Rajabo Caetano Bernardo Malua
Prefacio
Da
Obra Filosofia Africana ‑ Das Independências Às Liberdades
Curso de Licenciatura
em Ensino de Geografia com Habilitação em História
Universidade
Pedagógica
Beira
2013
|
Rajabo Caetano Bernardo Malua
Antropologia
Cultural de Moçambique
Prefacio
Da
Obra Filosofia Africana ‑ Das Independências Às Liberdades
Curso de Licenciatura
em Ensino de Geografia com Habilitação em História
Trabalho a ser
apresentado no
Departamento de
Ciências Sociais
Como um dos elementos
de avaliação.
Docente:
dr. Savio
Universidade Pedagógica
Beira
2013
|
Prefácio
A
obra que tens em mão, intitulado Filosofia
africana-Das Independências as Liberdades, não é publicada como fruto do
acaso. Ela condensa um conjunto de elementos de carácter filosófico reunidos
durante a formação como filosofo. Durante este lapso de tempo, o autor vem
lançando obras como “Interpretações Filosóficas da Historia do Século XVII” e “Por
Uma Dimensão Moçambicana da Consciência Histórica”.
Enveredar
sobre a existência da Filosofia Africana, é uma questão que até por muitos
pensadores se questionaram e alguns acabaram em afirmar a não existência da
mesma. Nesta forma de pensar, notabilizou-se como figuras desta ala, Hountondji,
pelo seu eurocentrismo da filosofia.
Ao
decorrer desta obra, o caro leitor poderá perceber que foi a partir desta
critica, levado acabo por Hountondji ao considerar que a África não tem
filosofia e que aquilo que eles consideram de filosofia é apenas “um trabalho
da etnologia com pretensão filosófica” que se concedera como um marco histórico
do surgimento da filosofia africana e que a obra do padre Placide Tempels,
marca o inicio da produção filosófica escrita a que se pode chamar de
etno-filosofia.
No
que se refere a missão dos filósofos africanos, por alguns autores, lhes é
incumbido a missão de colecção e interpretação dos costumes, lendas, contos
entre outros para chegar-se ao ponto de se considerar filosófico, visto que, se
se considerar o mesmo como filosófico, era de admitir que a África é banhado de
filósofos, o que não constitui verdade, dai que para Hountondj, há todo uma
necessidade da escrita.
Deste
modo, viremos também, que partindo da historicidade e da etnocidade, vimos que por
muitos, foram consideradas a existência de duas sociedades distintas, a primeira
considerada aquelas sociedades com escritas como sendo aquelas com pertença a
história e as inversas (selvagens) com pertença a etnologia na qual os
etnólogos vão lhes estudar por aquilo que não tem, como é caso da (história,
verdade e ainda Estado).
Neste
modo de pensar, as comunidades não ocidentais, foram consideradas bárbaras, sem
história, devido a etnocentrismo ocidental pela não consideração da relação
entre a unidade e a diversidade humana que para Claude Lévi-Strauss referenciado
nesta obra, chamou de sociedades historiografávies e sociedades etnografáveis.
Mas
mesmo assim, como o nosso objectivo é de despertar o máximo possível qual foi a
transcorria deste povo o chamado de culturas exóticas, sociedade sem escrita,
sem ciência nem a técnica, chega-se de se concluir que a retórica antropológica
no fundo, ela divide os homens em dois mundos diferentes, irreconciliáveis no
tempo e no espaço, na qual a Europa, situa-se num espaço privilegiado, visto
que foi dela que consideraram aqueles povos que praticam uma dada cultura fora
dela, chamando-os de bárbaros.
Como
prescrevem os antropólogos das luzes “a humanidade é una, é imutável” o que
implica dizer que o homem não muda mais sim a sociedade, prospectar-se-á a
história por Voltaire como uma civilização humana e não providencialista como
os outros a concebia.
Falar-se
da liberdade de um povo, dá-se entender a prior, que se trata de um povo que
antes encontrava-se sob jugo de uma colonização e a esses serem feitos de
reféns.
Para
o caso de África, como afirmam alguns pensadores que ao longo da obra
debruçamos, pode ser resumir que: o colonizador viu neste povos a não
responsabilidade pelas terras por não ocupados, a falta da técnica e da
ciência.
Vai
ser neste raio de pensar que talvez pela falta da cientificidade que a nossa
sociedade viu-se impugnado pelo regime ocidental. Se admitirmos que fomos
colonizados pela falta da cientificidade e da escrita, será que ao resgata-lo
este dilema que fez de um povo poderoso e do outro não ocidental meio-homem,
temeríamos aquilo que chamamos de independência ou liberdade?
