INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho tem como tema a
cultura Macua-Lomue. Com os objectivos abaixo referidos iremos conhecer mais a
fundo a cultura deste povo que faz parte do nosso pais, ficaremos a saber qual
seria a origem deste povo que ocupa a região norte, centre e alguns países
vizinhos. Vamos aprofundar mais na sua cultura tentando perceber alguns hábitos
realizados por estes povos. Como já é sabido por todo no nosso países existem
regiões que seguem linhagens ( matrelinear ou patrelinear), vamos descobrir que
linhagem segue este povo Macua- lomue.
OBJECTIVO
Geral:
Ø Conhecer a cultura Macua-lomue.
Especifico:
Ø Descrever a origem do povo Macua-Lomue;
Ø Analisar a repartição do poder desse povo;
Ø Caracterizar a linhagem familiar regente neste povo.
CULTURA MACUA-LOMUE
ORIGEM
O povo macua é descendente de um grande povo Banto originário da região
centro-africana (grandes lagos), ou seja das grandes florestas congolesas, que
se migraram para a região da Africa Austral a procura de terras férteis.
Segundo “ Eduardo da Conceição Medeiros
( 1997 paginas 74-75) este povo de lingua emakhuwa e elomwe estiveram
representados no Niassa pelos macuas-lomwes, macuas-chirimas, e macuas-meto.
Estes ammetho ocupavam desde o rio Lurio a nascente do messalo. Os macuas-
lomues ( alomwes), ocupavam a outra parte do rio Lurio e estes povos estiveram
representados por linhagens de clãs exogamicos: alakassi, amirassi, anela,
amale, amirolo, aseleja e achepani.
Para alem desta tribo existiam os chirimas ( axirimas) dos clãs amokovo,
amwatha, amirassi, amirole, aseleje, e alapini os etnonomos michavam, mpolola,
anhamuelo, amanhama, amaranta. Os yao apelidavam-os por alolo ( singular lolo),
ou anguru ( singular uguru). A invasão dos angoni de mputa maseko no Niassa
provocou uma reestruturação politica entre os yaos e os macuas. De uma forma
geral estes povos ( macua-lomue) ocupavam as margens do rio Lurio e Messalo, lago
Amaranba para aproveitar a pratica da actividades económicas. Os macua-lomue
chefiados por mhua( ou mahua ou maua) nome dinástico, atravessaram o rio Lurio
por volta de 1835 a 1840 e fixaram-se a
norte deste rio por onde, passavam as caravanas dos Mêto e Quissanga formando
maua.
As margens do rio Lurio sempre foram constantemente povoadas, em todos os
sentidos, ocupações estas motivadas por situações historias e locais do momento
como: seca, fome, guerras, perseguições colónias.
O fundador de Cuamba foi NKWAMBA do povo lomue, de acordo com José Melo Branquinho
1933, as populações de regiões de Ribaue, Lalaua e Malema sofriam violência
praticada por sipaios a mando da administração portuguesa.
SITUÇÃO GEOGRAFICA
Actualmente este povo vive no norte de Moçambique, com cerca de 300.000 km2,
abrange parte das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, é
delimitado ao norte pelo rio (Licungo nas proximidades) Rovuma a, leste o
Oceano Indico, sul rio Licungo, próximo do rio Zambeze e o oeste rio Lugenda.
Devido as migrações do sec XIX, e encontram se macuas em Malawi, Tanzânia,
Madagascar, Seychelles e Maurícias devido ao trafico de escravos no sec XVIII-XIX.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Como base da estrutura social e politica dos macua-lomue esta o “ mínimo”
tribo. Estes sustentam a explicação como legitima descendência da proveniência feminina,
isto é, “ matrelinear”. Na filiação matrelinear a família pode ser um grupo de
indivíduos de vários segmentos de linhagem consanguíneos pertencentes a uma
mulher antepassada conhecida, a cabeça da linhagem como referencia comum do
lado materno outros indivíduos doutras linhagens também podem fazer parte deste
colectivo ou pelo casamento ou, desde que haja concordância entre todas as
partes.
