico para o cognitivo racional através do coletivo.
·A afetividade faz a criança emergir do mundo orgânico para
conceitos coletivos.
·Afetividade é o motor do movimento e aproxima-se com o
desenvolvimento gnósico.
·A inteligência do adulto é diferente da criança de forma
qualitativa, a criança é inteligente ao seu modo.
·As emoções são responsáveis pelas aprendizagens (envolvimento).
·O ato mental se estabelece por atos motrizes, ação=pensamento.
|
·Compreensão de um ciclo vital das primeiras semanas de vida até a
morte.
·Predeterminismo do comportamento infantil.
·Categoriza e isola diferentes características humanas, não
estabelece relações entre elas.
·Papel secundário dos professores na ação educativa das crianças.
·Papel dos professores é de descoberta das capacidades mentais que
são heranças genéticas.
·Padronização dos comportamentos.
·Desenvolvimento mental em acordo com as idades.
·Processo de desenvolvimento mental interno. Rechaça as influências
externas.
·Orientação para grupos em equilíbrio intelectual, respeito às
capacidades naturais de cada indivíduo.
|
·Desenvolvimento
mental se dá em acordo com períodos de idade, estágios.
·04
estágios: sensoriomotor (0 a 2 anos), pré-operacional (2 a 7 anos), operações
concretas (7 a 11 anos) e operações formais (11 anos em diante).
·Os estágios são em ordem seqüencial e seguem uma ordem
preestabelecida.
·O processo da aprendizagem segue o do desenvolvimento.
·Independência entre os processos de desenvolvimento e de aprendizagem.
·Linearidade, continuidade e progressividade do desenvolvimento.
·Afetividade é destaque no desenvolvimento cognitivo.
·O jogo é o desenvolvimento da moral coletiva.
·Os padrões intelectivos seguem os motivos afetivos, alavancas do
processo.
|
·O
processo relacional é a tônica do desenvolvimento humano
·Crença no método genético.
·Diferenças qualitativas entre o adulto e a criança.
·Os processos mentais resultam da inter-relação dos fatores
internos e externos.
·A aprendizagem abre uma ilimitada gama de novas possibilidades
mentais.
·Dois níveis de desenvolvimento – o real e o potencial.
·A Zona Proximal é o nível de desenvolvimento social. São as
comunicações entre aquilo o que a criança já sabe e aquilo o que pode vir a
saber.
·O jogo cria novas zonas proximais na criança.
·Ao interagir o adulto empresta novas capacidades às crianças.
·A ação surge no social, para depois se tornar movimento.
|
O
desenvolvimento Psíquico do Adulto
As
mudanças tecnológicas que ocorreram na actualidade transformaram
substancialmente a relação do Homem com o mundo natural. O ritmo dessas
mudanças tem sido tão vertiginoso que pôs em questionamento até a possibilidade
de sobrevivência do homem, enquanto espécie.
Recentemente
tem aumentado o número de estudos que analisam a relação entre o tempo, idade e
o ciclo de vida. Os estudos que investigam o desenvolvimento do adulto são os
que têm recebido maior atenção. Embora tenha havido algumas pesquisas na década
de 40 e 50, foi a partir da década de 70 que esses estudos ganharam
notoriedade. Isso talvez se deva ao facto de que a população de pessoas com
idade superior a 60 anos tenha aumentado
muito nos últimos anos.
Os
primeiros estudos, no entanto, investigaram apenas a velhice e consideraram o
avanço da idade como um problema.
A
maior parte das pesquisas eram feitas em instituições para idosos, o que levou
à formação do estereótipo de que a velhice é um período desolador, de rejeição
dos filhos, de solidão, e que requer um número enorme de serviços de apoio.
A
medida que a análise sobre o ciclo de vida passou a interessar a maior número
de pesquisadores, estes passaram a empregar amostras retiradas de populações de
diferentes faixas etárias, classes sociais, profissões e culturas. Os
resultados obtidos levaram a uma mudança na análise do desenvolvimento humano.
Os
estudos com adultos mostraram que, durante o ciclo de vida ,as mudanças
psicológicas são continuas. Consequentemente, a realidade psicológica do adulto
não pode ser analisada simplesmente projectando os problemas e as
características que o indivíduo apresentou na infância.
