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CLASSIFIÇÃO DE GRUPOS DE SOLOS DO SUL DO SAVE
Os solos das províncias
do Sul do país foram provisoriamente agrupados, adoptando-se o seguinte esquema
de classificação.
A — Solos pedalféricos.
1 — Solos vermelhos
a) Solos vermelhos da
Namaacha.
b) Solos vermelhos sobre
basaltos da Moamba.
2 — Solos vermelhos arenosos dos
Urrongas.
3 — Solos da faixa arenosa costeira.
a) Solos arenosos
melanizados.
1) Solos avermelhados arenosos a
franco-arenosos.
2) Solos castanho-avermelhados
franco-arenosos.
3) Solos acastanhados arenosos.
b) Solos arenosos claros.
1) Solos cinzentos.
2) Solos amarelos.
4 — Solos
cinzentos arenosos do Chiaquelane.
B — Solos pedocalicos.
1 — Terras negras e cinzentas
pedocalicas.
a) Barros negros da Moamba.
b) Solos cinzentos do Guija.
2 — Solos pardos, pardo a
vermelhados e pardo-acinzentados das regiões áridas e semi-áridas.
C — Solos calomórficos.
d) — Solos holomórficos.
E — Solos hidromórficos.
1 — Machongos.
2— Solos vlei.
1— Solos
argilosos das baixas.
F — Solos
aluvionares.
3 — DESCRIÇÃO DOS GRUPOS DE
SOLOS
A — Solos
pedalféricos.
1 — Solos vermelhos.
a) Solos vermelhos.
São solos vermelhos,
argilo-arenosos a argilosos,
de camada superficial castanho-avermelhada a cor de chocolate. A sua espessura
é muito variável, sendo frequentes os casos de solos delgados o esqueléticos. Encontram-se, por via
de regra, relacionados com a formação geológica das Lavas Pos-Karroo e com
certas rochas companheiras dos basaltos. Podemos considerar estes solos
pedo-gènicamente relacionados com os solos vermelhos lateriticos caracterizadas
por alta pluviosidade e relativamente baixas temperaturas.
Figura: solos vermelhos
b) Solos vermelhos sobre
basaltos.
São solos de camada
superficial, castanho-avermelhada, por vezes muito escura, argilosa e de
estrutura granulosa, apresenta espessura variando de 10 a 25 cm e bransita gradualmente
para terra vermelha cor de chocolate, argilosa forte, compacta a muito
compacto, fendilhada, de estrutura torronosa a prismática, com nódulos calcários
e geralmente muito espessa (65-90 cm). O pH cresce com a profundidade de 5,9 a
6,3. O horizonte C é constituído por basalto em adiantado estado de
Meteorização.
Figura: solos vermelhos
sobre basalto
2 — Solos Vermelhos Arenosos.
São solos de cor vermelha
pronunciada e de textura arenosa fina a franco-arenosa; a compacidade passa de friável
na primeira camada a firme nas mais profundas. A camada superficial mostra
tonalidade acastanhada, escurecida pela presença de matéria orgânica
indecomposta e em vias de decomposição; a transição desta camada para as mais
profundas opera-se gradualmente.
Figura:
solos vermelhos arenosos
3 — Solos da Faixa Arenosa
Costeira.
Atribuíram esta
designação a uma faixa quase ininterrupta de solos arenosos que orla a costa da
província desde a Ponta do Ouro a foz do Save. Por vezes esta faixa alarga-se
extraordinariamente, chegando a atingir muitas dezenas de quilómetros na sua
maior largura, de onde em onde ocorrem solos nitidamente vermelhos, como por
exemplo, na Matola, Ponta Vermelha, Marracuene, Manhiça, Magude, Chibuto, e Podendo
derivar de grés altamente ferruginosos, visíveis na Ponta Vermelha e em Magude.
Figura: solos
da faixa costeira arenosa
Em certas
regiões os solos distribuem-se de forma a constituírem complexos de carácter
quaternário; é o caso da região compreendida entre o Chongoene e o Chidenguele
e entre estes postos e Manjacaze, verificando-se uma, sucessão geralmente constituída
por solos vermelhos nos cimos bem drenados dos cuteiros, solos avermelhados de
coloração vermelha menos intensa nas encostas e por solos cinzentos sobre
material esbranquiçado com manohas amareladas ou então, o que é mais frequente,
por machongos, nas baixas.
Noutras regiões, como por
exemplo na área designada regionalmente por «Serra», na circunscrição do
Bilene, é vulgar a ocorrência de solos de camada superficial cinzenta, mais ou
menos escura, assentando sobre camadas avermelhadas umas vezes, amareladas
outras. Ao sul do vale do Umbeluzi predominam solos arenosos cinzentos
associados a machongos nas baixas.
A parte dos casos apontados, não
existe na faixa arenosa e costeira uma massa rígida, bem definida, que nos
possa habilitar a estabelecer uma lei rigorosa sobre a forma como se distribuem
os diversos tipos de solos arenosos que a constituem.
Observa-se como feição
geral mais característica, sujeita a excepções numerosas, além da natureza arenosa
fina a franco-arenosa, uma certa tendência para uma textura ligeiramente mais
fina e para tonalidades mais escuras a medida que se caminha do interior para
uma orla sob costeira. Seguindo essa direcção, constata-se sucessivamente um predomínio
do interior para a costa, das sob faixas seguintes: solos arenosos claros (cinzentos a amarelos), solos arenosos
avermelhados, solos arenosos acastanhados e dunas litorais.
Por esta diferenciação
afigura-nos seremos responsáveis a natureza do material originário e o aumento
de pluviosidade do interior para a costa.
Os solos arenosos
cinzentos e esbranquiçados estão em regra relacionados com calcários
sedimentares ou com grés cinzentos-escuros; os solos avermelhados e
acastanhados são, ao que parece, dunas antigas já há muito fixadas, na qual agrupamos
os solos da faixa arenosa costeira em dois grupos:
A) Solos Arenosos Melanizados.
Destaca-se
nestes solos
a matéria orgânica cedida as areias pelo manto, por vezes exuberante e denso
que nelas se desenvolve, imprime carácter ao solo, permitindo no perfil uma nítida
diferenciação nas três camadas seguintes: camada
superficial, rica em resíduos orgânicos ainda não decompostos e em vias de
decomposição; camada de transição,
ainda com matéria orgânica, encontrando-se esta já intimamente associada a
parte mineral; e, finalmente, uma terceira camada que reflecte o material
arenoso já aparentemente destituído de húmus e que se vai tornando de coloração
mais viva e de maior compacidade com a profundidade.