Os filhos pertencem aa linhagem da mãe e são subordinadas ao “mwene”do
mínimo que é o irmão mais velho da mãe. É uma sociedade usorilocal, isto é, o
homem tende se deslocar ao mínimo da sua esposa
DESTRIBUIÇÃO DO PODER
Na linhagem macua-lomue cada parte da linhagem (família) tem sua própria
autoridade, que é o “TATA” , tio materno ou seja irmão mais velho da mãe de uma
determinada família, o qual é por isso, o chefe de um grupo de unidade
interinos. O conjunto de todas “asitata” em um “decamo” que é o chefe do
escalão imediatamente superior o chefe da linhagem ( clã), chamada “humo”. Ele
é autoridade do conjunto das partes duma determinada linhagem que forman a
primeira unidade social macua-lomue chamada “nloko” ( clã com mesmos avos).
Em ordem ascendente tem-se o mwene (
chefe máximo), os filhos passam toda a infância na dependência da mãe , ela a ensino a educação social.
O PROCESSO DE SOCIALIZACAO E EDUCAÇÃO TRADIIONAL DO POVO MACUA-LOMUE
Da primeira, segunda infância ate a puberdade cãs dos distrito de Ile, Alto
Molocue, Namoroi, e Lugela na província de Zambézia em Moçambique. A educação
do povo macua-lomue é feita em etapas, no entanto não é fácil delimitar a faixa
etária exacta nessa educação, por ser complexo e então a dificuldade reside no
facto do povo lomue ter permanecido muito tempo limitado na tradição oral, por
isso a falta de educação cientifica do
povo macua-lomue foi subjugada pelos outros povos europeus, contaminado os seus
aspectos culturais.
Para melhor percebermos o povo macua-lomue temos que definir as seguintes
etapas do processo educativo autóctone tradicional que são:
- Socialização, ritualização e historização.
Na socialização: o individuo não nasce com características pré-determinadas
para inteligência e para o estado emocional, mas sim, evolui intelectualmente
quando interagido constantemente com reflexões sobre questões internas e das
influencias da sociedade. A educacao do povo macua-lomue é complexa porque
começa numa perspectiva de relação de trabalho de família, de sociedade, de
meio ambiente e outras manifestações que esta cultura exige.
Para os povos macua-lomue viver significa estar-com. Existir é um
recíproco, fazer-se existir (okala onamukha lihaniwa) na língua lomue, ter
diz-se: estar-com (okalano).
“Na” (com) faz parte da maioria dos verbos que indicam as relações de vida
do homem:
- Okhuma- na- encontra-se com;
- Wunnuwa-na-crescer com;
- Okhwele-na-amar-se
- Othela-na- casar-se
Autopoiese ou Autopoiesis significa nesta língua “perfeição da vida” que
esta nas relações sociais. O homem tanto viver como participa na vida da
comunidade. A pessoa é um centro de relações, centro individual, não fechado,
mais aberto e dinâmico, e quanto mais se relaciona, se viver e mais cresce como
pessoa.
- Ritualização: integração do indivíduo numa ordem simbólica e religiosa,
mais específica, o homem é o centro que recebe e ao mesmo tempo oferece e se
entrega. Conserva a sua autonomia, mais dentro da harmonia com a família a
sociedade e o meio.
Para VYGOTKSY, a função da mediação social nas relações entre o indivíduo e
o meio, ocorre através de ferramentas e nas actividades físicas intra-
indivíduos é feita através de sinais. Mesmo que o indivíduo nasça com predisposição
para algo, ele dependera do que vai aprender ao longo da sua vida nas relações premiadas
pelo seu grupo social.
Na cultura macua-lomue falar sobre homem é falar do homem vivente, que
cultiva a natureza, da nomes aos seres e as coisas e humaniza-as. O homem como
centro é um microcosmo, sendo ao mesmo tempo o lugar cósmico de natureza e sua
forma. Mas quando, com sua liberdade, contradiz a ordem da criação, quebra a
harmonia e perde seu lugar cósmico. No entanto todas as suas acções se
repercute ou se resume na natureza, que perde a sua norma original começa a
vigorar o mal sobre ela.