A
teoria adoptada, na maior parte dos estudos sobre o desenvolvimento adulto, foi
a de Erikson (1902). Ele enfatiza
que o desenvolvimento humano se processa por estágios – três dos quais são na
idade adulta. Cada estágio é caracterizado por um padrão de mudanças de Ego,
que é resultante da interacção entre valores individuais e as forças sociais.
Esta dicotomia entre o individual e o social provoca uma crise, pois o Ego deve
manter sua identidade ao mesmo tempo que deve responder de maneira satisfatória
às exigências sociais.
A
palavra Crise designa o ponto critico do
desenvolvimento, o núcleo em torno do qual giram as mudanças que devem ocorrer
na personalidade.
Embora
actualmente os estudos sobre o desenvolvimento do adulto ocupem
um espaço considerável na literatura especializada, existem vários aspectos
polémicos que dividem os estudiosos desta área.
Um
deles é a existência de estágios depois da adolescência.
A
resposta a esta questão divide os estudiosos em dois grupos:
Os que aceitam e os que não
aceitam que o desenvolvimento do adulto se processa em estágios.
Teóricos que aceitam estágios
no desenvolvimento do adulto
Os
teóricos deste grupo defendem que o desenvolvimento adulto se processa em
estágios.
Alicerçam-se
no facto de que o processo de socialização continua ao longo da vida. Cada
sociedade oferece aos seus elementos um sistema de padrões de comportamentos
para cada idade. O indivíduo passa por essa regulação social que se opera do nascimento até a morte, como passa
pelo ciclo biológico.
É
preciso salientar que os indivíduos não são passivamente moldados pelos seus
grupos sociais. Ao contrario, cada pessoa faz, para si, um rol dos
acontecimentos que considera importantes, bem como a cronologia de sua
ocorrência.
Os
períodos do ciclo de vida na idade adulta seriam a idade adulta jovem, a maturidade e a velhice (senescência).
A idade adulta jovem
Neste
período deve ser conquistada a estabilidade profissional, afectiva e dos
valores éticos.
Com
sua identidade mais definida, o homem adulto mostra-se disposto a fundi-la com
a de outras pessoas.
A
mais importante tarefa do Ego neste
período, é encontrar o equilíbrio entre a estabilidade e o avançar para o
futuro, buscar novos caminhos, esforçar-se para fazer novas descobertas,
investir em si mesmo e na vida das pessoas que dependem mais directamente dele
( familiares, amigos, colegas, e.t.c).
Este
período cria alguns problemas para os dois sexos.
A
mulher deve achar o equilíbrio entre sua carreira profissional e realização
pessoal com a vida afectiva e a maternidade. O homem deve empenhar-se para
estar em harmonia com os papéis a desempenhar ( o de pai, o de profissional,
e.t.c) e com seus padrões de liberdade.
No
final deste período os indivíduos devem construir um mundo interior que lhes
permita estarem satisfeitas consigo mesmas e com a vida que começaram a
construir, caso contrario, sentir-se-a estagnada e ano conseguirão doar-se para
os outros.
A maturidade ou meia - idade
Neste
período há uma mudança na perspectiva pessoal do tempo. Ele é reestruturação em
termos da metade do tempo de vida. A questão não é mais que 40 ou 50 anos
passaram, e sim: quanto tempo ainda resta pela frente? O que pode ser feito
para viver melhor? Como não perder a vida que ainda resta?
Esse
questionamento não leva, necessariamente, à depressão. A pessoa pode pensar: “ tempo é o agora e a luta pela minha
realização não terminou”. Isso pode gerar uma certa ansiedade, mas também pode
colocar um novo atractivo e muito prazer ao planejar o que ainda pode ser
feito.
Esse
processo é uma estrada com duas saídas: aqueles indivíduos que são abertos e
sensíveis às mudanças dos padrões sociais podem ter um crescimento interior e
conviver com as novas gerações sem serem considerados ultrapassados; e também
há aqueles que têm pouca flexibilidade cognitiva ficam muito presos a condutas
e valores do passado. Isso torna difícil seu relacionamento com a juventude
bastante difícil.
Ao
perceber que os filhos cresceram e ano precisam mais da presença constante dos
pais, as pessoas começam a tomar consciência de que não são mais tão jovens.
Os
pais desenvolvem um sentimento de perda com o crescimento de seus filhos.
O
relacionamento do casal torna-se mais intimo, pois não tem que dividir o tempo
com os filhos.