Baseando, na cor da
terceira camada, subdividimos os solos arenosos melanizados nos três subgrupos:
1) Solos avermelhados
arenosos a franco-arenosos;
2) Solos
castanho-avermelhados franco-arenosos, e
3) Solos acastanhados
arenosos.
1) Solos Avermelhados Arenosos A
Franco-Arenosos.
Os solos vermelhos
apresentam uma camada superficial vermelha escura a vermelhada acastanhada,
franco-arenosa e geralmente espessa (20-65 cm), assentando, mediante transição
gradualmente outra de cor vermelha intensa, também franco-arenosa, firme, e a
profundidade variável (0,60-1,10m).
Aos solos
pardo-avermelhados cabe, dentro deste subgrupo, um predomínio marcado. A
primeira camada, de espessura variando entre 15 e 30 cm, arenosa fina a
franco-arenosa, solta a friável e, quando não muito afectada pelo cultivo, rica
em matéria orgânica, assenta numa outra transitando gradualmente para terra
pardo-avermelhada, franco-arenosa, friável a firme e que coineja a aparecer de
0,55 a 0,95 m. A coloração
destes solos varia desde o vermelho intenso ao pardo-aver-melhado.
2) Solos
Castanho-Avermelhados Franco-Arenosos.
São solos com horizonte
superficial castanho-avermelhado a castanho-acinzenitado escuro (devido a
presença de matéria orgânica), de textura arenosa fina a franco-arenosa, friável
e, geralmente espesso; a camada subjacente é castanho-avermelhada,
franco-arenosa, e firme. A passagem da camada superficial para as inferiores
faz-se por transição gradual. O pil decresce de 6,15 na camada superficial para
5,6 na de transição, retomando de novo o valor 6,15 na terceira.
3) Solos
Acastanhados Arenosos.
Estão englobados nesta
categoria os solos arenosos de cor pardos a parda acastanhada. A primeira
camada, cinzenta de tonalidade acastanhada, parda-escura e acastanhada escura,
é arenosa, solta a friável e de espessura variável entre 20 e 45 cm; transita
gradualmente para material arenoso a franco arenoso, pardo acastanhado, friável
a firme. A reacção varia entre 4,7-7,8 na camada superficial a 4,9-6,4 nas
camadas mais profundas.
b) Solos arenosos claros.
Distinguiram dos solos
arenosos melanizados por não ser tão evidente a riqueza em matéria orgânica da
camada superficial, se bem que, como já dissemos, possam existir também solos
claros melanizados. Segundo a coloração dominante, assim estaremos em face de
solos cinzentos ou solos amarelos.
1) Solos
Cinzentos
São solos arenosos, friáveis na
camada superficial e firmes no interior. Existe uma transição suave da
primeira camada para as mais profundas. Num dos perfis observados, o pH
decresce com a profundidade de 4,8 para 4,2.
Em certas regiões, como
no regulado de Macuana (Bilene), aparecem solos arenosos de camada
superficial cinzenta sobre material esbranquiçado as amarelas que aumentam em
número e dimensões com a porosidade.
É difícil fazer-se a
distância entre os solos arenosos cinzentos de origem.
2) Solos
Amarelos.
Nota-se grande
desenvolvimento em Panda e Homoine principalmente, também se encontrem na
circunscrição do Bilene, entre o Chibuto e Manjacaz, etc.
Os solos amarelos o friáveis,
apresentam uma camada superficial com cerca de 20 cm de espessura, passando
mediante uma ™™ de transição para uma outra, amarela. Num destes perfis o pH de
camada superficial para 5,9 na mais profunda.
Solos cinzentos arenosos de Chiaquelane São dignos de menção especial por ser muito característico
a da planície do Chiaquelane. Trata-se de uma depressão mais ou menos extensa,
limitada por vertentes de areias cinzentas claras.
O aspecto fisionómico da
vegetação é o de uma savana com morros de muchérn sobre os quais se desenvolvem
Euphorbia e outras espécies; entre os morros vegetam gramíneas.
Os solos são constituídos
por uma camada superficial, pouco extesam (10cm), cinzenta escura, arenosa e friável,
assentando sobre uma outra cor de cinza, laxenosa e solta. A 45 cm surge uma
camada cimentada, castanha muito escura, com manchas ferruginosas. Esta camada
parece-me um grés (um tank) ferruginoso. O valor do pH é de 5,3 na primeira
camada, 4,7 na segunda e 5,2 na terceira. Sendo muito frequentes solos
semelhantes na província do Sul do Save em manchas distribuídas de forma a
acompanharem do lado do interior os solos da faixa arenosa; em muitos locais
devem confundir-se com os solos cinzentos de origem eólica. Exemplo: Magul,
nas baixas do Chiaquelane, entre o Chibuto e Vila Gomes da Costa, em Manjacaze,
entre Manjacaze e o Chicomo, etc.
Ocorrem também
em regiões onde predominam outros tipos de solos, como por exemplo próximo da
Ohamusca entre este local e o régulo Maguizemane, Guijaj, Chibuto, etc.
Os solos deste tipo apresentam
uma camada superficial cinzenta escura, arenosa, friável, de 25 a 60 cm de
espessura, que assenta sobre uma outra mas clara, geralmente solta; estas
camadas repousam, por sua vez, numa camada cimentada (possivelmente um grés),
evidenciando ou não manchas ferruginosas e que se encontra a profundidade variável.
B— Solos pedocalicas.
1 — Terras negras e cinzentas
pedocalicas.
a) Barros negros da Moamba.
Ocupam a mancha geológica
dos Basaltos Terciários, jazem na Moamba e áreas limítrofes solos negros, fortemente
argilosos e muito fendilhados. Quando
secos, em regra associados aos solos vermelhos sobre basaltos já descritos.
A vegetação que se
desenvolve nesta área é constituída principalmente por espinhosas (Acácia
spp. e Dicrostachys sp.), sendo o estado grandioso exuberante e
dominado por gramíneas dos géneros Setaria e Themeda.
Nuns casos, a primeira camada
relativamente espessa (30-60 cm), nitidamente negra, argilosa forte, de
estrutura geralmente granulosa, muito fendilhada e com módulos calcários, segue-se
terra castanho-avermelhada com espessura variando entre 0,70 a 1,00 m, também
argilosa forte, de estrutura prismática, compacta, fendilhada e com módulos calcários;
esta assenta sobre basalto em adiantado estado de meteorização. Noutros casos,
os solos são negros em todo o perfil, variando a espessura do solum entre
0,50 e 1,10 m.