- Historização: para o macua-lomues viver significa existir no seio de uma
comunidade, significa participar na vida sagrada e todo é sagrado dos
antepassados e preparara a sua própria continuidade nos descendentes. O
ambiente em que a criança vive é um influenciador no desenvolvimento motor e
mental e principalmente nos primeiros anos de vida.
Por sua vez, este difere de acordo com as variações sociais, económicas,
culturais, educação materna e estímulos presentes na casa onde a criança vive.
Segundo Super (1976) as diferenças raciais, praticas de cuidados com as
crianças e factores culturais são responsáveis por diferenças no
desenvolvimento motor.
De acordo com as ideias de PIAGET (estagio
de desenvolvimento da criança) ele diz que dos 0-4 anos de idade que é a
primeira infância, ( 5 – 10 anos) a segunda infância. A primeira infância que é
dos 0-4 anos é a base para toda a aprendizagem humana. Na cultura macua-lomue
usa o termo “ MWANA” para identifica infantes sejam eles meninos ou meninas. A
primeira infância que se situa entre os 0-4 anos é o período de educação de
hábitos motores, o estreito relacionamento com a mãe constitui as primeiras
características do período. Mais do que o meio recipiente passivo do que lhe da
criança faz todo por imitar desenvolvendo assim as suas agilidades psico-motora
e faculdades de observação e invenção construindo objectos a partir de manipulação
de miniaturas da realidade.
ADOLESCENCIA DOS (13-18 ANOS)
Terminada a infância, inicia-se a adolescência com uma autêntica evolução
filosófica. Fase intermédia adolescente adulto. Nesta fase tanto o rapaz como a
rapariga não deve e nem podem dormir na mesma casa com os pais pois saberão os
tabus da casa. O pai é obrigado a fazer uma casinha para a filha bem pertinho
da sua e por sua vez o filho faz a sua própria no mesmo pátio. Muitos
investigadores dizem que o povo lomue é muito acolhedor e hospitaleiro porque tem
sempre uma casa de reserva para albergar os hospedes porque não querem
partilhar certos tabus da casa, com alheios e ate mesmo com os próprios filhos.
Entre a rapariga e o rapaz existem sortes diferentes, para o rapaz a puberdade
surge com a iniciação, e fecha com a sua participação nos ritos de iniciação na
puberdade designados por MASSOMA porque se supõem uma educação intencionalmente
organizada, relativamente intensiva. Enquanto a rapariga é biológica, isto é a
maturidade fisiológica revela-se quando a rapariga apanha a primeira menstruação
issu serve de sinal a mãe, como tendo chegado o momento para a realização dos
ritos de iniciação.
Os ritos de iniciação constituem um
apogeu a educação tradicional nestas cerimónias se ensina a moral com respeito
aos outros e aos mais velhos. Em suma as crianças aprendem tudo sobre a vida.
Pois a cerimónia do encerramento acontece no EPWARO ou PUARO em casa das
autoridades gentílicas, também pode decorrer em casa do régulo ou em casa dos
chefes da família relevante escolhidos durante o trabalho de acampamento.
Os ritos de iniciação são públicos apenas na secção de encerramento, nos
conselhos de iniciação denominados por OKHUMA WALUUKHU, o que quer dizer
conselhos de saída dos iniciados. Actualmente devido a conjuntura social e
sobre todo as transformações socioculturais vigentes na sociedade tradicional
moçambicana lentamente vão mudando, os dias demoravam um mês, actualmente duram
uma semana em casos específicos menos dias.
Depois destas cerimónias as crianças são obrigadas a não ter nenhum
contacto verbal ou gestual com os pais ou educadores durante 2 anos. A
cumplicidade entre mãe e filho chega ao fim e passa a reinar a relação de
evitamento e profundo respeito. Depois deste tempo de “standy by” impõem-se
dizer k vivem menos agregados familiar em casa dos pais e essa convivência é
rigorosamente acompanhada pelo seu principal tutor seu tio materno, seu
padrinho de iniciação além da comunidade, para que o comportamento dos
iniciados seja traduzido em atitudes, seja adequado ou seu estado de iniciado
de “ adulto”. Assim devera quebrar este silencio com os educadores com o
pagamento de um bem ou comida, é frequente darem matxilo ( rato) pegue na
machamba com um prato especial por ter-se tornado homem.