Para
as mulheres aparece um outro desafio, que é a menopausa. Muitas acreditam que ela significa envelhecimento e
desenvolvem a ansiedade de ano serem mais atraentes para seu companheiro.
Os
homens apresentam medo de perder o prazer sexual e algumas vezes se envolvem
com novos relacionamentos afectivos com o objectivo de se sentirem mais jovens.
Nesta etapa, o crescimento do Ego está
ligado à superação das perdas que a vida acarreta.
A Velhice (Senescência)
O
desafio para o Ego nesta etapa da vida está relacionado com a adaptação à perda
do trabalho, de amigos, do companheiro, da posição, da autoridade na família, e
ao questionamento, feito pelos outros, sobre a competência ( física e mental)
do velho para executar algumas tarefas.
Mais
do que em qualquer outra época da vida, há um constante interesse pela saúde
dos amigos. Cada pessoa que fica doente ou morre traz à tona a questão: “quando
o meu dia chagará”.
A
preocupação com a passagem do tempo de vida já não é mais tão aguda. Embora a
pessoa idosa admita que os velhos têm maior probabilidade de morrer do que os
jovens, ele não é capaz de pensar na própria morte e acredita que tem ainda
muito tempo pela frente.
A integridade do Ego neste
período está mais apoiada no passado ( o que eu fui, o que eu fiz) do que no
presente ( o que eu sou). O legado da vida dá ao velho um sentimento de
vitória.
Ele
pensa: “ Eu conheço mais sobre a vida que as pessoas jovens. Elas ainda têm que
aprender”.
A
maior parte dos idosos adquiriu paz interior e apresenta flexibilidade para
julgar e aceitar a conduta dos outros. É como se eles pensassem: “para que
tanta rigidez e sofrimento? O mais importante da vida é estar vivo”.
Teóricos que não aceitam
estágios no desenvolvimento do adulto
Os
teóricos que defendem este ponto de vista baseiam sus argumentação em três
aspectos:
1º -
a partir da adolescência, o ritmo dos acontecimentos da vida torna-se menos
regular, por isso a vida perde seu costumeiro significado social, tornando-se,
assim. Cada vez menos relevante.
2º -
as tarefas sociais, problemas e preocupações, que geralmente são usados para
caracterizar os estágios, não pertencem exclusivamente a uma faixa etária, mas
aparecem e reaparecem ao longo da vida.
3º -
as mudanças interiores ocorrem vagarosamente, são continuas e não discretas.
Elas reflectem apenas o modo com que cada um percebe o mundo. Essa percepção é
resultante do processo de aprendizagem social, ao qual qualquer pessoa está
sujeita.
O
adulto é construtor da sua dimensão de tempo e de espaço. Na sua mente,
presente e passado, constituem uma realidade psicológica, que é organizada a
partir de diferentes sistemas de valores. Segue-se, dai, que descrever a
existência como uma sequência de períodos claramente demarcados ( juventude,
meia - idade, velhice), é um jeito de prejudicar a ideia da vida, como se ela
fosse um conjunto de interacções que obedecem a um certo número de normas e
padrões.
Referências Bibliograficas
BOCK,
Ana M. B., FURTADO, O., TEIXEIRA, M. de L. T.; Psicologias: Uma introdução ao
estudo de psicologia. Pág. 98-110. , 13 ed., São Paulo, Saraiva, 2002.
TAILLE,
Yves de L., OLIVEIRA, M. K., DANTAS, H., Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias
psicogenéticas em discussão. Pág.
23-36, São Paulo, ed. Summus, 1992
bom trabalho, continue assim.
ResponderExcluirDr.gostei do texto,creou que continui esta carreira profissional.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo trabalho feito aqui neste site ajudou me baste aperceber os conteúdo de psicologia de desenvolvimento. Só que fique com uma duvida sobre as diferença, semelhança e perspectiva entre os autores, deste modo peço o quadro de semelhança e diferenças dos teórico. Obrigado
ResponderExcluirMuito obrigado pelo trabalho feito aqui neste site ajudou me baste aperceber os conteúdo de psicologia de desenvolvimento. Só que fique com uma duvida sobre as diferença, semelhança e perspectiva entre os autores, deste modo peço o quadro de semelhança e diferenças dos teórico. Obrigado
ResponderExcluirMuito obrigado DOUTOR, pelo trabalho que desenvolveu. Ajudou muito a nos na perfeição da matéria.
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