As descrições elaboradas por Van
der Merwe para os solos de «Springbok Flats» do Transval podemos depreender uma
grande afinidade entre estes solos e os solos da Moamba.
b) Solos cinzentos do Guija.
Toda a área não
aluvionar, conhecida regionalmente por mananga, que se estende de Magude
ao Guija, na margem direita do Limpopo, e do Nalazi, na margem esquerda, é constituída
principalmente por solos cinzentos, ricos em concreções calcarias, cujas
dimensões e frequência aumentam com a profundidade, e de subsolo por vezes
cimentado. A camada superficial, de 15 a 30 cm de espessura, arenosa e solta,
assenta sobre terra cinzenta levemente mais clara que a anterior,
argilo-arenosa, compacta, cimentada nalguns perfis; segue-se um horizonte,
também cinzento, argiloso-arenoso a argiloso, rico em concreções calcárias.
A espessura da segunda camada é
muito variável, atingindo nalguns casos 1,15 m. 0 pH aumenta com a profundidade
de 5,5-6,1 na primeira camada para 7,8-8,Q na terceira.
Estes solos estão relacionados com materiais do Quaternário que
devem ser ricos em calcário, Semelhantes a estes ocorrem também em pequenas
manchas nas baixas do Inhassune, entre Inharrime e Panda, e do Inhanombe, entre
Nhacoongo e Manhioa.
2 — Solos pardos, pardo-avermelhados e pardos
acinzentados das regiões áridas e semi-áridas.
Os solos apresentam um
horizonte superficial com cerca de 30 cm de espessura, pardo-acinzentado,
franco-arenoso, friável, de pH 5,9, assentando sobre um outro pardo, de
tonalidade levemente avermelhada, argiloso, compacte, com muitas concreções
alcareas, de pH 7,6; segue-se finalmente uma camada parda, levemente mais clara
que a anterior, argilosa, muito rica em concreções calcarias e de pH 8,3.
Estes solos devem
formar-se a partir de materiais originários do Cretácico superior; os calhaus
rolados aparecem com frequência. Por exemplo no posto de Massingir é frequente
o aparecimento em pequenos plateaux de manchas de solos que designamos
por solos pardos.
Na Carta Provisória
dos Solos do Sul do Save, além de solos pardos, pardo-avermelhados e
pardo-acidetados, ocorrem também solos cinzentos pedalicos, manchas de solos
arenosos amarelos das formações gregárias de Androsttachys, solos
halomórficos, solos hidromórficos, e terras aluvionares, solos esqueléticos e
mal desenvolvidos e, por ventura, outros solos.
O mesmo facto, o da
ocorrência dos diversos tipos de solos mencionados, se dá em relação as áreas
dos postos de Funhalouro e Mabote, parece-me que predominam os solos arenosos
claros; dai o termo feito abrange na Carta Provisória parte dessa área
pela inscrição «solos arenosos claros».
C— Solos calomórficos.
São solos de cor
vermelhos intensos, argilosos e compactos; a camada superficial, de uma
espessura que varia entre 15 e 30 cm, cinzento-avermelhada,
castanho-avermelhada, e geralmente argilo-arenosa. O pH varia ao longo do
perfil de 6,3 a 8,1. São em regra, espessos, começando no entanto a aparecer
elementos grosseiros é casoalho calcário a 60 cm de profundidade.
D— Solos halomórficos.
Encontram-se
frequentemente em pequenas manchas disseminadas na área ocupada pelos solos
cinzentos do Guija. O aspecto da vegetação é característico dos terrenos
salgados, verificando-se ausência quase total de árvores e o estrato herbáceo
reduz-se a plantas halóficas, do género Salicornio, principalmente, distribuídas
dispersamente.
Nota-se nestes solos o fendilhamento
superficial e a presença de manchas salinas esbranquiçadas.
Que em
geral, ocupa áreas de drenagem muito deficiente e encontram-se parcialmente
alagados; no fim da estação seca adquirem o aspecto superficial. Sendo dignos
de menção especial os solos halomórficos
do vale do rio Changane, de que se podem observar extensões consideráveis
quer próximo do Chibuto, quer em Maquese (próximo de Vila Gomes da Costa).
Concluindo, não posso
deixar de me referir aos solos salgados da orla marítima, merecendo-nos
particular referência os dos estuários do Incomati e do Limpopo e os das
margens de cartas lagoas salgadas.
Figura:
solos halomorficos
E— Solos hidromórficos.
São solos cinzentos muito
escuros a negros, muito ricos em matéria orgânica, fofos (estremecendo com o
andar), de textura variando entre arenosa
e argilosa, e com abundância de água, que impede a rápida de composição da
matéria orgânica.
Sendo notórios na faixa
arenosa costeira, em áreas baixas mais ou menos planas, para onde afluem as
águas que drenam das encostas arenosas circunjacentes, são dado como razão de
aparecimento de solos hidromórficos orgânicos, conhecidos regionalmente por
machongos, nos quais ocorrem também ao longo dos cursos de água ao atravessarem
esta faixa e em torno das lagoas que nela existem. Pelo seu elevado teor em
matéria orgânica ardem quando bem secos.
Barradas classifica os machongos em puros, arenosos e argilosos,
baseando-se fundamentalmente na localização, que pela natureza diversa dos
locais em que ocorrem, margens aluvionares e faixa arenosa, devem ter
influência marcada.
Pereira Coutinho classifica-os quanto a origem em autóctones e alotóctones conforme os resíduos orgânicos resultam da vegetação
que se desenvolve no próprio local ou em local diferente, considerando ainda o
caso dos machongos do tipo misto.
Apresentam um teor em
carbono orgânico que chega a atingir o valor de 41,58٪ e os valores do pH raramente excedem 5.
2 — Solos «Vlei».
A mancha dos solos
cinzentos do Guija é frequentemente interrompida por baixas ocupadas por solos
negros argilosos, compactos, fendilhados e com nódulos calcários e concreções
ferruginosas. Trata-se de extensas pradarias (apenas com gramíneas) alagadas
durante a época das chuvas e que constituem durante essa época vias de drenagem
de cursos de água permanente.
3 — Solos Argilosos Das
Baixas.
Por esta designação
abrangimos os solos que ocupam, já as costas inferiores, a zona de transição
dos solos cinzentos do Guija para as áreas aluvionares dos vales do Limpopo e
dos elefantes.