Se por ventura alguém for encontrado a divulgar o segredo “canónico das
regiões tradicionais de autóctone”, segredo das práticas dos ritos que vão
desde o corte dos prepúcios ate aos ensinamentos da educação autóctones
tradicional é “ excomungado” da sociedade, é considerado alguém sem dignidade pelos
seus educadores.
Ora a participação do indivíduo na sociedade é condicionada. Portanto, a participação
do indivíduo na socialização não se realiza por gosto ou casualidade é uma consequência
da própria vida. Sendo assim, a pessoa é um membro de uma sociedade global,
integra, organizada, segundo o princípio de todo em todas coisa, e nada fora de
coisa nenhuma, É harmonia do individuo com sua comunidade. Em termos de idade
cronologia e fisiológica, ele ainda é criança, em termos de idade mental e
cultura, o rapaz é adulto e sociedade reconhece como tal, com todos os direitos
e deveres inerentes.
Porem o rapaz “ adulto” brinca com os coentanicos, é uma situação em que a
“criança” dentro de si convive com “adultos” na mesma pessoa. Não se trata de
dupla personalidade mais sem de uma personalidade integrada.
Chegada a fase elas aprendem a encarar o trabalho, a menina replica os
trabalhos realizados pela mãe e o rapaz faz o mesmo com os homens. A ordem
moral consiste num todo único, é a ordem social é a sociedade, tal com ela é a
vida estruturada, que vai desde as crianças ate aos jovens, dos jovens aos
adultos, dos adultos aos anciãos, dos anciãos aos antepassados.
CASAMENTO
Todo povo lomue segue a linhagem matrelinear, o sistema matrelinear
consiste na transmissão da herança para as mãos do sobrinho da irmã. Neste
sistema a rapariga é considerada de riqueza familiar em duplo sentido:
- Sendo ela geradora de novas criaturas, a sua acção ira preservar a seu
menino;
- É ela que deve ocupar posições cimeiras da sua família. Contudo a
autoridade da filha para questões jurídicas, como enredo, divorcio, falecimento
e é representada pelo tio materno, é ele que decide sobre determinados assuntos
como casamentos, as cerimoniais fúnebres, os ritos de mediação ou circuncisão e
demais questões relacionados com a família neste sentido as crianças pertencem
a família da mãe. Segundo Felizardo Chipire, 1992.
CONCLUSÃO
Neste trabalho que fala sobre a
cultura Macua-Lomue ficamos a saber que a origem deste povo vem de um grande
grupo banto originário da região centro-africana nos grandes lagos. Actualmente
estes povos vivem nas províncias do norte e centro de Moçambique e nos países
vizinhos como Malawi, Tanzânia, Madagáscar e outros. Ficamos sabendo também e
estes povos seguem a linhagem matrelinear onde os filhos pertencem a família da
mãe e a rapariga é considerada riqueza da família. Estes povos valorizam muito
os ritos de iniciação pois marca para eles a passagem da infância para a vida
adulta.
BIBLIOGRAFIA
CHIPIRE. Felizardo. A educação tradicional em Moçambique, pag
32,33 a 35, 1992
gostei muito deste trabalho
ResponderExcluirO trabalho é muito interessante...
ResponderExcluircoxukurela mumnaka, wokikhaviha mutteco aka.
ResponderExcluircoxukurela mumnaka, wokikhaviha mutteco aka.
ResponderExcluirMpathani muihira ithu.
ResponderExcluirde verdade o trablho foi possivel
ResponderExcluirkarina nthuvo kamova munnaka...
ResponderExcluirkarina nthuvo kamova munnaka...
ResponderExcluirInteressante o trabalho
ResponderExcluirka chukhurela sanene
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho pois ajudou me muito na cadeira de teoria de etnicidade.
ResponderExcluircom bons detalhes. a pesquisa foi bem dada
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