Ou pelas independências que a África veio
comemorando desde os anos 60, pode se dizer que se encontram livres? Esta obra,
procura compreender o percurso que a África tomou desde as suas primeiras
manifestações contra o ocidente.
Se
se admitir que a opressão, ou mesmo, a nossa colonização justificou-se pela
falta da técnica e da ciência, implica que recorremos a esses meios e que, se a
escravatura se resumiu que nós éramos tão habilidosos ou que naturalmente escravos,
isso implica também que façamos dessa, como um meio para atingirmos e gozarmos
a nossa dignidade.
A
desvalorização da nossa raça, chegando de se considerar como inferiores e
muitas outras formas de opressão, levaram a africanos a busca sua liberdade
dado a este fenómeno surgem vários movimentos como é o caso da Negritude, sendo
como uma forma de resgatar a imagem dos africanos perdida durante a
colonização.
Neste
raio de pensar, nesta obra, foi referenciado que para Senghor prescreve que, será
da libertação cultural, que se pode gozar da liberdade política e faz uma
avaliação da civilização Africana tradicional.
Durante
o desenvolver desta obra, no que diz respeito a personalidade africana,
chegar-se-á de perceber que a Unidade Africana ou a ideia de que a África se
unisse formando uma só nação parte do Nkrumah e a valorização da quilo que
somos e que seremos foram por cá ressaltados por Blyden ao afirmar que, se não
formos nós mesmo, a valorizar a nossa cultura, raça entre outros aspectos,
nenhum irá valorizar-nos.
Dai
que, cabe à cada de nós como africano numa perspectiva individual e colectiva
valorizar por aquilo que somos e possuímos, e que nenhum outro povo vira
exaltar aquilo que somos. Foram dessas e doutras formas que se concretiza ao
mais alto nível alguns movimento sendo a destacar a Negritude.
Tomando
em consideração, no que diz respeito a existência da filosofia africana, viu-se
inúmeras críticas sobre a questão da existência da mesma, na qual ao decorrer
desta obra, tentou fazer-te conhecer e de acordo com a sua capacidade de senso,
enveredares por aquelas que as considerares como as que se aproximam da
verdade.
Sendo
que para além do crítico, Hountondji, destaca-se também a corrente hermenêutica
sobre a filosofia africana elaborado por etno-filosofia, visto que para esta
corrente, a filosofia africana é um projecto do futuro e que para a realização
desta, o sujeito far-se-á passar pela mesma corrente.
Tem-se
referenciando que a falta de uma literatura escrita, não autoriza a afirmação
da existência da filosofia no pensamento tradicional africano e que só pode se
justificar como filosófico o que a Europa Ocidental oferece como filosofia.
Como
prescrevemos nesta obra, podemos dizer que a liberdade que a África tem hoje, é
o fruto de vários movimento que tendiam a um mesmo objectivo a “liberdade” como
é o caso do Pan-Africanismo, Socialismo, Negritude, Etno-filosofia, Filosofia
Critica ou Hermaneutica e que, o que resta de hoje para em diante a liberdade
económica o que nos vem a submissão do pobre pelo rico.
Podemos
estar convencidos que gozamos de uma liberdade, e se assim for, talvez seja
pela ausência física na câmara dos governantes aqueles que os consideramos
opressores, mas entre nós vimos e vivemos em cada momento da nossa vida, algo
que se afasta daquilo nos prescrevemos como povos livres. Será deste modo que
se pode dizer que: o facto colonial desapareceu oficialmente: mas ele permanece
efectivamente entre nós, através de uma cultura que se opõe e se impõe às
culturas autóctones, oposição e imposição que está na base da aspiração a
liberdade.
Bibliografia
Ngoenha,
Severino Elias. Filosofia Africana - Das
Independências Às Liberdades. Edições Paulista-África,
Maputo, 1993
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabens! Optima reflexão. O pensamento do nosso NGOENHA merece ser estudado como guia importante ao nosso filosofar africano. A este grande pensador dediquei um estudo reavaliando exactamente esta obra, num trabalho, a sair esta semana ao publico de lingua portuguesa, que intitulei " DAS INDEPENDÊNCIAS ÀS LIBERDADES. FUTURISMO E UTOPIA NA FILOSOFIA DE SEVERINO ELIAS NGOENHA, Chiado Editora, Lisboa, 2017" ( trad. it. DALLE INDIPENDENZE ALLE LIBERTÀ. FUTURISMO E UTOPIA NELLA FILOSOFIA DI SEVERINO ELIAS NGOENHA, Mimesis edizioni, Milão, 2013).
ResponderExcluirAfonso Mário Ucuassapi
( afonsomario.ucuassapi@uniroma1.it )
Caro Afonso Mario Ucuassapi, gostaria de ter o seu trabalho.
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