São solos cinzentos, por
vezes muito escuros, quase negros, extraordinariamente argilosos e compactos,
muito fendilhados, sendo bem evidentes, nalguns casos, indícios de gleysação
nos horizontes inferiores. Estão, em geral, relacionados com povoamentos
puros ou quase puros de Acácia Xanthophloea.
Os solos são aqui
cinzentos-escuros, argilosos e assentam, as vezes a pequena profundidade, sobre
um horizonte gley característico e muito compacto.
Figura:
solos argiloso das baixas
F— Solos Aluvionares.
São solos formados a
partir dos materiais carregados pelos cursos de água e depositados nas suas
margens após as cheias. Foram apresentados na Carta a distribuição
aproximada das principais aluviões, que são mencionados a seguir pela ordem
relativa da sua importância aluviões dos vales do Limpopo, Incomati, Umibeluzi,
do Rio dos Elefantes, Maputo, Save e Mazinchopes. A própria natureza aluvionar
destes solos sugere grande variabilidade de local para local.
A disposição, espessura e
natureza das camadas variam muito de perfil para perfil consoante a extensão e impetuosidade
das cheias que deram lugar aos fenómenos de deposição. Sendo que a medida que
nos vamos afastandos do curso dos rios, as camadas de areia, as franco-arenosas
e arenolimosas vão, como é óbvio, cedendo gradualmente o seu lugar a outras
argilo-arenosas e argilosas; com efeito, constata-se que as aluviões mais afastadas
do leito dos rios são fortemente argilosas, só raramente aparecendo camadas de
textura ligeira.
As aluviões antigas, por outro
lado, vão se diferenciando de molde a mostrarem impressas no perfil as
características dos processos pedogénicos responsáveis pela formação dos solos
das áreas adjacentes. É curioso notar o que a este respeito se observa no Vale
do Limpopo.
Figura: solos aluvionares
A representação
cartográfica dos solos da província do Sul do Save foi iniciada por Milne. Delimitando
assim, principalmente, complexos zonais, de preferência a grandes grupos
zonais, para dar uma ideia mas sugestiva dos diferentes tipos de solos que ocorrem
em determinada área. Assim, nas áreas não aluvionares do Guija, por exemplo,
existem, a par dos solos cinzentos pedoalicos, que predominam, os solos
vermelhos calomórficos, os solos hidromórficos e os solos holomórficas,
encontrando-se estes mas raramente. O facto de ter usado traços vermelhos e
violações interrompidos significa que os solos vermelhos e halomórficos são
diferentes dos que se encontram noutros locais e que serão representados por
traços da mesma cor, mas a cheio.
Os limites das manchas são
aproximados, estas duas regiões, a parte duma das quais corresponde a
designação de «solos arenosos claros»., constituem, além do que ainda se
encontra em branco, as duas maiores lacunas da Carta Provisória, exigindo
estudos cuidadosos que nos permitam caracterizar e delimitar com maior
segurança os diferentes grupos de solos que ais se encontram.
Há solos que por
dificuldades de representação inerentes a escala, não vêm expressos na Carta;
é o caso, por exemplo, dos solos esqueléticos e mal desenvolvidos.
2 – CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE SOLOS
Nessa
classificação são agrupados provisoriamente os diversos solos até agora
identificados na Colónia de Moçambique, para facilitar a sua descrição e cartografia.
Tendo como Esboço:
A — Solos pedalféricos.
1 — Solos
vermelhos.
2 — Solos cor
da laranja, alaranjados e amarelos.
3 — Solos
cinzentos.
4 — Solos do
Planalto dos Macondes.
5 — Solos
vermelhos arenosos dos Urrongas.
6 — Solos da
faixa arenosa costeira.
B — Solos
pedocalicos.
1 — Terras negras e
cinzentas pedocalicas.
2 — Solos castanhos.
3— Solos pardos,
pardo-acinzentados e pardo-avermelhados das regiões áridas e semi-aridas.
C — Solos holomórficos.
D — Solos halomórficos.
E — Solos
hidromórficos.
1 —
Machongos.
2 — Vlei.
3 — Solos dos
dambos.
4 — Solos
argilosos das baixas.
F — Solos
aluvionares.
3-CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE
SOLOS
A
— Solos pedalféricos.
1
— Solos vermelhos.
Solos vermelhos foram classificados como sendo solos de cor vermelha mais ou menos
intensa, sujeitos ao processo de laterizaçao Se bem que aceitemos a
classificação proposta por Botelho da Costa e Azevedo não me é possível, neste
momento, por falta de dados analíticos, fazer a distinção entre laterite e
solo lateriuco. Sendo que no
Esboço Pedológico não se fez contudo qualquer tentativa para diferenciar
os tipos em que os solos vermelhos se podem subdividir.
a) Solos vermelhos lateriticos.
Normalmente são solos
profundos, de cor vermelha mais ou menos intensa em todo o perfil, com excepção
da primeira camada que frequentemente é cor de chocolate, em geral de textura
argilosa, friáveis, de pH baixo e diminuído com a profundidade, não se
encontrando concreções ferruginosas ou, se essas aparecem, são muito raras e de
pequenas dimensões.
Predominam nas regiões
altas muito chuvosas (de pluviométrica média anual superior a 1:000 mm) e
temperatura relativamente baixa (temperatura média anual cerca de 20° C),
formando-se a partir de material originário proveniente de rochas ígneas e
metamórficas ácidas, tendo já sido identificados em Metónia, lIe, Alto Molócuè,
Guruè, Milange e Tacuane, e supomos que os solos da Angónia, Baruè, Manica,
Chimoio e Gorongoza se devam incluir também neste» grupo.
Admitem a
hipótese de os solos da Namaacha serem solos vermelhos lateriticos, se bem que
o seu grau de laterização não seja muito avançado.
b) Solos cinzentos
lateriticos ferruginosos.
São solos muito parecidos
com os solos vermelhos lateriticos, mas de textura variável, e
apresentam concreções ferruginosas abundantes (as vezes mesmo nos horizontes superficiais),
cujo número e tamanho aumentam com a profundidade; a certa profundidade as
concreções desaparecem, sendo a transição brusca para uma camada de greda, que
assenta muitas vezes sobre zerzatz.
São muito frequentes
estes tipos de solo nos planaltos médios do Niassa e Zambézia e mesmo em zonas
mais baixas destas duas províncias, e suponho que ocorram também nas zonas
altas de Manica e Sofala.
Figura: cinzentos
lateriticos ferruginosos
c) Solos cinzentos lateriticos com bancadas.
Estes apresentam a
profundidade variável uma camada de concreções e cimentadas formando bancada.
As bancadas de concreções podem ser do tipo pisolítico ou do tipo celular.
Devido a fenómenos
erosivos, as camadas superficiais podem estar completamente arrastadas, ficando
expostas as bancadas, as vezes em extensões apreciáveis.
d) Outros solos vermelhos.
Diante desta designação, refiro-me
reunir solos vermelhos, sujeitos ao processo de latinização mas formados a
partir de materiais originários provenientes de outras rochas que não são as
ígneas e metamórficas ácidas. Estes solos
encontram-se em geral em pequenas manchas isoladas e só foram identificados
ainda na província do Niassa.
Figura:
solos vermelhos
2 — Solos cor de laranja, alaranjados e amarelos.
Pode-se distinguir nestes
solos, tal como no caso dos solos vermelhos, os seguintes tipos: lateriticos,
lateriticos ferruginosos e lateriticos com bancadas.
Os solos cor de laranja,
alaranjados e amarelos estão relacionados com os solos vermelhos, ocorrendo
normalmente em sucessão, formando catenas.
Os solos vermelhos ocupam
os pontos de icota relativa mais elevada, seguindo-se-lhe os solos cor de
laranja, depois os alaranjados e finalmente os solos amarelos, que se encontram
em cotas mais baixas. Esta sucessão é provocada na maior parte dos casos pelas
condições de drenagem, correspondendo os solos vermelhos aos locais mais bem
drenados e os solos amarelos a locais de drenagem deficiente.
Na sua quase totalidade
os solos até agora identificados formaram-se a partir de materiais originários
provenientes de granitos e gneisses. As observações feitas em trabalho de campo
levam a crer que a textura e a intensidade da cor são afectadas pela composição
mineralógica da rocha-mãe.
Na província da Zambézia
e principalmente na do Niassa, já foram definidas catenas com características
semelhantes a que atrás referem.
3 — Solos cinzentos.
Os solos cinzentos são
solos sujeitos ao processo de laterização, mas devido ao facto de se
encontrarem geralmente em áreas baixas, de drenagem difícil, verifica-se uma gieysagao
mais ou menos intensa, e encontram-se associados aos solos
vermelhos, cor de laranja, alaranjados e amarelos, sendo normalmente raro dos
últimos solos da sucessão catenária.
Os solos cinzentos até
agora estudados podem subdividir-se em três tipos Fundamentals: solos
cinzentos com horizonte gley, solos cimentos lateriticos ferruginosos e
solos cinzentos lateriticos com bancadas.
a) Solos cinzentos com
horizonte «gley».
A primeira camada destes
solos é em geral de cor cinzenta mais ou menos escura, assentando sobre uma
outra parda, pardas-acinzetada ou parda-amarelada, compacta, as vezes com
concreções ferruginosas pouco abundantes. A certa profundidade aparece um horizonte
gley típico onde acidentalmente se encontram também concreções
ferruginosas.
Os solos cinzentos com horizontes
gley ocorrem geralmente em áreas quase planas, de certa extensão, que
estabelecem a transição entre as encostas as baixas. Estes solos têm sido
encontrados principalmente na província do Niassa.
b) Solos cinzentos
lateriticos ferruginosos.
Os solos cinzentos
lateriticos ferruginosos têm a primeira camada de cor cinzenta escura, de
espessura variável, mas normalmente delgada, assentando sobre uma outra, em
geral espessa, de cor cinzenta clara ou mesmo esbranquiçada que Itransita
gradualmente para um horizonte livremente escuro, as vezes de tonalidade pardacenta,
com concreções ferruginosas. A textura e a compacidade variam imenso, desde
solos arenosos, soltos ou friáveis, a solos argilosos, compactos.
Estes ocorrem em áreas de
drenagem deficiente e foram descritos nas províncias do Niassa e Zambézia.
Figura:
solos vermelhos lateriticos
c) Solos cinzentos lateriticos com bancadas.
São solos muito parecidos com os
solos cinzentos lateriticos ferruginosos, mas neste caso as concreções estão
soldadas formando bancada, por vezes a camada que esta imediatamente acima das
bancadas é de cor parda-amarelada, ou mesmo amarelada.
4 — Solos do Planalto dos Macondes.
Encontra-se no extremo
nordeste da província do Niassa uma grande mancha de solos que foram
designados, a falta de termo mais apropriado, por solos do Planalto dos
Macondes, tendo origem a partir de material originário proveniente de grés do Cretácico,
sujeitos a uma intensa lavagem (altura pluviométrica anual média superior a
1:000 mm), de cores claras (por vezes cor de chocolate clara e solos vermelhos),
textura ligeira (até franca, e argiloso-arenoso), friáveis a firme, muito permeáveis.
A marca mais importante
destes solos encontra-se no Planalto dos Macondes, aparecendo também solos
idênticos a estes na Serra Mapé (Macomia).
5 — Solos vermelhos arenosos dos Urrongas.
Os solos vermelhos
arenosos dos Urrongas foram já caracterizados na Carta Provisória dos
Solos do Sul do Save (3.3.A.2).
6 — Solos de faixa arenosa costeira.
Os solos de faixa
arenosa costeira estendem-se por uma faixa que vai de Ponta do Ouro a foz
do Rovuma, com soluções de continuidade de onde em onde. Estes solos tem sido
mais bem estudados no Sul do Save, onde a faixa arenosa. Costeira atinge maior
largura, e numa pequena área do Niassa, a península de Fernão Veloso.
Estes solos podem ser
subdivididos em:
a) Solos arenosos melanizados.
1) Avermelhados arenosos a
franco-arenosos.
2) Castanho-avermelhados
franco-arenosos.
3)
Acastanhados arenosos.
b) Solos
arenosos daros.
1) Cinzentos
2) Amarelos.
3) Alaranjados.
Os solos arenosos
melanizados só foram identificados na província do Sul do Save, pelo que
não se faz referenda pormenorizada.
Dos solos arenosos
claros já foram descritos no Sul do Save solos cinzentos e amarelos e
no Niassa encontram-se também solos alaranjados.
Os solos alaranjados,
amarelos e cinzentos formam em geral, no Niassa, complexos de carácter catenária,
ocupando os solos alaranjados os pontos de cota relativa mais elevada e os
solos cinzentos os de menor cota.
B — Solos pedocalicos.
1 — Terras negras e cinzentas
pedocalicas.
Os solos nitidamente
sujeitos ao processo de calcificação e cuja cor vai desde a cinzenta a negra, foram
classificados como terras negras e cinzentas pedocalicas, havendo no
entanto pequenas manias de solos pardo-acinzentados ou pardo-anegrados, porem é
muito difícil incluir estes solos num esquema geral de classificação, pois as
terras negras tropicais estão ainda estudadas. Também, neste Esboço não
se faz qualquer tentativa para distinguir os diversos tipos em que subdividimos
as terras, negras e cinzentas pedocalicas.
a) Terras negras.
São aquelas que apresentam
em geral uma primeira camada delgada, argilosa, estrutura granulosa (as vezes
grosseira), compacta a muito compacta, nas camadas subjacentes são argilosas
fortes, compactas a muito compactas, fendilhadas, com concreções calcárias (que
por vezes aparecem também na primeira camada), tendo formações calcárias do Cretácico
ou posteriores e em regiões de altura pluviométrica anual média inferior a
1:000 mm e de temperatura anual média igual ou superior a 20o C.
As terras negras
encontram-se de norte a sul da Colónia em manchas isoladas, tendo sido já
identificadas em Macomia, Quissanga, Porto Amélia, Memba, Nacala, Mossuril,
Mecanhelas, margens do Lago Ghirua, região de Megaza, Chemba, Maringué, Nova
Chupanga, Chibabava, Baixo Mossurize e Maputo.
Solos Barros negros da Moamba.
Designa-se por barros
negros da Moamba, os solos formados a partir de material originário derivado de
basaltos.
b) Terras cinzentas.
São solos muito parecidos
com as terras negras, não se possuindo ainda elementos que permitam propor
qualquer hipótese para explicar a diferença na coloração.
Exemplo: Solos
cinzentos do Guija, caracterizados na Carta Provisória dos solos do Sul
do Save.
c)-Solos castanhos.
Caracteriza-se por ter uma camada
superficial de cor castanha ou pardo--acinzentada, argilosa forte, compacta a
muito compacta; na qual as camadas inferiores são castanhas, as vezes
castanho-avermelhadas, argilosas, de estrutura prismática, compactas e com concreções
calcárias, tendo-se verificado, em Porto Amélia e Memba, sobre calcários do Cretácico,
onde a altura pluviométrica anual média é cerca de 800 mm e a temperatura anual
anda, a volta dos 26°O.
Solos pardos, pardo-acinzentados e pardo-avermelhados das
regiões áridas e semi-áridas foram ainda descritos numa extensa área do Sul do Save.
c) Solos calomórficos.
Os solos calomórficos estudados
na nossa Colónia resumem-se aos solos vermelhos calomórficos, já
descritos na Carta Provisória dos Solos do Sul do Save.
d) Solos halomórficos.
Encontram-se na nossa
Colónia dois tipos de solos salgados: solos halomórficos continentais
identificados no Sul do Save, ignorando-se ainda a que grupo genético pertencem
(S.S.D) e solos salgados de origem marítima (ao longo da costa, no
estuário e curso inferior dos principal rios e nas margens de lagoas. litorais
de água salgada).
Em Moma tivemos ocasião
de notar que, devido a uma transgressão, os lodos marítimos cobriram bancadas
(de antigos solos lateriticos), expostas pela erosão, vendo-se hoje mangais
desenvolvendo-se perfeitamente nestas condições.
Figura:
solos halomorficos
e) Solos hidromórficos.
São muito
variados os tipos de solos hidromórficos que se encontram em Moçambique,
tendo alguns deles chamados a atenção de vários autores.
Os solos
hidromórficos já estudados foram subdivididos em quatro tipos principais.
Fiugra:
solo hidromorficos no chiveve
1 — Machongos.
De todos os solos
hidromórficos, os machongos são os mais bem estudados, porque ocupam
áreas relativamente extensas no Sul do Save e têm excepcional interesse sob o
ponto de vista do fomento agrícola, também na Carta Provisória dos Solos do
Sul do Save faz-se referencia pormenorizada a estes solos, pois é nesta Província
que os machongos são mais característicos.
2 — Solos «vlei».
Os solos vlei têm
a camada superficial geralmente espessa, parda anegrada, cinzenta escura ou
negra, argilosa, estrutura granulosa grosseira, com fendas verticais, compacta,
em regra com concreções ferruginosas e nódulos calcários; a segunda camada é
normalmente parda, argilosa forte, fendilhada, muito compacta e apresenta
muitas concreções ferruginosas e nódulos calcários, verificando-se em
depressões ou em áreas baixas, mal drenadas, nas margens de algumas linhas de
água. Com frequência os solos vlei fazem parte de catenas, associados a
solos vermelhos, cor de laranja, alaranjados, amarelos e cinzentos.
3 — Solos dos dambos.
Os solos dos dambos são
solos de camada superficial, parda-acinzentada ou cinzenta, de textura variável
mas frequentemente argilosa, firme a compacto»; as camadas inferiores são
amarelas ou amareladas, argilo-arenosas ou argilosas, com manchas cor de
ferrugem e com raras a algumas concreções ferruginosas a certa profundidade, encontram-se
em depressões características, conhecidas pelo nome de dambios, muito
frequentes nas províncias da Zambézia e do Niassa.
4 — Solos argilosos das baixas.
Os solos argilosos das
baixas têm a primeira camada cinzenta muito escura, por vezes negra, fortemente
argilosa, assentando sobre camadas de cor cinzenta, pardo-acinzentada ou
pardo-amarelada, argilosas fortes, muito compactas, fendilhando quando secas e
apresentando manchas cor de ferrugem e concreções ferruginosas. São solos que
ocorrem em áreas baixas, mal drenadas, conhecidas em certas regiões por tandos.
F— Solos aluvionares.
Os
solos aluvionares são solos pouco ou nada diferenciados pedogénicamente,
com características muito variadas que dependem das aluviões que lhes deram
origem, por exemplo as aluviões dos Rios Zambeze, Chire, Búzi, Save, Limpopo,
Incomati, Umbeluzi e Maputo.
1.1
FACTORES DE SUA
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL
A formação dos solos e o seu
desenvolvimento, são função da natureza da rocha-mãe, do clima, do relevo, dos
organismos vivos ou mortos, de regime hídricos no subsolo, da duração do
processo pedológico e da intervenção humana.
Segundo a carta pedológica de Gouveia A. Sá e Melo Marques (1972), destaca simultaneamente,
aspectos relacionados com a idade, a influência do clima e da natureza
geológica e das condições hídricas e morfológicas locais. Neste contesto, a
distribuição dos solos moçambicanos não será homogénea, sendo que esta, esta
sujeita, ao tipo de relevo, vegetação, clima, o tempo de acção e dos
organismos.
Na região Norte por exemplo é caracterizada por rochas
do Precâmbrico e altas precipitações, os solos predominantes são argilosos,
variando entre franco argilosos –avermelhados que ocupam a maior parte e os
argilosos vermelho acastanhados profundos com boa permeabilidade e drenagem.
Os solos francos argilosos são bastante vulneráveis à erosão enquanto os
argilosos e os castanhos são menos susceptíveis.
No litoral da zona norte a presença de rochas do Fanerozóico provoca uma
alteração dos solos. Aqui predominam os arenosos de dunas costeiras e fluviais,
mas existem extensões de solos franco argilosos, arenosos acastanhados ao sul
de Tete, prolongando-se ao longo da bacia do Zambeze.
No curso médio inferior deste rio os solos fluviais com elevada
fertilidade tomam lugar, misturando-se primeiro com os anteriores e tornando-se
mais dominantes na costa.
No sul predominam solos arenosos de baixa
fertilidade e baixo poder de retenção de água sendo interrompidos de quando em
vez por solos arenosos brancos fluviais e marinhos. Ao longo dos vales dos rios
encontram-se solos fluviais de alta fertilidade.
Ao longo da fronteira sul e associando-se
à cadeia dos Libombos existem solos delgados e pouco profundos, pouco aptos
para agricultura.
1.2
POSSIBILIDADE
DE SEU APROVEITAMENTO
Os solos são formados pela decomposição
das rochas sob acção da temperatura e da água que provem das chuvas e rios.
O solo é importante recurso natural,
pois através dele que obtivemos quase todos os nossos alimentos.
O solo é essencial para actividades
agrícola, e mesma só pode ser produzida num solo fértil.
O solo é um recurso básico,
constituindo um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais,
reservatório de água, um suporte essencial do sistema agrícola e um espaço para
asa actividades humanas e para os resíduos produzidos
Primeiro dizer que o solo é a camada
superficial da terra onde habitam os seres vivos e desenvolvem as sua
actividades. É dela onde ocorrem os recursos minerais. Ela tem como
importância.
Figura: possibilidade do aproveitamento
do solo
2. SOLOS URBANOS DE MOÇAMBIQUE (BEIRA)
A cidade da Beira e seus arredores pedologicamente pertence a zonas de solos fluviais de alta fertilidade. Solos de difícil lavoura em parte; eventual excesso de água e/ou salinidade (Atlas Geográfico vol. 1, 1986:13).
2.1 CARACTERISTICAS
Os solos da Beira, a sua maior parte são constituídos por sedimentos aluvionares, marinho e fluviais de idade recente e de grande espessura, que estão condicionados ao relevo plano com pequenas depressões, que permitem a acumulação de água.
Os principais solos podem ser agrupados em três categorias nomeadamente: fluviais marinhos de antigo leito e foz de Púnguè; solo dos terraços aluviais, solos salobros e solos dunares.
Nas áreas estuarinas protegidas da influência directa do Oceano, mas inundadas temporariamente e regularmente pelas marés, incluindo o canal de Chiveve, desenvolve-se solos aluvionares salobros.
São solos argilosos finos lodosos, inconsistente e salinos sem nenhuma utilidade para a prática de agricultura, mas que permitem o desenvolvimento da fauna e flora marinha.
Os solos dunares encontram-se na costa oriental da cidade ou em linhas nas baixas de Matacuane e Munhava. O seu perfil é indiferenciado e estão sujeito a uma erosão eólica.
Fiugra:
solos da cidade da Beira
3.
ZONAS AGRO-CLIMÁTICAS DE MOÇAMBIQUE
3.1
CONCEITO
São zona agro-ecológica as áreas com características
naturais específicas e que as tornam particulares para o desenvolvimento de
certas actividades agro-pecuárias. Elas são usadas como meio para definição de
políticas e estratégias de desenvolvimento do sector agro-pecuário do país e de
outros programas de desenvolvimento rural.
O Clima, a precipitação e a temperatura
desempenham os papéis importantes na definição das zonas agro-ecológicas. O
Clima muito variado em Moçambique é o componente do meio que maior influência
exerce na distribuição das culturas pelo país. Foram feitos dois tipos de
estudo agro-ecológicos:
Segundo Mário de Carvalho “Agricultura Tradicional de Moçambique – 1970” define 15 Zonas Agro-Ecológicas
na qual estabeleceu mapas de distribuição das culturas tradicionais e definiu
um certo número de regiões agrícolas.
Faz a estreita relação entre a distribuição e o clima,
definindo o conceito de campos climáticos as condições de climas típicas de
cada uma das culturas tradicionais. E que a falta de adaptação significaria
demasiada frequência de anos de fome.
Exemplo: Mandioca,
Arroz, Feijões, Milho, Algodão e Caju
Concluiu que o camponês ao longo dos anos adaptou as sua culturas as
condições locais, especialmente clima, de tal modo que com poucas culturas
capaz de constituírem base para o desenvolvimento do mesmo.
INIA, Descrevem 10 Zonas
Agro-Ecológicas
Figura 1. Distribuição das 10 Zonas Agro-ecológicas de
Moçambique definidas pelo ex-INIA
Fonte:Ministério de Agricultura e Pescas
(1996)
Regiões agro-climáticas com estações de pesquisa
Zona de Altitude (m),
Precipitação (mm), Clima, Solos predominantes (1) 100-500 400-800 Semi-árida
seca, com pequena mancha semi-árida húmida, nas terras altas dos Libombos.
Arenossolos e Nitossolos (2) 0-200 800-1000 Semi-árida húmida, com algumas
manchas sub-humido, no litoral. Arenossolos, Fluvissolos e Manangas (3) 100-200
400-800 Semi-árida e árida Manangas e Arenossolos (4) 200-1000 1000-1200 Sub-húmida,
com semi-árida húmida Ferralssolos e Luvissolos (5) 0-200 1000-1400 Semi-árida
húmida, com húmida Fluvissolos e Arenossolos (6) 200-600 400-600 Semi-árida
seca Lixissolos e Fluvissolos (7) 200-1000 1000-1200 Semi-árida húmida, com
sub-húmidas Ferralssolos, Luvissolos e Acrissolos (8) 0-200 800-1200 Semi-árida
húmida, com manchas sub-húmida e uma mancha relativamente extensa de semi-árida
seca. Lixissolos, Leptossolos e Arenossolo
Caracterização
Climaticamente Moçambique varia de zonas áridas muito secas para zonas
húmidas muito chuvosas
As Zonas semi-aridas são propícias para a agricultura de sequeiro, e este
aspecto têm uma enumera relação com a selecção de culturas e padrões de
cultivo.
O relevo, varia de 0 a 2000 metros acima do nível médio do mar. Onde
estima-se que 94% da área encontra-se abaixo de 1,000 metros.
Na região Sul do rio Save, 90% da área encontra-se numa altitude abaixo de
200 metros. Aproximadamente, 40% da área nas províncias de Cabo Delgado e
Zambézia e 60% nas províncias de Manica e Sofala encontram-se, também, numa
altitude inferior a 200 metros.
As regiões de baixa altitude (200 metros) estão cobertas de solos arenosos
pobres e, em solos aluvionares (províncias da Zambézia, Manica, Sofala e
algumas zonas costeiras), de solos pretos (província de Cabo Delgado) e de
solos castanhos e escuros derivados de basalto (região dos Libombos, província
de Maputo).
A altitude compreendida entre 200 a 500 metros ocorre, principalmente na
região norte de Moçambique. Os solos são muito variáveis em textura, podendo
encontrar-se solos leves e muito pesados. A altitude compreendida entre 500 a
1000 m ocupa cerca de 25% da área e a grande proporção ocorre na região norte
de Moçambique.
As altitudes acima de 1000 metros encontram-se dispersas pelo país
(planaltos de Angonia, em Tete e Lichinga, em Niassa, Gurue, na Zambézia, e
Mossurize e Serra Choa, em Manica).
3.2
PRINCIPAIS ZONAS AGRO-CLIMATICAS DE MOÇAMBIQUE
A maior zona
agro-ecológica é a 7, que compreende partes das províncias de Cabo Delgado,
Niassa, Nampula, Zambézia e Tete.
A
menor zona agro-ecológica é a 9, que compreende
apenas o planalto de Moeda e parte de Macomia, província de Cabo Delgado.
A fisiografia, população, clima, informação geológica e solos de cada zona
agro-ecológica foi caracterizada.
Coqueiro, cajueiro-R2
Monocultura
Monocultura de arroz-R5
Arroz nos vales dos rios
Arroz nas planicies-R7
Mono cultura Algodão-R5
Monocultura mapira-R7
Batata Reno-R10
Monocultura cana-R5
A distribuição geográfica das principais culturas básicas, de rendimento fruteira
pelas diferentes zonas agro-ecológicas do país é conhecida e os sistemas de produção
variam muito pouco entre as zonas agro-cológica.
As diferença entre as zonas agro-Ecológica sugerem que embora possa haver similaridade
entre Zonas, elas apresentam potenciais de produção específicas.
3.3 IMPORTANCIA DE ESTUDO DE
ZONAS AGRO-CLIMATICAS
Tem como importância identificar e avaliar as áreas que tem a maior e
melhores condições para produção prognóstica e o sistema de produção mais
apropriado na qual nos facilitara na transferência de tecnologia de uma dada
área para a outra.
ü Usar dados meteorológicos avaliando produtividade do
potencial agrícola de diferentes culturas em diferentes zonas.
ü Definir zonas de sistemas agrícolas, os riscos
associados, sua produtividade, variabilidade, para o desenvolvimento de modelos
produtivos para a produção alimentares.
ü Realizar investigação aplicada e adaptativa sobre tecnologias
e conhecimentos para fornecer resultados imediatos no aumento de produtividade.
ü Reforçar a capacidade de investigação através da provisão
de infra-estruturas e equipamento para uma investigação científica nas regiões
agro-ecológicas.
ü Meio para o desenvolvimento de plantas terrestre, fonte
de recursos minerais e matéria orgânica, para a produção de alimentos e fibras
ü Suporte a estruturas e infra-estruturas
CONCLUSÃO
Finalmente a constituição
do solo de Moçambique é variável o que faz com que os solos não sejam
homogéneo. De acordo com a sua localização geográfica e astronómica, o nosso
país possui uma grande variedade de solos típicos das regiões tropicais e
subtropicais. De uma maneira geral na composição mineralógica dos solos
Moçambicanos predominam materiais ferruginosos e aluminosos, sendo por isso,
considerados pedalfericos ou feraliticos. Estas abundâncias de materiais
ferruginosos e aluminusos, é fruto da resistência destes elementos aos
processos de desagregação das rochas-mãe em condições climáticas de regime
tropical. Moçambique possui uma grande variedade de solos típicos das regiões
tropicais e subtropicais.
Quanto ao tipo, as várias classificações tomam em conta a
composição mineralógica dos solos; a cor, a origem, a idade e os processos
morfológicos e biológicos recentes.
Notei uma divergência no Marbut ao do Schokalsky quanto
ao tipo de solos, na qual o primeiro considera a existência de cinco grupos de
solos (lateriticos, vermelhos, negras, e claros), e no segundo considera a existência
de três grupos (solos do grupo de terras negras das pradarias, terras negras
das savanas áridas e castanho das estepes áridas)
Nos factores de distribuição espacial dos solos
moçambicanos, não é homogénea, visto que ela depende do tipo de clima, a rocha
predominante, vegetação, organismos vivos e o tempo de formação do mesmo sendo
que estes não actuam ao mesmo tempo em todo território.
Quanto à zona
agro-ecológica ou climáticas, percebi que são áreas com características
naturais específicas e que as tornam particulares para o desenvolvimento de
certas actividades agro-pecuárias, e que elas são usadas como meio para
definição de políticas e estratégias de desenvolvimento do sector agro-pecuário
do país e de outros programas de desenvolvimento rural.
Finalmente, o homem exerce grande influência na alteração
e criação de zonas pedológicas através da sua acção de devastação da vegetação
e de cultivo de plantas, d adubação, de irrigação, de drenagem, construção de
terraços e outras obras e técnicas agrícolas.
BIBLIOGRAFIA
AZEVEDO, A. L. COSTA, J. V. Botelho
Da; -1947- Relatório do Trabalho de
Campo. Missão Agrologica a Angola (1946). Dactilografado. Lisboa.
CARVALHO Mário de “Agricultura
Tradicional de Moçambique” – 1970
ENDEREÇO Electrónico, www.google.com
GODINHO. 1970. Agricultura tradicional de Moçambique
INIA/DTA Zonas Agro-Ecológicas-1993.
MINED (1986); Atlas
Geográfico. Vol 1. 2ª Ed. Revista Actualizada; Maputo
MUCHANGO, Aniceto Dos (1999); Paisagem
e Regiões Naturais de Moçambique; Maputo,
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